Padre Eli Chaves Congregação da Missão, Superior Provincial da Província do Rio de Janeiro.
Novamente, o Natal e seus muitos e tradicionais ritos, sentimentos e práticas de sempre!… E parece que, para muitas pessoas, o Natal vai ficando cada vez mais uma festa muito repetitiva, artificial, consumista e esvaziada de seu sentido mais original e profundo!…
Quer tornar a celebração do seu Natal uma experiência sempre nova, alegre, cheia de vida e de seu autêntico sentido humano e evangélico? Então, acolha a proposta do Dia Mundial dos pobres deste ano: “Nunca afaste de algum pobre o seu olhar”!
Sim, não desviar o olhar das pessoas pobres em sua realidade concreta, superando todo tipo de insensibilidade, de medo, de indiferença e de descarte! Esta atitude é fundamental para experimentar o autêntico sentido do natal. O fixar o olhar no Pobre nos remete para o essencial do Natal, para a origem mais genuína de nossa fé: o encontro com o Menino nascido pobre na manjedoura! Jesus não quis nascer num palácio, cheio de pompa e glória. Nasceu num estábulo, pobre, no desconforto e na insegurança de uma manjedoura. Seus pais eram pobres operários. Ele mesmo viveu pobremente, com seu olhar, coração e agir totalmente comprometidos com as multidões empobrecidas e sofridas.
No Menino nascido pobre na manjedoura, se manifesta a eterna jovialidade de nosso Deus, que, em sua ternura e misericórdia, assume o lado, a dor e o grito dos pobres, em prol de vida digna, humana e justa para todos. Na pobreza e na fragilidade de uma criança, Deus revela que há uma dignidade divina em todas as pessoas. No Menino pobre na manjedoura, Deus mesmo se fez humano para revelar seu amor compassivo, resgatar a dignidade dos seus filhos e filhas, transformar a vida no amor e na justiça e tornar divinas todas as pessoas.
O olhar voltado para os Pobres de hoje nos leva ao próprio Jesus, o Divino Pobre, que nasce e vive neles, que quer ser descoberto e amado neles, e que nos chama a abrir os olhos e corações à “pobreza que permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar e acolher o grito cada vez mais forte dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade”.
Com o olhar e o coração voltados para os Pobres e neles contemplando o Menino na manjedoura, o Natal deixa de ser uma simples memória de uma história passada e, muito menos, uma celebração cheia de práticas e desejos de simples bem-estar pessoal e de consumo materialista. E o Natal passa a ser experimentado como expressão máxima do amor compassivo de Deus que, ontem, hoje e sempre, vê, desce e abraça seu povo oprimido, para uma vida nova, na justiça, na paz e no amor.
No atual “momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres” e onde “a realidade virtual sobrepõe-se à vida real”, somos desafiados a olhar os Pobres, a transfigurar nosso olhar e nosso coração na luz do Menino da Manjedoura e assumir a fraterna e solidária atitude de servi-los, ser seus amigos, escutá-los, compreendê-los e acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles (cf. EG, 198). E, assim, possamos ter um verdadeiro “Feliz Natal”!…