Dando sequência as reflexões sobre as virtudes vicentinas, nesse artigo o Padre Emanoel Bedê, da Congregação da Missão, fala sobre a importância da virtude da mansão sob a perspectiva de São Vicente de Paulo e como aplicada na vida dos membros da SSVP. São Vicente considerava a mansidão uma das cinco virtudes essenciais para representar a figura de Cristo, a missão dos Pobres, que nos convida a ser “mansos e humildades de coração”.
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O Significado da Mansidão Segundo São Vicente de Paulo
A prática da mansidão envolve o controle das emoções, especialmente a ira, que pode comprometer nossas relações e o trabalho em comunidade. Para São Vicente, ser manso significa dominar a raiva por meio do amor, mesclando doçura com firmeza. Ele aconselhava: “Se a doçura do seu espírito precisa de um pouquinho de vinagre, peça-o emprestado a Nosso Senhor”, frase direcionada a Santa Luísa de Marillac, mostrando que uma mansão requer equilíbrio entre ternura e força.
O Poder da Mansidão na Conquista de Apoio
São Vicente enfatizava que uma mansidão é crucial para ganhar o apoio das pessoas. Em uma carta a um de seus companheiros, ele destacou: “Se não se ganhar uma pessoa pela mansidão e pela paciência, será ganhá-la difícil de outro modo”. Além disso, apontou que aqueles que são mansos e pacíficos mantêm-se firmes no bem, enquanto aqueles que sucumbem à cólera e às paixões tendem a agir de forma inconstante, impulsiva e efêmera, comparando-os a correntezas que se esgotam rapidamente após uma tempestade. Em contrapartida, as pessoas importadoras são como rios tranquilos que fluem ininterruptamente.
Atualizando a Virtude da Mansidão para o Contexto Atual
Hoje, podemos compreender a mansidão como um misto de amizade e doçura, sem abrir a mão da firmeza necessária para manter o equilíbrio. Essa virtude evita que sentimentos de revolta e indignação nos levem a aceitar injustiças sob o pretexto de justiça. No trabalho com os Pobres e nas interações com confrades e consócias, a mansidão nos ajuda a lidar com momentos difíceis e incompreensões. É pela amabilidade, pelo acolhimento e pelo abraço fraterno que mais facilmente ganhamos a confiança e a cooperação das pessoas, em vez de por meio de julgamentos frios e implacáveis.
A prática dessa virtude nos permite trilhar um caminho de paz e constância, refletindo a verdadeira essência de Cristo como a missão dos Pobres.