Presidente do CNB fala sobre a Campanha da Fraternidade e os vicentinos

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O presidente do Conselho Nacional do Brasil (CNB), confrade Márcio José da Silva, soltou a Circular nº 15, tratando da Campanha da Fraternidade 2023 – Fraternidade e Fome. Nela, Márcio fala sobre o tema e sua ligação profunda com os vicentinos. Leia abaixo a circular na íntegra:

Campanha da Fraternidade 2023 – Fraternidade e Fome

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!

Daí lhes vós mesmos de comer
Mt 14,16

Neste ano a Igreja no Brasil, por meio da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, apresenta a Campanha da Fraternidade 2023, com o Tema: “Fraternidade e Fome” e o Lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer (MT 14,16)”; toda a dinâmica e reflexão da Campanha da Fraternidade 2023 nos provoca e nos estimula a viver o tempo da Quaresma sob a reflexão e gesto concreto de lutar “nós mesmos” contra a fome.

A Sociedade de São Vicente de Paulo, representada por suas Conferências Vicentinas, seus confrades e consócias, devem ser motivados pelo tema da campanha: “Fraternidade e Fome”, através das visitas aos Pobres, testemunhando as sutilezas da Caridade, quando poderão desvendar a mística que une estas duas palavras tão opostas, mas que juntas se completam como caminho de saciedade para os que vivem o flagelo da fome, pois só com a Fraternidade a Fome será eliminada entre os mais Pobres.

Cabe a todos nós, cristãos católicos, abraçar essa causa: “dar nós mesmos de comer a quem tem fome”, porém para nós, vicentinos e vicentinas, este compromisso com a causa da Fraternidade e Fome se torna ainda maior e mais desafiador, já que 33,1 milhões de pessoas, ou seja, 15,5% da população passa

fome em nosso país, vivendo à margem da pobreza extrema, privados do básico para ao menos se alimentar. Compete a nós, confrades e consócias, o testemunho de dar de comer a uma parcela destas pessoas, as quais fazem parte destes números estatísticos tão preocupantes, assustadores e vergonhosos.

Precisaremos, refletindo a Campanha da Fraternidade 2023, ir além do nosso trabalho vicentino cotidiano, pois precisaremos conquistar outras pessoas para este desafio, encantar essas pessoas com o carisma da Caridade Vicentina e fortalecer nossas Conferências para irmos cada vez mais e melhor aos Pobres, seja quem for, estejam onde estiverem.

Precisaremos romper com mecanismos e estruturas geradoras de pobreza, por isso, além da cesta de alimentos que mata a fome emergencialmente, precisaremos agir também contra o desemprego, contra a
evasão escolar, contra a falta de políticas sociais, contra as deficiências do sistema de saúde, contra a tibieza diante dos desafios, pois vencer a pobreza não é uma missão apenas da Igreja, do Poder Público e da Sociedade de São Vicente de Paulo, é também de todo cidadão de bem, amigos, familiares, colegas de
trabalho, comunidade em geral, inclusive os próprios Pobres.

Se a fraternidade tem o propósito de harmoniosamente unir pessoas em favor da mesma causa, e essa causa é a fome que precisa ser combatida diariamente, então meus amigos “vamos aos Pobres”, para que a
Caridade testemunhada pelo carisma vicentino através do “servir aos Pobres” seja um importante elemento nessa luta, pois a Caridade é o Amor, amor que vai ao encontro, amor que consola, amor que socorre, amor que supre e que dá vida.

Que o período da Quaresma, tempo de reflexão, penitência, e conversão espiritual em preparação para o mistério pascal, seja para nossa caminhada cristã também tempo de vencer as situações de morte que assolam os Pobres, para que possamos, no domingo de Páscoa, proclamar jubilosos: “Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia, aleluia!”.

Entre os compromissos do tempo quaresmal estão o jejum, a oração, a penitência e a esmola; a vivência destes compromissos nos dá sustentação para percorrer o caminho até o calvário da Paixão e Morte do nosso Senhor Jesus Cristo, por isso, é muito significativo o silêncio e a oração na sextafeira Santa, ou sexta-feira da Paixão, pois o nosso Senhor e Mestre Jesus, o Filho de Deus, entregou sua vida por nós, permitindo-Se experenciar também Ele a morte como sacrifício necessário para redenção dos pecados da humanidade.

Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: “Tenho sede”. Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca. Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: “Tudo está consumado”. Inclinou a cabeça e entregou o espírito. (João 19, 28-30)

O Sábado Santo é um outro tempo de espera silenciosa, orante e triste, não temos entre nós nosso Salvador, pois o nosso Cristo não está entre nós. Esse é o dia que Maria, mãe de Jesus, como Nossa Senhora das Dores, recebeu também o título de “Nossa Senhora da Solidão”, assim como Jesus teve o lado transpassado por uma lança, o coração de Mãe de Maria também é transpassado pela espada da dor e inundado pelo sentimento de tristeza e solidão de seu luto.

Portanto todos nós nos unimos a Maria para também viver esse dia de luto e tristeza no silencio da esperança. Este também é conhecido como dia em que Jesus desceu à mansão dos mortos e de lá libertou do pecado todos que jaziam sem esperança da misericórdia por seus erros e pecados passados.

“Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma”. (Lucas 2, 34-35)


Por fim poderemos celebrar com alegria o Domingo de Páscoa, Domingo da Ressurreição, Domingo da vitória da vida sobre a morte, poderemos todos proclamar por todo canto: “Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia, aleluia!”.

Neste dia e nas celebrações que vão acontecer após vivermos, no silencio e na oração, a Quaresma Penitencial, a Paixão e Morte do Cristo, o Luto no Sábado Santo, finalmente Cristo ressuscita e vai ao encontro de seus amigos, ainda que Tomé tenha que tocar para crer, Ele reina pleno sobre o mal e a morte, nos prometendo a vida eterna junto de Deus, indo adiante preparar muitas moradas, estando sentado à direita de Deus Pai todo Poderoso. Que magnifica promessa, vivamos como servidores dos Pobres, dando-lhes nós mesmos de comer na esperança de contemplar o rosto de Cristo no Reino do Céu. Depois disse a Tomé: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos.
Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé”. (João 20, 27)


“Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e vos tomarei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou. (João 14, 1-4)
Mas o anjo disse às mulheres: “Não temais! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Não está aqui: ressuscitou como disse. Vinde e
vede o lugar em que ele repousou. Ide depressa e dizei aos discípulos
que ele ressuscitou dos mortos. Ele vos precede na Galileia. Lá o haveis de rever, eu vo-lo disse”. Elas se afastaram prontamente do túmulo com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria, e correram a dar a Boa-Nova aos discípulos. (Mateus 28, 5-8)

Estimados Irmãos de caminhada vicentina, Consócias e Confrades do nosso Brasil, avizinha-se um Tempo de busca por santidade e, para bem viver esse Tempo que contempla a Quaresma, Semana Santa e Domingo da Páscoa, vamos testemunhar com nossas vidas a proposta da Campanha da Fraternidade a todos nós, que é uma ordem de Cristo e que deve ecoar em nossas ações como Igreja e como servidores de nossos Mestres e Senhores , os Pobres, “dar de comer a quem tem fome”, fome de alimentos, de justiça social, de dignidade humana e de oportunidades, em todas estas fomes, demos nós mesmos a eles o que os saciem em suas necessidades.

Mas ele respondeu-lhes: “Dai-lhes vós mesmos de comer”.
Replicaram-lhe: “Iremos comprar duzentos denários de pão para
dar-lhes de comer?”. Ele perguntou-lhes: “Quantos pães tendes? Ide
ver”. Depois de se terem informado, disseram: “Cinco, e dois peixes”.
Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva
verde. E assentaram-se em grupos de cem e de cinquenta. Então,
tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu,
abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que lhos
distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes. Todos comeram
e ficaram fartos. Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de
pedaços, e os restos dos peixes. Foram cinco mil os homens que
haviam comido daqueles pães. (Marcos 6, 37-44)

Acreditemos que juntos faremos o milagre da multiplicação
acontecer na vida dos Pobres. Uma santa e abençoada Quaresma, Semana Santa
e Páscoa a todos.
Fraternalmente,

Márcio José da Silva

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