Região 7: Vicentinos “guerreiros” superam a distância e as dificuldades de locomoção para fazer o bem

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Último encontro da ECAFO, CCAs e CJs da Região 7 foi feito antes da pandemia – Crédito: Divulgação

Chegou a hora de conhecermos a última região da Sociedade de São Vicente de Paulo no Brasil: a Região 7. Marcada por peculiaridades, esta região compreende os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Para, Piauí, Maranhão e Ceará.

Cor:  Amarelo

Padroeira: Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Ao todo, são três Conselhos Metropolitanos (CM Belém, CM Teresina e CM Fortaleza), 478 Conferências, sendo que 26 delas são CCAs, 78 Conselhos Particulares e 16 Conselhos Centrais. São 3.515 vicentinos atuando nesta Região, que reúne cinco obras unidas.

O confrade Geraldo Monteiro Junior, vice-presidente da Região 7, destaca que a extensão da região é sempre um desafio e que o fato dela abrigar Estados no Norte do país, cujo acesso é difícil também é motivo de superação. “A distância entre as Conferências e CMs é gritante. Tem lugar no Amazonas que só se chega de barco ou avião fretado, o que fica inviável por causa do custo. Este tipo de situação nos leva a coisas curiosas”, conta.

Além do problema da distância física, muitas cidades onde existem conferências, devido à distância dos grandes centros, não têm Internet, o que dificultou muito o trabalho dos vicentinos durante a pandemia. “Se já era difícil chegar pela distância e pelos meios que dispomos, a pandemia veio trazer esse desafio a mais. Mas ao invés de nos desencorajar, nos reinventamos”, explica.

O vice-presidente da Região 7 não poupa elogios aos confrades e consócias. “Temos toda uma complexidade para fazer nosso trabalho. Nossos encontros regionais, por exemplo, acontecem a cada dois anos, presencialmente. Mas temos uma grande virtude por aqui. Um povo guerreiro, que vai atrás do que for preciso para fazer seu trabalho e ajudar o Pobre”.

Prova desta garra é a ação realizada pela Conferência Bom Pastor, em Boa Vista (Roraima). Apesar das dificuldades enfrentadas na própria região, o olhar vicentino para o próximo atravessou barreiras e lá, confrades e consócias, fazem um trabalho único: abraçaram a causa dos refugiados venezuelanos e atendem atualmente 12 famílias instaladas na cidade, não só com ajuda material, cesta básica, mas principalmente com a assistência espiritual e afeto.

Crianças e Adolescentes

Crianças e adolescentes do CCA em ação, antes do distanciamento social. Crédito: Divulgação.

A CCA da Região 7, assim como as demais de todo o país, sofreu com a pandemia e teve atividades interrompidas e reprogramadas. Mas quem pensa que isso paralisou os trabalhos, se engana.

A coordenadora de CCA para a Região 7, consócia Fabiana Soares de Almeida, explica que com a expansão da pandemia, foi preciso recriar as atividades para manter a chama das CCAs acesa. “Passamos nos reunir de forma on-line, através de encontros virtuais. Outro desafio a ser superado é que nem todos, sejam crianças, adolescentes ou coordenadores têm acesso à Internet. As coordenadoras foram incansáveis na mobilização dos orientadores e das crianças e adolescentes para manter o elo vicentino ativo. E conseguimos”, conta a consócia.

A criatividade teve que ganhar espaço e, segundo a coordenadora, foram lançadas estratégias para que que as crianças e adolescentes seguissem firmes no propósito. “Envolvemos pais e responsáveis nos momentos de oração, fortalecer a família e incentivar a participação das crianças e adolescentes, o que está sendo muito importante para nós”, explica.

A consócia Fabiana destaca uma grande felicidade para as CCAs da Região 7 em meio à pandemia: um feito inédito. “É preciso frisar a participação das nossas crianças e adolescentes no concurso nacional Pintando a Fraternidade. Neste ano fomos agraciados com o 1º lugar na categoria desenho. É uma alegria muito grande para a Região 7, pois foi a primeira vez que fomos destaque nessa premiação nacional. Isso é um incentivo e um estímulo não só para as crianças, mas também para os orientadores e coordenadores da Região 7”, conta.

A Juventude

II Encontro Virtual da Juventude do CM de Teresina. Crédito: Divulgação

Tal qual aconteceu no restante do Brasil e do mundo, em decorrência da pandemia do Covid-19, os trabalhos por parte da Juventude da Região 7 tiveram que ser reinventados.

“Por sorte, reinventar-se é uma qualidade da juventude vicentina, e aqui na região, não poderia ser diferente. A juventude esteve presente em todos os encontros, bate-papos, e reuniões on-lines promovidos pela CNJ (Comissão Nacional de Jovens) e pelo CNB (Conselho Nacional do Brasil)”, conta a consocia Luiza Nayara Mendes Costa, Coordenadora de CJ para a Região 7.

