No dia 10 de dezembro foi beatificada Isabel Cristina, a “flor vicentina”, no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG). O evento foi presidido pelo arcebispo emérito de Aparecida (SP), Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, e reuniu cerca de 10 mil fiéis, entre eles vários vicentinos. O Conselho Nacional do Brasil (CNB) foi representado pelo presidente Márcio José da Silva, a Vice-presidente Elizabete Maria Castro, e o presidente da Comissão de Jovens, Geyson Tôrres de Lima, acompanhado por representantes da juventude de todas as sete regiões do país. Isabel Cristina era filha de um vicentino, o que a aproxima ainda mais da SSVP.
No evento, após a leitura da solicitação da beatificação, foi proclamado um breve histórico de Isabel Cristina, desde sua infância até seu martírio. O Papa Francisco escreveu: “Através de nossa autoridade apostólica evidenciamos que a venerável serva de Deus Isabel Cristina, fiel leiga, mártir, alegre testemunha da caridade evangeliza pelos enfermos por amor de Cristo até a efusão do sangue defendeu sua virgindade e dignidade seja invocada de agora em diante com o nome de Beata Isabel Cristina e possa ser celebrada no dia 01º de setembro, dia em que ela nasceu para o céu.”
Após a leitura foi entoado o canto de glória e alegria pela beatificação e a exposição do quadro da beata. Isabel Cristina está segurando na mão direita os lírios-brancos, que são os símbolos de sua pureza e entrega a Deus. Na mão esquerda, repousada em seu peito, Isabel segura em seu dedo indicador o anel terço com a cruz, o sinal da sua fé em Cristo. O jardim ao fundo da imagem possui quinze rosas que demonstram a vida virtuosa na cidade de Barbacena e representam as quinze facadas ao qual recebeu em seu martírio.
O irmão da mais nova beata da Igreja católica, Paulo Roberto Mrad Campos, esteve na cerimônia com a esposa e as filhas e levou a relíquia até o altar, acompanhados por 20 jovens das paróquias de Barbacena. A entrada da Relíquia foi feita ao som do Hino de Isabel Cristina. Ouça o hino no link: https://www.youtube.com/watch?v=bi9pgXIpoCg
O Cardeal Raymundo Damasceno incensou o relicário e o bispo arquidiocesano Dom Airton manifestou sua gratidão por este momento tão importante para a Arquidiocese de Mariana.
Para o coordenador da Comissão de Jovens do CNB, Geyson, a beatificação foi um momento ímpar na vida da Igreja, mas, em particular, para a juventude vicentina do Brasil e do mundo. “É um exemplo para nos motivar a buscarmos sempre mais a santificação. É uma jovem próxima de nós, que viveu há poucos anos da nossa atualidade, viveu desafios semelhantes aos que vivemos hoje, tinha sonhos, anseios de vida. É uma de nós, no meio de nós, que chega à honra dos altares. Isso nos faz ver que a santidade é possível para todos, não é algo utópico. O exemplo de vida de Isabel Cristina nos inspira. Queremos assim propagar essa devoção, torna-la conhecida, para que muitas outras pessoas possam espelhar-se nela. A alegria de estarmos aqui na cidade de Barbacena e acompanhar essa beatificação, é indescritível. Podemos assim proclamar que, temos uma beata jovem, vicentina, brasileira e próxima de nós” relata.
A vida de Isabel Cristina
Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em 29 de julho de 1962, em Barbacena. Era filha de José Mendes Campos e Helena Mrad Campos, e tinha o grande desejo de fazer Medicina. Por isso, sem mudou, em 1982, para Juiz de Fora/MG, para fazer um curso pré-vestibular.
Era uma jovem como tantas outras de sua idade: estudava, namorava, participava de festas. Mas também era diferenciada: tinha uma vida de oração e sonhava ser pediatra para ajudar crianças carentes.
Era sensível, sobretudo com os mais Pobres, idosos e crianças, o que certamente aprendeu na família, que era vicentina. Na época, seu pai era presidente do Conselho Central de Barbacena.
A jovem foi brutalmente assassinada aos 20 anos em 1982, na cidade de Juiz de Fora, por um homem que montava um guarda-roupa no apartamento que vivia com o irmão e tentou violentá-la. Isabel resistiu e então foi espancada com uma cadeira, amarrada, amordaçada e teve suas roupas rasgadas. A jovem acabou assassinada com 15 facadas pelo agressor.
A forma como foi assinada e, sobretudo, a maneira como viveu, em caridade e fé, motivaram um grupo de pessoas de Barbacena, em 2001, a entrar com o pedido do processo para a beatificação da jovem mineira. Na ocasião, a jovem recebeu o título de “serva de Deus”. O processo durou oito anos e ouviu quase 60 pessoas para a religiosidade de Isabel.
Em outubro de 2020, o Papa Francisco autorizou o decreto de “martírio” para Isabel e, com isso, não foi necessário o reconhecimento de um milagre para sua beatificação.