O Projeto Banho Solidário Vicentino, desenvolvido pelo Conselho Central Santo Antônio, o primeiro do Brasil, comemorou no último dia 24 de junho, três anos de existência. Iniciado durante a pandemia, para atender às pessoas em situação de rua da cidade mineira de Juiz de Fora, o Projeto atingiu a marca de 8.567 banhos nesses três anos e é modelo para outras cidades do país.
Além do banho, os atendidos recebem roupa nova (incluindo roupas íntimas), alimentação, kits de higiene (com shampoo, condicionador, sabonete, escova de dentes, creme dental, absorvente para mulheres e produtos para fazer a barba para os homens). Mas, principalmente, todos recebem acolhimento humano.
A criação do trailer está intimamente ligada ao acolhimento humano característico dos vicentinos. “Em 2015, durante nossas atividades da Missão de levar alimentos às pessoas de situação de rua, fomos interpelados por uma assistida nos pedindo uma maneira de tomar banho. Aquilo suscitou o clamor dos Pobres dentro de nós, fomos estudar, pesquisar, elaboramos um projeto. Em 2019, com o projeto finalizado, participamos de um edital do Conselho Geral Internacional da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) e conseguimos o financiamento dos recursos. Viabilizamos a construção do trailer de banhos e começamos a funcionar efetivamente dia 24 de junho de 2020”, conta o confrade Vanderson Aparecido Gomes Magalhães, mais conhecido como Vandinho, coordenador geral do Conselho Central Santo Antônio e um dos idealizadores e coordenadores do projeto.
Vandinho explica que o chamado da assistida lhes fez refletir na vocação vicentina: “Nenhuma forma de caridade é estranha à SSVP. Olhar para as pessoas de situação de rua tem que ser uma prática vicentina também. Se um dos nossos pilares é o olhar para o Pobre, temos que entender a questão da pobreza em cada tempo e foi o que fizemos neste caso, atendendo e olhando com olhos de Caridade e Amor, o pedido de uma assistida”.
O trailer é composto por três cabines: uma para homens, uma para mulheres (ambas com chuveiro) e uma terceira para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida, com chuveiro e ducha higiênica, além de vaso sanitário (fixo e de louça). Uma rampa é acionada na entrada desta cabine, para acessibilidade com cadeira de rodas. “Além da necessidade do banho, esses assistidos precisavam de local para fazer a barba, ter uma troca de roupa depois da higienização, usar um banheiro limpo. Fomos pensando nisso, desenvolvendo o trailer, com o objetivo mesmo de olhar para essas pessoas que, na maioria das vezes, são invisíveis para a sociedade”, lembra o confrade.
Vandinho conta que nesses três anos de atividades, foram ofertados 8567 banhos, “com muito amor, com tantos exemplos e oportunidades, nos mostrando que Jesus age o tempo todo.
Com isso, temos as rotas, em que o trailler vai a pontos da cidade, e o plantão fixo na porta de nossa sede semanalmente, dando a dignidade a essas pessoas, com a oportunidade de se sentarem na mesa, para dialogar e escutar uma boa música, escolher as roupas, comer uma gostosa refeição, tomar um bom banho, rezar juntos, ouvi-los, e assim seguirem seus caminhos. Com o aumento da população em situação de rua foi preciso se ajustar criando um atendimento semanal da ação missionária vicentina
Depois da experiência do Banho Solidário em Juiz de Fora, o CNB abriu edital neste ano, no valor de até R$ 200 mil, para custear novos trailers ou espaços físicos para Banhos Solidários pelo país. “A cidade mineira de Ipatinga, São Paulo e Brasília foram contempladas. O projeto originado em Juiz de Fora é um exemplo prático de como estender as mãos aos Mestres e Senhores e ajudar na recuperação da dignidade dos Pobres, em especial daqueles que se encontram em situação de rua”, explica o presidente do Conselho, Márcio José da Silva.
E é exatamente este olhar de acolhimento, para aqueles que realmente estão à margem da sociedade, muitas vezes morando embaixo de marquises, sem apoio das autoridades e esquecidos pela sociedade, que o presidente do CNB quer espalhar com a viabilização de mais novas unidades do projeto.