O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que a comunidade dos santos permitiu o desenvolvimento de diferentes espiritualidades ao longo da história, cada uma delas refletindo uma dimensão do amor de Deus. Ele afirma:
:: Jean Léon Le Prevost: Vida e Obra
“Na comunidade dos Santos, desenvolveu-se ao longo da história das Igrejas, diversas espiritualidades. […] Há uma espiritualidade igualmente na confluência de outras correntes, litúrgicas e teológicas, atestando a enculturação da fé num meio humano e em sua história. As espiritualidades cristãs participam da tradição viva da oração e guias são indispensáveis para os fiéis, refletindo, em sua rica diversidade, a pura e única Luz do Espírito Santo” (CIC 2684).
Inspirados por essa riqueza, muitas pessoas ao longo da história experimentaram uma relação profunda com Deus, que transformou suas vidas e gerou respostas concretas às necessidades de sua época. Esses homens e mulheres foram guias espirituais, cuja herança segue iluminando os passos de muitos discípulos de Cristo.
A Origem das Escolas de Espiritualidade
Ao longo da história da Igreja, surgiram várias escolas de espiritualidade. Cada uma enfatiza aspectos específicos do Evangelho e organiza os ensinamentos da fé em torno de um núcleo central, permitindo que outros elementos da vida cristã se articulem em harmonia. Essas espiritualidades são enraizadas na graça de seus fundadores, moldadas por seu contexto histórico e ajustadas ao seu temperamento.
A espiritualidade Leprevociana, nascida da experiência de Jean Léon Le Prevost , fundador dos Religiosos de São Vicente de Paulo (RSV), é um exemplo disso. A sua herança espiritual reflete influências diversas, incluindo a espiritualidade vicentina, a escola sulpiciana (inspirada por São João Eudes) e a escola salesiana (de São Francisco de Sales). Contudo, Le Prevost manteve uma identidade própria, distanciando-se, por exemplo, do rigorismo predominante na França do início do século XIX.
A Conversão de Le Prevost: Um Retorno ao Deus Vivo
Jean Léon Le Prevost viveu um período afastado da prática religiosa, comum em sua época. Contudo, sob a influência de seu amigo Victor Pavie , ele retornou à fé em 1832, aos 29 anos. Sua carta ao amigo, escrita um dia após sua confissão, revela o impacto profundo dessa experiência:
“Minha oração não é mais vaga, incerta, lançada ao acaso para o Deus desconhecido; ela vai seguindo uma direção natural, ao Deus que sinto, que vejo, que ouço e sob cujo olhar estou nesse instante como em todos os demais” (Carta nº 8).
A partir desse momento, Le Prevost iniciou uma busca sincera por sua vocação. Ele se entregou nas mãos de Deus com humildade:
“Digo-o a Deus: apoderai-vos de mim, eis-me humilde e submisso. Falai, obedecerei no grau mais baixo, se isso vos agradar, no lugar mais escondido quero servir” (Carta nº 10).
Foi apenas em 1833 que ele encontrou seu caminho ao se engajar na Conferência da Caridade , recém-fundada por Antoine-Frédéric Ozanam . Essa experiência mudou-o de grandes referências espirituais como Ozanam, Emmanuel Bailly e a Irmã Rosalie Rendu. Também foi profundamente influenciado por São Vicente de Paulo e São Francisco de Sales, cujas obras ele chamava de suas “duas muletas”.
Os Pilares da Espiritualidade Leprevociana
A espiritualidade Leprevociana está marcada por alguns eixos centrais que continuam a inspirar os membros da família vicentina e os fiéis que desejam seguir este caminho:
- A Experiência de Deus como Amor
- Formar Jesus Cristo em Nós
- O Primado da Caridade
- A Contemplação e a Ação
- Vida Eclesial e Comunitária
- Evangelização das Famílias Populares
- Piedade Mariana