A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 800 milhões de pessoas ainda sofrem devido à fome, com menos de um dólar e meio por dia. O problema da pobreza extrema tem se agravado ainda mais em regiões de conflitos, a exemplo de Síria, Iraque, República Centro-Africana, Nigéria e Paquistão. A Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) trabalha em 151 países no combate às misérias materiais e espirituais, tentando reduzir a quantidade de cidadãos financeiramente carentes, só que os recursos ainda não são suficientes para eliminar a pobreza do mapa mundial. Uma das formas de contribuir no processo é por meio da Coleta de Ozanam, que deve ser feita a partir da próxima segunda-feira (5), na semana que inclui o dia 9 de setembro, celebração litúrgica do bem-aventurado Antonio Frederico Ozanam, principal fundador da SSVP.
A coleta está prevista na Regra (artigo 69) e existe desde 1965. É uma doação pessoal feita por cada confrade e consócia do Brasil. O valor arrecadado pelas Conferências é enviado pelo Conselho Particular ao Conselho Nacional do Brasil, que o destina ao Conselho Geral Internacional (CGI) para a manutenção dos trabalhos dele, como para socorro a vítimas de catástrofes naturais ou outras situações de vulnerabilidade, tal como o crescente número de refugiados.
“Esta coleta tem um caráter especial, pois se trata do importante gesto de partilha que nós brasileiros temos a oportunidade de praticar para auxiliar o CGI em seu papel institucional e aos Pobres de outras partes do mundo, caracterizando desta forma uma expressão de unidade sonhada pelo confrade Antonio Frederico Ozanam, quando profeticamente disse que gostaria de reunir todo o mundo em uma rede de caridade”, enfatiza o confrade Valter José de Castro, primeiro tesoureiro do CNB.
Do valor obtido com a Coleta de Ozanam não se extrai a décima. No dia dela, não se faz a coleta tradicional, cujos recursos são destinados aos Pobres assistidos pela própria Conferência. O Conselho Particular, por meio de boleto próprio emitido pelo CNB, tem até o dia 31 de outubro para fazer o repasse de todo o valor arrecadado das Conferências vinculadas.
O tesoureiro reforça o pedido para que os vicentinos sejam generosos na hora da doação. “Na busca da nossa santificação, devemos pensar e agir sempre rumo a um progresso espiritual, que nos permita chegar ao ápice de fazermos a doação de nós mesmos, como o fez Cristo Jesus. Será que chegaremos a nos doar a nós mesmos se não somos capazes de doar aquilo que é meramente material?” E completa: “a Coleta de Ozanam se torna antes de tudo uma importante oportunidade em parâmetro material de praticarmos o desapego e a unidade. Sabemos que muitos vicentinos talvez não se encontrem em condições de fazer uma doação expressiva materialmente, mas sabemos também que muitos podem fazer mais do que o mínimo. A doação da viúva de que fala o Evangelho não foi a mais expressiva em termos de valor material, mas sem dúvida, foi a mais expressiva em termos de fé, pois ela doou tudo o que tinha”.
Sobre valores, o confrade Valter diz que não existe um mínimo. “O que de fato a coleta nos nos proporciona é uma oportunidade para expressar concretamente a nossa generosidade e um parâmetro de como pode estar o nosso crescimento espiritual”.
Resultado abaixo do esperado em 2015
O tesoureiro do CNB conta que existe um acordo do Brasil com o CGI de enviar anualmente uma quantia de 99 mil euros. No ano passado, a Coleta de Ozanam rendeu cerca de R$400 mil. Com o alto valor da moeda europeia, a arrecadação não foi suficiente para cumprir o concordato.
A quantia a ser repassada ao Conselho Internacional é definida de acordo com o que o Conselho Nacional tem condições de assumir, sendo que muitos países não contribuem com nada por falta de recursos. “Se observarmos que os últimos dados estatísticos apontam para um número de vicentinos brasileiros da ordem de mais de 150 mil membros, gostaria de pensar que se cada um doar o equivalente a 1 euro, teremos recursos suficientes para contribuir com o concordato anual e ter uma significativa sobra para auxiliar a SSVP no mundo nos momentos emergenciais”.
FONTE: DA REDAÇÃO DO SSVPBRASIL