Natal do Senhor: um convite à esperança em tempos sombrios

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“Peço a Nosso Senhor que este novo ano vos seja um ano de graça. Que ele
faça frutificar abundantemente vosso coração e vossa família em bênçãos
e que ele conserve esses frutos até a eternidade” (SV, VI, 153)

Pe. Emanoel Bedê, C.M.

A cada ano o tempo do advento nos convida a reavivar na fé na expectativa pela chegada do Messias, por isso, é fundamental preparar a vida, a família, o coração para se tornarem a manjedoura amorosa para acolher o menino Deus. Em meio ao cenário sombrio de insegurança e incerteza, de medo e angústia imposto pela mordaz pandemia do novo coronavírus (COVID-19), vivido como uma noite prolongada que não quer ter fim, que insiste em não dá lugar à aurora tão ansiada pela vida, somos convidados a revigorar a fé no Verbo encarnado, no Deus que caminha conosco, no amor imenso que o Senhor tem pela humanidade, pois, apesar de nossa pobreza e misérias, sabemos que somos amados, visitados e acompanhados por Ele.


Celebrar o Natal do Senhor é, antes de tudo, celebrar o mistério da e encarnação de Deus em nossa vida e em nossa história; é um mistério que nos convida a renovar a esperança, virtude identitária de todo cristão, contra tudo que possa vir a desfigurar o mundo.

Não parece, mas, em 2020 vamos, sim, celebrar o Natal de nosso Senhor:
arrume sua casa, prepare os festejos, convidemos o amor e ajustiça para se assentarem conosco à ceia, pois o Senhor vai chegar, Ele vem e, mesmo que aos olhos do mundo não seja notado, Ele é Deus: É o Deus conosco!!!!


“No Natal, Deus entrega-se totalmente a nós, oferecendo-nos o seu Filho, o único, que é toda sua alegria”, relembra-nos o Santo Padre, para nos fazer recordar, como afirma o Apóstolo: “Embora fosse de condição divina, não se apegou ciosamente a ser igual em natureza a Deus Pai. Porém, esvaziou-se de sua glória e assumiu a condição de um escravo, fazendo-se aos homens semelhante” (Fl s,6-8). Ou seja, Deus é humilde, fez-se pequenino e frágil por nós. O que aos olhos humanos parece ser paradoxal, pois na fragilidade do pequenino de Belém revela-nos a grandeza do amor divino, aos olhos da fé é mistério a ser contemplado e acolhido, pois Deus vem nos salvar e não encontra maneira melhor e mais eficaz de fazê-lo do que caminhar conosco, viver como nós, isto é, o Eterno invade o tempo efêmero da nossa fugaz existência e Deus assume nossa condição para redimi-la, como rezamos no Prefácio do Natal do Senhor III: “No momento em que vosso Filho assume a nossa fraqueza, a natureza humana recebe um incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos”.


Portanto, se você deseja encontrar a Deus, procure-o na humildade, procure-o na pobreza, procure-o, onde Ele está escondido: nos mais necessitados, nos doentes, nos esfomeados, nos encarcerados.


Seja nosso, o desejo de São Vicente, ao escrever ao Pe. Jean Martin, em 22/12/1656: “Espero que nos encontremos, juntos, aos pés do presépio, para suplicar-lhe nos atraia ao seu seguimento, em sua humilhação”. Eis aqui um dos pilares mais robustos da espiritualidade vicentina: “A humildade é o fundamento de toda perfeição evangélica e o nó de toda vida espiritual”.


Tenhamos, pois, as disposições interiores sinceras para que o Senhor nos encontre, de lâmpadas acesas, em estado de vigilância, para acolhermos em nosso meio “a eterna criança, o Deus que faltava”, aquele que nos amou primeiro e que sempre estará conosco.


Sintamo-nos, pois, convidados e atraídos a prostrarmo-nos diante do presépio e, no amor efetivo aos pobres, nos desejemos a todos: Feliz e Santo Natal!!

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