Nesta terça, 31, é relembrada a Visitação de Nossa Senhora a Isabel

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A Visitação é o encontro entre a jovem mãe, Maria, a serva do Senhor, e a anciã Isabel, símbolo de Israel que espera. A solicitude carinhosa de Maria com o seu caminhar apressado (Lc 1,39) exprime o gesto de caridade e o anúncio de que os tempos se cumpriram. João que estremece no seio materno inicia desde já sua missão de percussor.

A Visitação de Nossa Senhora recorda o mistério da encarnação de Senhor. As festas e solenidades marianas são oportunidades de fazer memória ao mistério da salvação. Santo Agostinho afirma que ‘tudo que falamos de Maria é por causa de Jesus’, Deus encarnado. Ao que diz respeito à encarnação de Deus na história humana, “Deus criou tudo sem nós, mas não nos salvará sem nós”, sem a fé em sua graça misericordiosa, sem se abrir a este mistério para, como Maria, encher-se de Deus e repetir: “faça-se em mim segundo a vossa Palavra”. Deus quis fazer morada entre nós e desejou a participação humana e, pelo sim de Maria, veio habitar entre nós.

Em Lumen Gentium lê-se que “desde os remotos tempos a Bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de Mãe de Deus, sob proteção os fiéis se refugiam súplices em todos os seus perigos e necessidades”. Por isso, a partir do Concílio de Éfeso, o culto do povo de Deus à Maria cresceu em veneração, amor, invocações e desejos de imitação. Segundo as suas próprias palavras proféticas: “Eis que me chamarão bem-aventurada todas as gerações, porque fez em mim grandes coisas aquele que é Todo-Poderoso” (LG, 66).

Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,45), diante disso, não há dúvidas de que a felicidade de Maria é fazer a vontade do Senhor, feliz e bem-aventurada. Diferentemente de Zacarias, esposo de Isabel, Maria acreditou e apostou tudo naquele projeto. Santo Agostinho ajuda a entender melhor este mistério: “antes de conceber Deus no ventre, Maria O concebeu em seu coração”. Ou seja, antes de ser mãe, ela foi serva obediente, ou melhor, discípula do Senhor e aceitou se lançar na jornada da fé, pondo a mão no arado sem olhar para trás, apostando tudo na promessa do anjo: “eis aqui a serva do senhor”!

Lembremos também as belas palavras de São Beda, O venerável: “Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a grandeza como dom daquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes”.

O padre Francisco Carvajal, religioso espanhol, auxilia na compreensão e significado desta festa para a Igreja: “A festa de hoje, instituída por Urbano VI em 1389, situa-se entre a Anunciação do Senhor e o nascimento de João Batista, de acordo com o relato evangélico. Comemora-se a Visita de Nossa Senhora à sua prima, Santa Isabel, já avançada em idade, para ajudá-la na esperança da sua maternidade, e, ao mesmo tempo, para partilhar com ela o júbilo das maravilhas realizadas por Deus em ambas. Esta festa da Virgem, com a qual terminamos o mês que lhe é dedicado, manifesta-nos a sua ação medianeira, o seu espírito de serviço e a sua profunda humildade. Ensina-nos a levar a alegria cristã aos lugares aonde vamos. Como Maria, temos de ser causa de alegria para os outros”.

Dos detalhes do relato bíblico do Evangelho de Lucas é possível retirar muitas intuições para iluminar a prática vicentina de cuidado dos Pobres de Deus. Entre eles, Maria ao saber da gravidez de sua prima, se sensibiliza com a notícia e, mesmo sem ser solicitada por Isabel, se coloca a caminho da casa de sua parenta e por lá permanece seis meses. Ninguém obriga Maria a esse gesto. Apesar de precisar se preparar para a chegada deu seu próprio filho, o Messias, Maria põe-se a caminho para ajudar sua prima. 

Ainda, no relato, é possível notar como a casa e a vida do casal de idosos, Isabel e Zacarias, se transformam com a presença de Maria e de Jesus, ou seja, onde quer que esteja a “cheia de graça” tudo fica repleto de alegria. Assim também devem ser as visitas aos Pobres, sempre levando a alegria do Evangelho da justiça e da graça. É dever dos vicentinos serem portadores de Deus, encharcados do amor do Senhor para cantar com os Pobres o mesmo hino que Maria cantou: “O Senhor fez em mim maravilhas e Santo é o Seu nome! Por isso, o Magnificat é “o cântico dos tempos messiânicos, onde confluem a alegria do antigo e do novo Israel” (Paulo VI).

Hoje, ao encerrar este Mês Mariano, a vida e os gestos de Maria de Nazaré, sua atitude de serviço humilde e de amor desinteressado pelos que se encontram em necessidade,  inspirem a vocação na Igreja e na Sociedade de São Vicente de Paulo. Como afirma o Pe. Carvajal, “Maria convida-nos sempre à entrega pronta, alegre e simples aos outros. Maria leva a alegria ao lar de sua prima, porque “leva” Cristo”.  E a SSVP “leva” Cristo por onde vai, com alegria, seja ao trabalho, aos vizinhos ou a um doente.

O aprendizado do dia é que cada encontro com Maria representa um novo encontro com Jesus, para não nos esquecermos da certeza de que “Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus”.

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