Campanha para Reforma de casas das 23 Vilas Vicentinas no agreste de Pernambuco é lançada

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Ter uma casa para poder se sentir em um verdadeiro lar. Esse era o desejo da costureira Maria José da Silva, de 58 anos, moradora de Bonito, no agreste Pernambucano. Sem conseguir pagar um aluguel para morar sozinha, foi buscar abrigo na casa da filha e do genro. Mas ela não se sentia em casa e apesar de todo o carinho e recepção, sentia que estava incomodando o casal, que tem pouco tempo de matrimônio.

“Sempre fui muito bem acolhida, mas eles são casal novo, sentia que eu poderia atrapalhar. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia pagar um aluguel sozinha. Daí uma irmã minha que mora na Vila me perguntou se eu não queria ir para lá e eu quis”, conta Mazé, como é carinhosamente chamada. 

A Vila a qual Mazé se refere é a “Nossa Senhora das Dores”, uma das 23 construídas e cuidadas pelos vicentinos na cidade de Caruaru e região. “Quando a Sociedade de São Vicente de Paulo chegou na região era costume construir uma vila para poder fundar uma Conferência, que no começo acolhia apenas idosos, pois não tínhamos lares nas localidades onde foram erguidas as vilas”, conta o presidente do Conselho Metropolitano de Recife e Olinda, Ivaldo de Moura Evangelista.

E foi assim, através da ideia de sua irmã, que Mazé entrou em contato com os vicentinos. “No ano passado tinha uma casa lá na Vila da minha irmã em que eu poderia morar, pagando um aluguel simbólico, mas ela precisava de reformas. Então, os vicentinos tinham as portas, cimento e alguns outros materiais. Eu consegui ajuda da família para colocar a cerâmica que eu queria, arrumar o teto. Sabe a casa não é minha, mas fiz empréstimo para deixá-la bonita e com o meu jeitinho”, lembra ela feliz.

Mazé conta ainda que se não fosse por essa ajuda vicentina, não conseguiria morar na sua “própria” casa. “Se eu não estivesse na Vila, estaria morando com uma das minhas filhas, porque não teria condições de pagar um aluguel normal. Como fiz o empréstimo, os administradores não estão me cobrando aluguel ainda. Mas quando acabar, faço questão de pagar, o que hoje é um valor de R$ 88,00”, diz.

A costureira hoje está orgulhosa do lugar em que mora e não se arrepende por nenhum segundo de ter feito a reforma. “A gente precisa cuidar, mesmo não sendo nosso. A gente pode ir fazendo aos pouquinhos, com ajuda dos vicentinos, amigos, assim deixa do nosso jeito, para poder receber os amigos, a família. E se a minha casa está assim, as outras podem ficar também. Eu me sinto muito bem na minha casa, conto as horas para voltar para ela. Na vila encontrei a paz, o sossego e vizinhos que são todos por um, uma verdadeira família”, finaliza.

Mazé feliz em sua casa reformada

Campanha
E é exatamente esse cuidado que Mazé teve com sua casa na Vila, que os vicentinos querem levar para as demais casas das 23 Vilas do agreste de Pernambuco.  Hoje as 23 Vilas Vicentinas do estado atendem 282 famílias, tendo 413 moradores. Dessas famílias, 102 são assistidas pelas Conferências do Conselho Central de Caruru. São 364 casas no total e, infelizmente, por falta de condições, 82 estão interditadas, sem poder abrigar famílias que tanto preciso. 

Para mudar essa realidade e transformar a reforma da casa de Mazé numa realidade para as demais, o Conselho Metropolitano de Olinda e Recife e o Conselho Central de Caruaru estão fazendo uma campanha de arrecadação de fundos. “Por muitos anos, as casas das nossas Vilas foram usadas pelos idosos, assistidos, que não conseguiam ou não fizeram a manutenção. Para nós, é impossível financeiramente fazer todos os ajustes e melhorias que precisam. São problemas estruturais, de fiação, hidráulica, pintura e outros desgastes do tempo. Por isso, estamos pedindo a ajuda de toda a sociedade, inclusive dos vicentinos do Brasil todo para podermos levar moradia com dignidade para essas famílias”, explica Ivaldo de Moura Evangelista, presidente do CM. 

De acordo com o presidente do Conselho Central, Joelmir Bezerra de Morais, toda a administração burocrática das Vilas é feita pelo Conselho, enquanto a avaliação das pessoas beneficiadas pelas casas fica ao encargo das Conferências. “O aluguel social gira em torno de R$ 88,00 para famílias que têm renda de até um salário mínimo, o que é um valor muito baixo para mantermos tudo, inclusive os funcionários que administram as Vilas. Existem casos em que a cessão é 100% gratuita, devido às particularidades dos moradores. Por isso, precisamos de ajuda de todos, vicentinos ou não, moradores daqui ou de qualquer lugar do nosso país, e porque não de fora? Mais de 80 casas estão fechadas por não conseguirmos reformar. Temos alguns materiais, mas precisamos comprar outros e contratar mão de obra qualificada”, afirma ele, lembrando que um aluguel nessas cidades é em torno de R$ 500.

Quem quiser ajudar, o Conselho Central de Caruaru disponibilizou um PIX para receber as doações (chave – CNPJ 10.151.025/0001-40 – Caixa Econômica Federal). 

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