O novo presidente do Conselho Nacional do Brasil, Márcio José da Silva, tomou posse no último dia 9 de janeiro. Na cerimônia, ele falou muito sobre a importância da vocação vicentina e do lema de seu mandato: “SER VICENTINO: UMA VOCAÇÃO Vivida na Conferência e Junto aos Pobres”. Ao conhecer sua história dentro da SSVP fica claro os motivos da escolha. O confrade Márcio é um vocacionado e disse seu SIM por amor. Amor aos Pobres, amor à entidade, amor aos confrades e consócias. Juntos, vamos conhecer um pouco dessa história.
Em 1986, aos nove anos, o pequeno Márcio foi levado pelo avô, Paulo Thomaz de Miranda, a um encontro de jovens vicentinos no Rancho Pacola, na cidade Cambé, no Paraná. “Lá tinha um Padre que fazia esses encontros, o Padre Salvador, já falecido, que tinha uma congregação de surdos e mudos. Foi lá que fui tocado e na semana seguinte já comecei a participar de uma Conferência que reuniu 45 jovens que estavam no encontro. No dia 14 de fevereiro de 1986, eu entrei numa Conferência vicentina”, lembra o confrade.
E já nessa época, o nosso presidente mostrava sua vocação. “Já participei de sete Conferências na cidade de Cambé/PR, sendo elas São Lucas, São Marcos, São Francisco de Sales, São Cristófaro, São Tobias, Santa Luísa de Marillac e há seis anos estou na Conferências Santo Antônio. Passei por algumas destas Conferências para fazer missão, pois conforme elas enfraqueciam na quantidade de membros, eu me transferia para elas para poder ajudar a levantar o número de participantes. Nestas Conferências estive como secretário, tesoureiro e segundo secretário.
Essa vontade de ver as Conferências crescerem e o trabalho feito começou a ganhar notoriedade. “Fui convidado pelo confrade Antônio Lopes para assumir o Conselho Particular de Cambé, e assumi em 1º de dezembro de 1996 e saí em 4 de maio de 2000. Em 2005, voltei a ser presidente, ficando apenas dois anos, pois assumi o Conselho Metropolitano de Curitiba”, conta.
O confrade Márcio ocupou diversos cargos dentro da Sociedade, só não tendo sido presidente de Conferência. “Fui presidente de CC, CM, CP e agora do CNB. Fui coordenador da Ecafo, de CC, CM, de Jovens, vice-regional para Região 3”, enumera. O presidente destaca que mais importante do que os cargos que ocupou está sua vocação: “Acima de tudo isso, sou um vocacionado vicentino, estou na minha base, na Conferência Santo Antônio, a primeira de Cambé. Ela data de 13 de maio de 1945 e ficou desativada por oito anos. Em 2015, montei um grupo, reativei a Conferência e estou nela até hoje. Só gostaria de destacar que de nada valeriam os cargos se eu não tivesse uma participação efetiva na minha base, na minha Conferência e se eu não tivesse uma vida de visita à casa do pobre. Nossa espiritualidade é a ação”, explica.
A família sempre foi um alicerce para Márcio dentro da SSVP. Ele foi levado pelo avô à Conferência e vê, até hoje, a participação de outros membros na Sociedade. “Minha família é uma família vicentina. Minha mãe, minha irmã, meu irmão e meu sobrinho são vicentinos. Todos participam da minha Conferência, com outros dois casais que não são da família”, relata.
A chegada à presidência do CNB aconteceu quase que de maneira natural, como Missão, devido aos 34 anos dedicados à SSVP e aos cargos que já havia ocupado, inclusive no Conselho. “Sou vicentino há 34 anos, desde os nove anos de idade, cresci no meio de uma família tradicionalmente vicentina e desde muito cedo convivi de perto com as angústias e sofrimentos dos mais Pobres. Assim, convivi, desde criança, com a necessidade e a possibilidade de se praticar a verdadeira Caridade, amando, servindo e me doando em favor dos mais necessitados. Na caminhada vicentina sempre me coloquei à disposição da SSVP, nunca esquecendo o trabalho principal, que é a visita frequente às Famílias Assistidas e a participação ativa nas reuniões e demais atividades da Conferência, nas quais tive a oportunidade de ocupar inúmeros cargos, além de ocupar cargos no Conselho Particular, Conselho Central, Conselho Metropolitano, e no Conselho Nacional do Brasil, sendo que o meu “SIM” sempre partiu do amor e respeito por nossa SSVP, e principalmente porque quando nos dispomos aceitar algum cargo na direção das Unidades Vicentinas estamos de alguma forma trabalhando a serviço dos mais Pobres, sejam eles os assistidos de nossas Conferências ou os internos e atendidos em nossas Obras Unidas.”, define.
