Por Padre Tito Marega
Religiosos de São Vicente de Paulo
Durante esses últimos anos, a partir de 2017, a Sociedade de São Vicente de Paulo teve a feliz ideia de aprofundar o conhecimento dos Sete Fundadores. Cada ano foi consignado sucessivamente a um deles. Com o estudo sobre Jules Gossin encerra-se essa fase. Eu cito o confrade Renato Lima, então Presidente do Conselho Geral Internacional, na sua última Carta Circular à pagina 123: “A partir de 2023 entramos na segunda fase do projeto, intitulado agora de “Personagens Históricos Vicentinos… Para 2024, por conta do acordo de cooperação assinado com os Religiosos de São Vicente de Paulo, dedicaremos o projeto a Jean-León Le Prvost”.
Em comemoração, o Boletim Brasileiro trará em todas as suas edições deste ano, um texto dos Religiosos de São Vicente sobre ele, e vamos trazer para você no site esta série especial!
Quem foi o confrade Jean-Leon Le Prevost?
Ele nasceu em Caudebec-en-Caux, na Normadia, aos 10 de agosto de 1803. Era 10 anos mais velho que Frederico Ozanam. Com nove meses de idade ficou órfão de mãe e tinha apenas uma irmã, Françoise-Catherine. Um ano após a morte de sua mãe, seu pai se casou com Rosalie Duchatard, que foi sua verdadeira mãe. Esta mulher o marcou profundamente. Na tenra infância LePrevóst sofreu um acidente na perna que o deixou tropego a vida toda.
Sua mãe o levou para todos os santuários da região pedindo a cura. Já idoso ele dizia que não foi curado, mas a doença deixou nele um terno carinho para com Nossa Senhora. Ele escrevia, já idoso, a respeito desta Mãe: “Pobre mãe, muito velha, boa como os anjos, cândida como eles. Uma alma toda caridosa. Conduzia-me a seus pobres para os quais estava trabalhando quase que exclusivamente. Ela vive só para o bom Deus, para os pobres e para seus filhos.” A gente vê a graça que é para nós termos essa influência de uma santa mãe. Numa carta ele dirá: “Deus pode ser comparado a uma mãe”.
Seu pai tinha uma pequena empresa que fornecia uniformes para o exército de Napoleão. Le Prevost foi estudar em Rouen no Colégio dos Jesuítas. Era um ambiente formativo de boa qualidade. Com a idade de 16 anos, teve que sair da escola porque a empresa do seu pai faliu junto com a ruína de Napoleão. Aos 20 anos, o seu pai faleceu devido ao desgosto.
Por volta de 1825, com a idade de 22 anos, foi para Paris. Conseguiu um emprego no Ministério da Educação e dos Cultos. Desses seus anos iniciais em Paris temos poucas informações. Sabemos somente que ele deixou de lado toda a prática religiosa. Como ele próprio, mais tarde, vai narrar numa carta ao seu melhor amigo: “Parti de Lisieux, onde morava então, para passar férias junto de minha mãe, com um bom amigo, generoso, mas muito mal inspirado pois sua luz não vinha do alto; já, sem eu perceber, ele tinha abalado minha fé. No entanto, passando pelo Havre, atravessando o braço de mar, ajoelhei-me à noite enquanto o outro dormia, recitei o terço. Terminada a reza do terço, coloquei-o sob o castiçal da mesa, num ato de distração. Ali o esqueci. Oito dias depois, todos os meus laços com Deus estavam rompidos…”
Em Paris, ele vive essa triste experiência pela qual passam bons jovens do interior, que são obrigados a ir para a cidade grande a fim de ganhar a vida. Temos um outro belo texto do antigo Superior Geral dos Religiosos de São Vicente sintetizando essa experiência. “São inúmeras pessoas que, procurando descobrir Jean-León Le Prevost, descobriram-se neles: crianças que nunca conheceram mãe; jovens que não puderam completar seus estudos pela falta de condições materiais; estudantes, cuja fé se estiola em contato com a descrença; adultos frustrados com suas aspirações intelectuais, políticas ou sócio religiosas. Pessoas que têm de aceitar um trabalho inferior às suas capacidades; casais em desarmonia, que vivem um doloroso calvário antes de se resignarem à separação… Toda as categorias humanas às quais pertenceu Jean-Léon Le Prevost no curso da sua vida.”