Setembro Amarelo: A Importância de Uma Rede de Apoio Para os Idosos

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No contexto do Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização e prevenção ao suicídio, a depressão entre idosos surge como um problema cada vez mais preocupante. Conversamos com Mirele Dayane Pinheiro da Silva, psicóloga da Casa de Repouso São Vicente de Paulo, em Paulo Afonso/BA, para entender melhor os desafios enfrentados pelos idosos e a importância de intervenções para prevenir o suicídio nessa faixa etária.

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Uma realidade crescente

De acordo com Mirele, a depressão é um problema frequente entre os idosos. “Atualmente, cerca de 4 a cada 10 idosos são diagnosticados com depressão, e esse número tem aumentado rapidamente nos últimos anos”, relata. A psicóloga aponta que fatores como traumas psicológicos, uso contínuo de medicação com efeitos colaterais depressivos e o abandono familiar são os principais desencadeadores da doença.

Os sintomas mais comuns observados incluem choro frequente, sensação de inutilidade, solidão, falta de energia, além de dores físicas, como no estômago e na cabeça. Esses sinais servem de alerta para o risco de algo mais grave, como o suicídio.

Uma tragédia silenciosa

O suicídio entre idosos é uma tragédia que afeta profundamente não apenas as famílias, mas também a comunidade. “Alguns familiares não compreendem o quanto os idosos se sentem solitários e não amados, o que os leva a pensamentos suicidas”, explica Mirele. O impacto se estende para outros residentes do lar, que vivem em comunidade e sentem a ausência dos que se vão.

Do ponto de vista social, o suicídio é ainda um tema evitado, embora suas consequências sejam devastadoras. Além da perda emocional e pessoal, o evento traz implicações econômicas e um impacto profundo no tecido social.

O papel do lar e da família

Identificar sinais de alerta em idosos pode ser desafiador, especialmente porque falar sobre suicídio ainda é tabu. Mirele explica que, além de sintomas depressivos clássicos, como falta de apetite e choro frequente, a dificuldade dos idosos em verbalizar seus sentimentos é uma barreira adicional. “Muitas vezes, os idosos têm dificuldade em expressar emoções, o que torna essencial uma escuta atenta e o acompanhamento próximo”, afirma.

A psicóloga destaca que o Casa de Repouso São Vicente de Paulo adota estratégias como acolhimento, intervenções psicológicas individuais e em grupo, além de incentivar a interação entre os internos e seus familiares. “Nosso objetivo é criar um ambiente onde os idosos se sintam úteis e participem ativamente da vida comunitária, dentro e fora da instituição.”

A participação da família é fundamental na prevenção ao suicídio. “A família precisa estar presente e atenta aos sinais de alerta, mostrar aos idosos que eles são amados e que ainda têm muito a oferecer”, ressalta.

A importância de desmistificar a depressão e o suicídio

Segundo Mirele, existem muitos mitos sobre a depressão e o suicídio entre idosos que precisam ser combatidos. “Depressão não é falta de fé, e procurar ajuda de um profissional não significa fraqueza”, afirma. Desmistificar essas ideias é essencial para que os idosos aceitem o tratamento e recebam o apoio necessário.

Ignorar esse problema pode levar a consequências graves. “Se não prevenirmos, além da depressão, outros transtornos, como a ansiedade, podem se manifestar, roubando dos idosos o prazer de viver”, alerta Mirele.

Olhar para o futuro

Entre os maiores desafios ao lidar com a depressão e o risco de suicídio em idosos, Mirele destaca a aceitação da doença e a cooperação no tratamento. “Os idosos ainda enfrentam dificuldades em desabafar e buscar ajuda por medo de serem julgados”, observa.

No entanto, a psicóloga acredita em um futuro mais promissor. “As pessoas estão cada vez mais conscientes da importância de cuidar da saúde mental, o que nos dá esperança de que os idosos do futuro serão mais ativos e colaborativos no enfrentamento da depressão.”

Conscientização no Setembro Amarelo

Enquanto a Casa de Repouso em Paulo Afonso trabalha diretamente com os idosos, outras unidades vicentinas também promovem ações importantes voltadas para a conscientização. A Santa Casa São Vicente de Paulo de Tanabi/SP, por exemplo, está desenvolvendo ações internas voltadas para a saúde mental de seus colaboradores. Uma das principais iniciativas é a realização de uma palestra com um profissional da área, que abordará a importância de procurar ajuda e de falar abertamente sobre as dificuldades emocionais.

Além disso, a unidade criou um mural com mensagens positivas, onde os colaboradores podem deixar palavras de incentivo e apoio para seus colegas, reforçando o espírito de solidariedade e cuidado mútuo. Essas iniciativas não apenas promovem a conscientização, mas também criam um ambiente de trabalho mais acolhedor e humano.

Cuidar da saúde mental é uma responsabilidade de todos

Mirele conclui com uma mensagem à sociedade: “Os idosos precisam ser acolhidos, escutados e amparados. Precisamos cuidar da nossa saúde mental e apoiar quem amamos, para que possamos atravessar momentos difíceis e viver mais momentos felizes.”

No Setembro Amarelo, essa reflexão se torna ainda mais urgente. Cuidar da saúde mental dos idosos e prevenir o suicídio é uma responsabilidade de todos.

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