Da Cruz à Vida, Bênção e Salvação

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Na Sexta-feira Santa, os cristãos dirigem seus corações à paixão e morte de Jesus na cruz, reconhecendo nesse evento o ápice do amor divino e a fonte da salvação para toda a humanidade. Em suas reflexões sobre este dia sagrado, o Padre Eli Chaves dos Santos, da Congregação da Missão, nos convida a contemplar a profundidade do sacrifício de Cristo e a sua significância transformadora.

Confira:

“O caminho de Jesus é o do amor fiel até ao fim, até ao sacrifício da vida: é o caminho da cruz. Por isso, o caminho da fé passa pela cruz” (Papa Francisco).

Sexta-feira da Paixão, para os cristãos, dia da celebração da paixão e morte de Jesus na cruz! Dia para celebrar o testemunho de Jesus, de amor fiel até o fim! Dia para afirmar que, mesmo na dor extrema, Ele assumiu a cruz com liberdade, foi obediente ao projeto de amor do Pai e revelou seu amor incondicional por nós! 

Na Sexta-feira Santa, recordamos o Filho do Homem, aquele que, segundo palavras do profeta Isaias, “foi considerado a escória da humanidade, o homem das dores, pessoa desprezível, castigada, humilhada e ferida por Deus”. Recordamos que Jesus simplesmente não morreu, mas foi morto, assassinado, crucificado numa cruz, instrumento de tortura e desonra para os criminosos. 

Foi morto pelas autoridades religiosas e pelo poder político, em consequência de sua prática libertadora e de sua mensagem que revelava Deus como Pai de infinita bondade e de ilimitada misericórdia que incluía a todos até “os ingratos e maus” e que nos chama a buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça.

A cruz representa destruição e morte violenta, humilhação e fracasso. “A cruz pela cruz, diz G. Rúbio, não passa de uma maldição. Salvadora é a vida de Jesus”. Na cruz, Jesus sintetiza e revela sua vida de total entrega de amor a Deus e às pessoas, revela-se um Deus humilde, paciente e solidário ao sofrimento humano e a todas as suas limitações, dores e angústias. Não responde ao mal com o mal, mas toma sobre si todos os pecados e crimes humanos. Jesus mostra-se um Deus identificado com todos os sofredores e todas as vítimas de todos os tempos.

Servo justo e sofredor, no alto da cruz, Jesus temeu a morte, sofreu terrivelmente e gritou: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Um grito de dor e desespero, mas que, na acolhida ao desígnio de amor do Pai, foi transformado em grito de confiança e esperança no Deus da Vida e do Amor. Jesus, em seu grito de dor e confiança, recolhe todos os gritos humanos e, na fidelidade absoluta ao amor do Pai, sela a nova aliança e vence as forças do pecado que conspiram contra a vida, contra o Reino de Deus. 

Hoje a morte de Jesus segue acontecendo; a paixão de Cristo se atualiza na paixão do mundo, nos milhões e milhões de sofredores, vítimas de todos os tipos de fraquezas e pecados humanos, de violências e injustiças, de negação da dignidade da vida e de desrespeito à criação. As cruzes continuam semeando dor e morte. 

O mal não foi eliminado, mas, no testemunho de Jesus na cruz, foi transformado em bem, e a cruz se torna a suprema lei do amor. A partir dela Jesus quebra as algemas do pecado e do mal, faz irromper a vida nova, justa e fraterna conforme o projeto de Deus. Jesus transfigura a cruz em boa nova de misericórdia e de salvação.

No seguimento de Jesus, seus discípulos são chamados a tomar a cruz. Não como sinal de conformismo com o sofrimento e o mal, nem como atitude de resignação e passividade diante dos sofrimentos, injustiças e situações de morte criadas pelos seres humanos. Abraçar a cruz de Cristo significa seguir os passos do “Senhor dos Passos”, sua prática e seus ensinamentos, Diante das cruzes da vida, acreditar sempre, lutar sempre na confiança do amor de Deus, caminhar sempre na força transformadora do amor!  Confiantes no amor de Cristo, não fugir das cruzes, mas assumi-las, resistir com bravura, fé e esperança e agir sem cessar na construção um mundo de justiça, de paz e de amor. 

 “Na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Esse é o bem que Jesus realiza por todos nós sobre o trono da cruz” (Papa Francisco).

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