Queridas consócias e estimados confrades:

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A Festa Regulamentar de Frederico Ozanam, que comemoramos nesta data, é um tempo favorável para buscarmos inspiração na sua vida, sobretudo nos exemplos, que justificam a santidade do fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo. Assim, com o intuito de adquirirmos novas forças para continuarmos servindo aos Pobres, convém concentrarmos a nossa atenção e refletirmos num trecho da Oração pela Canonização do Beato Frederico Ozanam.

Portanto, vale a pena recordarmos a prece que elevamos a Deus com insistência, exaltando algumas das virtudes do Santificado que temos como modelo e seguimos. Eis então, o que rezamos persistindo para comover o coração de Deus no propósito de canonizar Ozanam: “Inspiraste seu combate contra a miséria e a injustiça, e o dotaste de uma generosidade incansável, ao serviço de todos aqueles que sofrem”.

Diante das palavras que invocamos na Oração pela Canonização de Ozanam, destaca-se para nossa meditação, que Deus dotou Ozanam:  “(…) de uma generosidade incansável, ao serviço de todos aqueles que sofrem”. Nesse aspecto, também devemos pedir a Deus que nos capacite com a mesma “generosidade incansável” para conseguirmos dispor de nossos talentos “ao serviço de todos aqueles que sofrem”.

Certamente, quando Deus nos beneficiou com a vocação vicentina para o “serviço de todos aqueles que sofrem”, Ele sabia que poderia contar conosco, pois fomos escolhidos – por Deus – pelo nome, e esse fato não é um acontecimento banal, porque somos demasiadamente importantes para Deus, visto que Ele nos elegeu com a sublime missão de cuidarmos “dos Seus filhos e de Suas filhas – nossos irmãos e nossas irmãs – mais necessitados”.

Por isso, Nosso Senhor se entristece todas as vezes que nos deixamos abater pelo desânimo, tendo força, saúde e talento para servir aos Pobres e não fazemos, pelo contrário, arrumamos “aquelas velhas desculpas de sempre”: “Ai! Estou muito velho … “; “Ai! Não vê que estou cansada … “; “Ai! Esses pobres são assim mesmo: nunca irão se promover …“.. E talvez, a queixa mais conhecida de todas, e ao mesmo tempo, a mais lamentável: “Ai! Saiba que pobre é sempre um problema … “.

Mas, Deus permanece continuamente disposto a perdoar as nossas fraquezas, e ainda, nos sinaliza o caminho para superarmos qualquer forma de “canseira” ou “crise vocacional”, e também, as “trevas e tribulações”, como pregou o Papa Francisco recentemente dizendo: “(…) Nos momentos de escuridão e grande tribulação, é preciso ficar calado, ter a coragem de calar, contanto que seja um calar manso e não rancoroso. A mansidão do silêncio far-nos-á aparecer ainda mais frágeis, mais humilhados, e então o demónio ganha coragem e sai a descoberto. Será necessário resistir-lhe em silêncio, «conservando a posição», mas com a mesma atitude de Jesus. Ele sabe que a guerra é entre Deus e o demônio, e não se trata de empunhar a espada, mas de permanecer calmo, firme na fé. É a hora de Deus. E, na hora em que Deus entra na batalha, é preciso deixá-Lo agir” (1). E, o Papa nos conforta, afirmando que: “O nosso lugar seguro será sob o manto da Santa Mãe de Deus” (2). Nesse sentido, o Santo Padre complementa: “Jesus mostra-nos como enfrentar os momentos difíceis e as tentações mais insidiosas, guardando no coração uma paz que não é isolamento, não é ficar impassível (…), mas confiante no abandono ao Pai e à sua vontade de salvação, de vida, de misericórdia (…)” (3).

Frente aos ensinamentos que o Senhor nos transmite através desta reflexão, temos também, de aprender ou reaprender com o Beato Frederico Ozanam, que lança sobre nós a seguinte pergunta: “Que fazer para sermos verdadeiramente católicos? Ele mesmo responde: “Fazei o que agrada mais a Deus: Socorramos nosso próximo como fazia Jesus Cristo e coloquemos nossa fé sob a proteção da caridade”. E, Ozanam persiste conclamando aos seus seguidores o conhecido e arrebatador pedido: “Vamos aos Pobres”.

Desse modo, isto é, o pensamento de Frederico Ozanam se alinha perfeitamente com a catequese do Papa Francisco, pois Ozanam nos orienta para: “fazermos o que agrada mais a Deus”; a “socorrermos nosso próximo”; a “colocarmos a nossa fé sob a proteção da caridade”; e de maneira suprema, “irmos aos Pobres”. Enquanto, que o Papa nos concede o privilégio da seguinte lição: “(…) o coração de Cristo encontra-se noutro caminho, no caminho santo que só Ele e o Pai conhecem: aquele que vai da «condição divina» à «condição de servo», o caminho da humilhação. (…) Ele sabe que, para chegar ao verdadeiro triunfo, deve dar espaço a Deus; e, para dar espaço a Deus, só há um modo: o despojamento, o esvaziamento de si mesmo. Calar, rezar, humilhar-se. (…) E, com a sua humilhação, Jesus quis abrir-nos o caminho da fé (…)” (4).

Por fim, peçamos a Nossa Senhora, que nos auxilie a perseverarmos na vocação vicentina, seguindo os ideais do Beato Frederico Ozanam e na constância do seguimento de Jesus Cristo, que através do Papa Francisco aponta que: “(…) o Senhor respondeu permanecendo fiel ao seu caminho, o caminho da humildade” (5), ou seja, à virtude que nos capacita à prática da caridade, tendo em vista, servirmos – exemplarmente – aos Pobres.

 

Abraço fraterno!

 

Confrade João Marcos Andrietta

 

Referências: (1) Homilia do Domingo de Ramos, 14 de abril de 2019; (2) Cfr. Idem; (3) Cfr. Idem; (4) Cfr. Idem; (5) Cfr. Idem.

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