Um dos destaques da CJ neste período de pandemia foi a participação dos jovens na execução das atividades nacional da Força Tarefa, que levou combustível e esperança em ações práticas, pra toda juventude. “Arregaçaram as mangas, usaram de criatividade e fizeram um trabalho maravilhoso. Tivemos dentre essas atividades do Força Tarefa, uma homenagem aos profissionais de Saúde, no CM de Teresina, que fez uma belíssima homenagem aos profissionais de Saúde que atendem na obra unida do CM”, lembra a consocia.

O II Encontro da Juventude do CM Teresina, realizado em outubro pela Internet também foi um momento marcante. “Foi muito importante e especial pros jovens daquele CM, que realizaram um encontro de muita motivação e alegria contando com participação de confrades e consócias de outras regiões do Brasil e, sobretudo, dos CMs de Belém e de Fortaleza. Foi um grande encontro de amigos”.

Outro momento de destaque aconteceu antes da pandemia. “No início do ano de 2020, antes a toda essa situação da Covid-19, pudemos nos reunir presencialmente em Fortaleza, no Encontro de Departamentos, realizado pelo CNB, e que uniu as Regiões 6 e 7 pra um momento bem interessante de debate de cada departamento. O departamento da Juventude da Região 7 esteve presente com todos os coordenadores dos 3 CMs pertencentes a essa região, e foi um momento muito rico”, relembra a consócia.

Apesar da distância geográfica e da dificuldade de acesso à Internet em alguns lugares, já citados pelo vice-presidente da Região, a coordenadora da CJ mostrou o outro lado da moeda, conseguido pelos jovens: a inclusão em mais eventos e criação de vínculos e laços de amizades mais abrangentes. “Nossa região esteve muito ativa nas redes, criando vínculos e laços de amizades, participando de encontros que, talvez, se não dessa forma, não existisse condições de participação. Um exemplo foi o encontro Latino Americano ocorrido em julho, onde se pôde conhecer e trocar com jovens, não somente do Brasil, mas de países da América Latina”, explica a consócia Luiza.

A pandemia afetou sim, a todos, mas a coordenadora desta que “vemos uma juventude que apesar de ‘machucada’ com toda essa situação, permanece firme no propósito. Ainda que com altos e baixos, nosso carisma permanece vivo!”, destaca entusiasmada.

“Nossas bases estiveram em ação constante, desde ensinar e ajudar os confrades mais idosos em mexer nas plataformas digitais, bem como e, sobretudo, com o compromisso com os assistidos. Jovens que levaram cestas e atendimento as famílias assistidas de outras conferências que não as suas, pois os membros eram do grupo de risco e estavam impossibilitados de ir levar o atendimento, dentre muitas outras atividades que são inerentes ao trabalho vicentino de arregaçar as mangas e agir. Eles, por exemplo, ainda rezam o terço on-line, com diversos confrades e consócias’, finaliza.

ECAFO

Último encontro regional presencial foi em 2018. Crédito: Divulgação.

Os trabalhos de formação da ECAFO não pararam, apesar da pandemia. No dia 3 de dezembro teve a Formação on-line com a participação de 168 pessoas, em uma pareceria com os demais coordenadores (CJ e CCA) e o vice-presidente.  O CM de Teresina realizou também uma formação on-line para todos os vicentinos da Região 7, e convidados de Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte.

“As ações da ECAFO se resumem em reuniões e aulas presenciais, então, a gente tem sofrido um pouco com essa ausência dos encontros pessoais. Aqui toda vez que termina uma formação tem sorteio de presentes, entrega de certificados. Então estamos vendo a viabilidade técnica e emocional para realizar o curso de formação básica, pois é a apresentação dos confrades e consócias novos. É uma festividade que está sendo repensada, pois envolve vários aspectos. A mesma coisa acontece com a Festa Regulamentar, que tem número de restrições de participantes. Há uma carga emocional muito grande, que tem que ser nossa preocupação”, ressalta o confrade Carlos Aguiar, Coordenador do ECAFO para a Região 7.

O confrade explica que o que é rotineiro deve e está sendo feito on-line, mas que um curso para aspirantes, uma proclamação, a Festa Regulamentar de apresentação, o primeiro curso não são coisas rotineiras. “São coisas que marcam a vida dos vicentinos e precisam ser bem pensadas até como uma forma de homenagear esses vicentinos que participam”, explica.

Distância, dificuldades de locomoção, realidades de vida completamente diferentes, falta de Internet (que tem sido a grande base de comunicação nesta pandemia) são sim uma difícil realidade na Região 7. Mas o espírito de Ozanam, a vontade de ajudar o Pobre e a chama vicentina ecoam por todos os Estados e corações dos confrades e consócias. “Por mais difícil que seja, nosso objetivo, vontade e perseverança são maiores”, finaliza o vice-presidente da região, confrade Geraldo.

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