“Não basta dar a vara, é preciso ensinar a pescar. ” Essa frase faz todo o sentido quando olhamos o trabalho na área de Projetos da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). De 2011 ao primeiro semestre deste ano o do Conselho Nacional recebeu 665 pedidos de ajuda a projetos sociais dos Conselhos Metropolitanos, aprovando 324 deste total. São projetos realizados para alavancar a vida dos assistidos, gerar rendar, melhorar a qualidade de vida e fazer o assistido andar com os próprios pés.
De acordo com a consocia Ester de Padua, gerente administrativa do Conselho Nacional, a área de projeto social do Conselho Nacional do Brasil tem o intuito de promover e incentivar a realização de Projetos Sociais idealizados pelas Unidades vicentinas, visando à promoção da família assistida e principalmente a promoção humana. “Os projetos sociais têm como maior objetivo o bem-estar da família assistida, por meio de sua inserção no mercado, gerando trabalho, renda e o seu autodesenvolvimento, ou seja, a sua promoção”, conta.
Anualmente, a equipe de projetos analisa cada formulário recebido como uma oportunidade à família, o público-alvo a ser atingido e toda a comunidade envolvida. “Infelizmente nem todos são contemplados, mas com isso se abre uma visão para a perspectiva de mudança e crescimento para a unidade vicentina e ou família assistida, assim quem sabe buscar outras parcerias para o projeto proposto, além do Conselho Nacional”, explica a consocia Ester.
Um dos exemplos de sucesso dos projetos sociais desenvolvidos com a ajuda da SSVP está o “Fazendo Bolo”, que ajudou a mineira de Governador Valadares, Gilmara Alves da Fonseca a realizar o sonho de ser confeiteira. Indicada pela Conferência Meninos Jesus de Praga, ela, que era assistida com seus seis filhos há cerca de cinco anos, conseguiu se profissionalizar com o projeto iniciado em 2018.
O confrade Jeferson de Castro Ferreira era na época presidente da Conferência e acompanha até hoje a história da confeiteira. “Ela tinha os seis filhos e precisava de ajuda. Com o projeto conseguiu um forno a gás, botijão e foi se profissionalizando. A ponto de hoje ela ter reformado a cozinha com dinheiro do lucro dos bolos, ter comprado novos aparelhos”, conta.
Ele ainda lembra que para a reforma da cozinha a Conferência ajudou com materiais e ela pagou a mão-de-obra. “Lá no comecinho do projeto também tivemos a ajuda da Conferência Santa Inês (CP São José) e da Conferência Santa Clara (CP Santo Antônio), que compraram batedeira semi-industrial, liquidificador profissional, vasilhames, talheres”.
A confeiteira hoje não recebe mais a cesta básica mensal dos vicentinos. O projeto lhe permitiu adquirir renda e poder sustentar sua família com dignidade. “O projeto mudou tudo na minha vida. Me profissionalizei, mudou minha autoestima. Era meu sonho ser confeiteira, cuidar das crianças e trabalhar em casa. Os vicentinos são tornaram ele possível”, agradece a Gilmara, que hoje faz doces, bolos e salgadinhos que lhe geram renda e enchem de beleza e doçura a vida de seus clientes.
Embelezando a vida
Dentre os projetos selecionados no primeiro semestre deste ano está o “Embelezando a Vida”, que será realizado na cidade de Umuarama, no Paraná, a pedido da Conferência São José Operário. O projeto irá beneficiar uma família, composta pelos pais e três filhos (4, 8 e 16 anos), que já é assistida pela Conferência há cerca de quatro anos e irá possibilitar a transformação da garagem da casa da família em um salão de beleza. Atualmente, a esposa atua como cabelereira, indo até a casa das clientes e sem o aparato necessário profissional.
O confrade Ivan Belice, que acompanha de perto o projeto, explica que o pai da família é pedreiro e está trabalhando na obra de adaptação da garagem para que a esposa possa ter o seu próprio salão. “Depois do projeto aprovado, conseguimos a doação dos materiais de construção e o próprio pai de família está trabalhando. Com isso, as três crianças, além de terem a oportunidade de viver com maior dignidade, poderão visualizar que seus pais, com o próprio trabalho e esforço, conseguem gerir a família, produzindo, através do ganho gerado por seu trabalho, não só o sustento material, mas a força de trazer de volta a alegria dos pais em poder gerir sua família”, define.
A cabelereira assistida conta que não tinha nem os equipamentos profissionais, como secador de cabelos e prancha, nem os produtos para fazer os atendimentos em domicílio. “O salão ainda não está pronto, mas agora, graças aos vicentinos, vou à casa das clientes com o meu material e os meus produtos. Antes era uma mochilinha com pouca coisa e que, por não serem profissionais, faziam meu preço ser mais baixo e eu demorar mais tempo. Agora não. Os vicentinos já me ajudaram tanto. Só tenho que agradecer. Está sendo uma benção participar do projeto. Quando o salão funcionar sei que vai mudar a vida da minha família. Já está mudando, meu marido, que é pedreiro, se animou tanto que vai fazer um curso de corte para me ajudar a atender os homens. Meus filhos terão mais qualidade de vida, vamos andar com as nossas próprias pernas, sei que a renda vai aumentar, que as clientes vão aumentar”, afirma a beneficiada.
Ter a certeza que o trabalho da SSVP Brasil está sendo desenvolvido conforme seu fundador gostaria é o que motiva o Conselho Nacional a manter e ampliar o número de projetos beneficiados. Há uma frase de Frederico Ozanam, que segundo a consocia Ester, define o sentimento resultante de cada projeto em ação: ” Tenho muito bem a fazer, e com isso sinto nova energia para trabalhar”.