O confrade segue ressaltando: “Sem pessoas dispostas assumir as responsabilidades dos cargos de direção de nossas Unidades Vicentinas, não existiriam as Obras Unidas, os Conselhos e as Conferências, não teríamos direcionamento e nem poderíamos manter certas Unidades funcionando diante das Leis vigentes. Depois desta vasta caminhada pela SSVP, principalmente por todo o país a serviço do Conselho Nacional do Brasil, adquiri conhecimento, capacitação, aprendizado e entendimento para compreender que diante da possibilidade de me candidatar à presidência do Conselho Nacional do Brasil, não posso me omitir de, ao menos, colocar meu nome à disposição e diante do chamado de Deus dizer conscientemente: ‘Eis me aqui Senhor…’; desejo fielmente, doar-me dia e noite ao trabalho para, cada vez mais, fazer da SSVP uma Entidade forte, unida, cumpridora de seus deveres legais, organizada, estruturada, e principalmente motivada nas bases para o serviço aos Assistidos, nossa principal Missão. Meu sonho, e espero tornar-se realidade, é continuar colocando-me à disposição e ao serviço dos nossos Confrades e Consócias enquanto lideranças para que tenham orientação, formação e suporte necessário para que desenvolvam suas atividades com tranquilidade, segurança e responsabilidade. Minha motivação se alicerça nos pilares de uma SSVP sólida e próspera, atuando em sintonia com as leis do País, mas principalmente com a Lei da Sagrada Escritura que nos pede a todo instante para amar, servir e cuidar dos mais Pobres (Mt, 25, 31-46).”
O lema escolhido para sua gestão, então, não poderia ser outro além da vocação vicentina, que é o que define tão bem a trajetória do confrade Márcio na SSVP: “A ideia central é lembrar algo crucial na nossa vida de vicentinos: primeiro, que somos VOCACIONADOS, não meros voluntários. O voluntário é aquele dispõe parte de seu tempo para a SSVP, mas na hora que ele quer, se ele quiser fazer, o dia que optar por isso. Pode, até mesmo, não fazer. Enfim, seu compromisso, embora importantíssimo, é superficial. Com o vicentino, enquanto membro ativo da SSVP, se dá algo mais complexo e mais intenso que o voluntarismo: é o que chamamos de vocação. Vocação é um chamado de Deus a uma determinada pessoa. Quando se alcança a dádiva de ouvir a Deus, dizemos sim à oportunidade de dedicar nossos próprios dons a um bem maior. E essa é a vida dos vicentinos: são vocacionados que se empenham no apoio a indivíduos, famílias e grupos sociais marginalizados, através de ações variadas onde se privilegia o contato pessoal e direto e a visita domiciliar, não só com intuito de aliviar a miséria material e moral, mas também a descobrir e solucionar as suas causas”, enumera.
Ele segue sua explicação: “Segundo, que essa vocação é vivida, primordialmente, nas Conferências e, por consequência, junto aos Pobres. Na SSVP não há outra forma de ser vicentino a não ser participando de uma Conferência. Semanalmente, não a cada 15 dias ou apenas uma vez por mês. Tem se observado, com angústia e tristeza, que essas normas têm ficado deixadas de lado, prejudicando a força da SSVP e a união dos vicentinos. E, também, a sistemática de visitar famílias assistidas: as Conferências devem visitar semanalmente cada família assistida a fim de evangelizar, instruir como solucionar os problemas que lhes causam a pobreza e acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos. Como já disse o objetivo maior da prática da caridade é promover os assistidos, isto é, prestar um socorro temporário. E nesse período auxiliar as famílias a recuperarem sua dignidade humana. Essa sistemática da SSVP é consagrada e já é usado a quase 200 anos no mundo e 150 n0 Brasil. O que o mandato 2022/2026 quer com seu lema é lembrar tudo isso, então SER VICENTINO: uma vocação vivida na Conferência e Junto aos Pobres”, diz.
Para finalizar, o confrade Márcio afirma saber que tem diversos desafios frente ao CNB, em cada área. Por isso, nomeou uma diretoria com vontade de trabalhar e criou, com eles, planos e projetos para cada setor. Três são os pilares desse trabalho: Estar a serviço e caminhar ao lado de todos: vicentinos, assistidos, benfeitores e sociedade civil em geral; Formar uma Diretoria de Conselho Nacional com pessoas experientes, com disponibilidade, dedicação e amor pela causa em cada segmento, de forma a se fazer disponível, acessível, presente e atuante junto aos Conselhos Metropolitanos, no sentido de conhecer suas dificuldades e limitações e, juntos, procurar e implementar respostas e soluções práticas para os desafios a serem enfrentados; e trabalhar em favor do fortalecimento de nossas Comissões e Departamentos, de forma que, com os investimentos necessários, possam melhor desenvolver suas atividades junto às bases, sempre com o apoio e a parceira dos Conselhos Metropolitanos, ou seja, Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanam (ECAFO), Conferências de Crianças e Adolescentes (CCA), Comissões de Jovens (CJ), Departamento de Normatização e Orientação (DENOR), Departamento de Comunicação (DECOM), Departamento Missionário (DM) e outras estruturas existentes, com propostas de trabalho pré-definidas, e voltadas a chegar até as bases por meio dos Conselhos Particulares, como elo principal entre as Conferências e as demais estruturas vicentinas;
Mas, acima de tudo, ele passar uma mensagem que jamais poderá ser esquecida: “Tenhamos em mente que tudo o que temos, seja na nossa Conferência, CP, CC, CM, Obras ou CNB, é dos nossos Mestres e Senhores, por isso quando eles precisam de ajuda temos que ajudar, não interessa se é no meu bairro, na minha cidade, em outro Estado, seja onde for o que temos é deles, tudo é SSVP. Então, ‘Levemos ao mundo este olhar de esperança. Levemo-lo com ternura aos pobres, sem os julgar. Porque lá, junto deles, está Jesus; porque lá, neles, está Jesus, que nos espera’”, finaliza.