Vicentinos aceitam missão de ir a pé para as festividades de Nossa Senhora Aparecida

0
2841

Gratidão. Promessa. Pedidos. Diversos são os motivos que levam milhares de romeiros a trilharem a estrada rumo à Aparecida do Norte/SP para participarem das festividades em homenagem à Nossa Senhora Aparecida. Diversos Vicentinos se juntaram nessa caminhada e essa é a história de três grupos, que saíram de São José dos Campos/SP, em direção a celebração da Padroeira do Brasil, a pé.

A festa de Nossa Senhora Aparecida desse ano, que aconteceu no Santuário Nacional, em Aparecida/SP, reuniu mais de 330 mil pessoas entre os dias 3 a 12 de outubro, segundo o portal do Santuário Nacional Aparecida. Após dois anos sem festa, devido à pandemia do Covid-19, diversos fiéis se uniram para participar das atividades realizadas durante os dias de novena em celebração a Nossa Senhora. 

Anualmente, diversos peregrinos caminham pelo acostamento da Rodovia Presidente Dutra até Aparecida. Neste ano, a Polícia Rodoviária Federal estimava a presença de 50 mil romeiros em direção a cidade. Para ajudar os fiéis, a PRF lançou um aplicativo para auxiliar os passantes, com as rotas principais, pontos de apoios, restaurantes e muito mais

Entre os fiéis, três grupos de vicentinos colocaram o pé na estrada e decidiram demonstrar sua gratidão à Padroeira, caminhando de São José dos Campos/SP a Aparecida/SP.

Agradecimentos e bênçãos

Dois dias de caminhada, 75 quilômetros percorridos e 21h e 12 minutos de percurso. Esse foi o roteiro realizado pelos confrades Paulo Roberto da Silva Vadô, vice-presidente da Conferência São Miguel, Conselho Particular São José dos Campos/SP,  Mário Aparecido de Oliveira, da mesma unidade do vice-presidente, José Robevaldo Lopes,  Aluísio Rovilson Fernandes,  Cláudio Rojas e Felipe Porto Rojas, da Conferência Nossa Senhora da Piedade e Paulo Lessa, confrade afastado da Conferência Santo Antônio e Roberto Miori, amigo e benfeitor do grupo.

O grupo iniciou o trajeto no domingo, dia 9, às 7h. “Optamos neste ano por reservar uma pousada na cidade de Taubaté, que fica na metade do percurso, para que pudéssemos descansar e seguir viagem no dia seguinte. Não conseguimos um carro de apoio para nos ajudar na caminhada, para levar as mochilas e socorro numa emergência. Contamos com o apoio dos diversos voluntários nas tendas de apoio ao Romeiro”, relembra o confrade Paulo.

Durante a trajetória, o grupo ficou atento a diversos riscos, como a chuva e o perigo de transitar pelo acostamento da Rodovia Presidente Dutra, devido à visibilidade durante a noite. “Seguimos as orientações da Polícia Rodoviária Federal, que recomenda usar roupas claras e, se possível,  não caminhar durante a noite. Cuidado com as roupas e, especialmente, com a troca de meias que geralmente causam lesão nos pés”, aconselha o confrade.

As motivações  dos confrades eram diversas, mas, sobretudo, agradecer a Nossa Senhora pelas bênçãos alcançadas: “acredito que cada um dos Romeiros tenha sua motivação em particular, mas, por exemplo, o confrade Claudio foi a agradecer pela intercessão no acidente que sofreu, corria o risco de perder um dos dedos da mão, mas felizmente o processo de cicatrização foi um sucesso. O amigo Roberto, por outro lado, testemunhou que teve um câncer maligno e sua filha, na época com 5 anos, disse no final de uma Missa que a ‘Mãezinha do Céu’ falou a ela que o papai ficaria curado. Ele fez a cirurgia, não teve que fazer tratamento quimioterápico e hoje se encontra curado. O confrade Felipe, por fim, dedicou a caminhada a cura da depressão e serenidade na tomada de decisão em assuntos delicados e pessoais”, conta Paulo. 

O percurso, por mais cansativo que seja, não foi um sacrifício para os romeiros. “A caminhada, com alguns amigos, à Casa da Mãezinha Aparecida é uma experiência rica em reconhecer nossas limitações diante do Senhor. O quanto é belo ouvir e conhecer pessoas com suas histórias durante o trajeto”, relembra o confrade Paulo.

Aluísio, um dos vicentinos membros do grupo, ainda ressaltou: “a gente se sente, durante a caminhada, como se fosse o assistido e o pessoal de apoio os Vicentinos”, finaliza.

Ascendendo a espiritualidade jovem

Vindos de São José dos Campos/SP, 12 jovens colocaram o pé na estrada no dia 8 de outubro, rumo às festividades de Nossa Senhora. “Tivemos a graça de ir até o Santuário Nacional de Aparecida a pé. Percorremos 86 quilômetros, chegando em Aparecida no dia 9,  levando em torno de 20 horas caminhando. Fizemos essa Romaria a pé pela segunda vez e planejamos continuar fazendo por muito tempo. Nosso desejo é levar inúmeros vicentinos em romaria a pé para a casa da mãe Aparecida”, conta a consócia Rafaela Bernardo do Nascimento, da Conferência São Tarcísio.

