Desde 1872, ano em que foi fundada no Brasil, a Sociedade de São Vicente de Paulo tem deixado marcas profundas na vida das famílias que assiste. A mais importante delas, sem dúvida nenhuma, é a partilha espiritual que ocorre quando se encontram o socorrido e o membro da SSVP.
Artigos antigos publicados no Boletim Brasileiro, a revista oficial da SSVP, mostram que os primeiros confrades da Conferência São João Batista, na Lagoa, no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que buscavam alimentos e roupas para os desvalidos, procuravam desempenhar obras espirituais muito importantes junto aos assistidos da época. Havia, por exemplo, um pequeno escritório montado para evitar que casais se divorciassem.[1] Estava aí a preocupação clara da SSVP em manter o matrimônio indissolúvel, sinal da aliança e da fidelidade a Cristo[2].
De lá para cá esse cuidado evangelizador, graças a Deus, nunca deixou de estar presente nas inúmeras visitas realizadas em nome da SSVP. São muitos casamentos, batizados, eucaristias, unção dos enfermos proporcionados com o auxílio e o cuidado dos confrades e das consócias vicentinas. Sem falar nos terços e Missas promovidos junto com os assistidos. Até mesmo vocações sacerdotais são despertadas por esse bonito agir evangelizador da SSVP.
É muito bonito, por exemplo, consultar a regra da Sociedade de São Vicente de Paulo e ver a primeira frase da oração antes da visita: “Meu Jesus, ajudai-me no bem que, em Vosso Nome, desejo fazer”[3]. Sabemos, portanto, como vicentinos, que nossas ações junto ao sofredor são fruto da graça divina. Nossa atuação nunca é um fim, mas um simples meio, mero instrumento nas mãos de Deus.
É mais bonito ainda constatar a força dessa missão de evangelizar os Pobres, nos dada por Deus, quando, não raras vezes, o próprio assistido solicita a realização de orações em seu domicílio, pois reconhece nos lábios dos vicentinos a misericordiosa e poderosa Palavra de Deus.
Católica desde suas origens, a instituição preserva e segue todos os dogmas de fé estabelecidos pela Igreja. E é muito bom que seja assim, já que nos dias de hoje existe uma verdadeira perseguição ao modo cristão de ser. A Sociedade de São Vicente de Paulo, ao agir procurando aliviar o sofrimento material e espiritual dos desamparados, dá um testemunho contundente da vitalidade da fé católica e da força do Espírito Santo.
Cfd. Thiago Tibúrcio
Diretor Nacional de Comunicação da SSVP
Referências:
[1] Boletim Brasileiro da SSVP, edição nº 2, novembro de 1878.
[2] Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1650.
[3] Regra da SSVP, página 266. Item 2.7. Edição 2007.