Por ser a segunda vez do grupo no trajeto, eles já tinham um planejamento do que fazer: “planejamos tudo, horários, paradas, apoios e claro, entregamos tudo nas mãos de Nossa Senhora, para que tudo corresse da melhor forma possível. Acreditamos que, caminhando rumo à casa da mãe Aparecida, exercitamos nossa fé e buscamos alimentá-la cada vez mais”, pontua a consócia. 

Ao longo do trajeto, os membros vivem um momento único: “Encontramos com o nosso eu mais íntimo, pois vamos ao nosso limite, choramos, damos boas risadas, rezamos, cantamos. Sentimos a irmandade da SSVP gritando dentro de nós, sentimos que somos realmente uma verdadeira família, e buscamos juntos, o amor de Deus e a entrega total aos nossos Mestres e Senhores”, enfatiza Rafaela.

O jovem grupo, formado por 12 pessoas, contava com vicentinos e amigos. Entre os membros, encontravam-se: os vicentinos Rafaela Bernardo do Nascimento, Jessica Mancilha dos Reis, Janaina Mancilha dos Reis, João Pedro dos Santos Oliveira, Sara de Melo Silva, Walter Neto Rodrigues Guimarães e Rafael Oliveira Lima, da Conferência São Tarcísio; Sandro Henrique Mendonça Nogueira, da Conferência Sant’Ana, Sandra Aparecida Araújo Bezerra e Lindemberg Araújo Bezerra, amigos que apoiaram o grupo e membros da Conferência  Sant’Ana; Maria Fernanda Carvalho de Souza, Veridiana da Silva, Giuliano Sérgio Nogueira e Ariane Albertina da Silva de Oliveira, que ainda não são vicentinos, mas aceitaram a missão de ir a pé para a casa de Nossa Senhora. 

Os vicentinos também contaram com a ajuda do Conselho Central de Taubaté, que acolheu os Romeiros para um descanso durante a caminhada. “Pensamos em fazer esta caminhada pela primeira vez em 2021, com o objetivo de acender a espiritualidade dos jovens de nossa conferência e agradecer a nossa Mãe por nos dar a graça de um trabalho tão bonito, que é estar na SSVP, junto aos nossos mestres e senhores”, conta a consócia Rafaela.

O trajeto sempre gera muita expectativa dentro da Conferência São Tarcísio, em São José dos Campos/SP: “é uma grande emoção que sentimos. Vemos nesse pequeno gesto de amor à Virgem Maria o quanto somos unidos em Deus e o quanto dependemos um do outro, sentimos o verdadeiro significado de ser família vicentina, de sermos irmãos”, conta o confrade Rafael Lima, da Conferência São Tarcísio.

Tanto a consócia Rafaela como o confrade Rafael, relembram o momento marcante ao finalizar o trajeto. “Depois de muita emoção, ao chegar, nos abraçamos, fizemos uma oração agradecendo a Deus e a Nossa Senhora pela graça de mais um ano estarmos ali, agradecemos pela SSVP e por tudo o que temos em nossas vidas”, conta Rafaela.

“Ao chegarmos no Santuário e irmos ao encontro da imagem de Nossa Senhora, as lágrimas tomaram conta de nossos olhos e não conseguimos falar nada, somente sentir aquele momento. Trocamos olhares com a Mãe e a consagramos em nossa vida, nossos sonhos e projetos, entregamos a SSVP e nossos Mestres e Senhores. Procuramos fazer isso para crescer sempre na fé e continuar firmes na nossa missão vicentina”, finaliza Rafael.

Uma missão de gratidão e fé

Já, o casal Ernane José Marcondes e Fabiana Luciana de Souza Marcondes, da Conferência Santo Ivo, de São José dos Campos, percorreram 75 quilômetros confiando na fé e na cumplicidade.  

“Foram 19 horas. Saímos na terça, dia 11, e chegamos quarta, dia 12”, relembra o confrade Ernane. O vicentino conta que as principais preocupações eram o tráfego intenso de caminhões e o desconforto com as bolhas nos pés. “Mantivemos um ritmo confortável, andamos bastante de chinelo, que areja os pés e ajuda a controlar o ritmo, e caminhamos à noite, que era mais fresco”, explica.

O casal estabeleceu um planejamento simples para realizar a missão, mantendo a hidratação constante e realizando as paradas para alongamento. “Muita fé e força de vontade para agradecer a Nossa Senhora pelas bênçãos recebidas no dia a dia. Pedir pela família, saúde e também por todas as Conferências e assistidos”, pontua o confrade Ernane, que também é presidente do Conselho Central Norte de São José dos Campos. 

Vicentino há  33 anos, Ernane e a esposa, Fabiana, realizam a caminhada há cinco anos: “íamos com um grupo de amigos, que saia de Caçapava/SP, cidade vizinha. Mas não conseguimos ir com eles e decidimos sair sozinhos. Mas não estávamos sozinhos, pois muitos romeiros andavam pela rodovia. É muito emocionante chegar na casa da Mãe Aparecida após às 19h, a pé na estrada. Nossa fé foi maior que nossas dores. A cada ponto de apoio, além de comida e bebida, os voluntários também ofereciam carinho e muita motivação para todos nós. Muito lindo. A cada ano a vontade de voltar é maior”, finaliza o confrade. 

Comente pelo Facebook

LEAVE A REPLY