Dia 15 de Outubro é uma data para lá de especial, dia de homenagear todos os professores e professoras, aqueles que nos ensinam muito mais do que matérias escolares, que marcam nossas vidas e nos ajudam em nossa formação como pessoas. Dia de agradecer aqueles que por vocação, educam e ensinam crianças, jovens e adultos. E a Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) rende hoje suas homenagens a cada um desses educadores, contando a história de vida de três professores vicentinos, que comprovam que a profissão é uma vocação, é atender a um chamado maior, assim como participar da SSVP.
A vida da professora e consocia Vera Lucia dos Santos e Santos, de Varginha (Minas Gerais) está ligada aos vicentinos desde a adolescência e isso refletiu diretamente em sua carreira nas salas de aula, desde a formação até o modo de atuar. Criada na roça, desde menina tinha a escolinha como uma de suas brincadeiras favoritas. “Creio que aí já era um sinal, apesar de nunca ter pensado naquela época em ser professora. Eu dava aula e imitava a minha professora, como brincadeira”, conta a consocia que estudou na infância até a quarta série, que era o que a escola da região oferecia na época.
“Quando terminávamos a 4ª série, na época, precisávamos fazer um exame chamado admissão para seguir estudando, mas papai não deixou, porque era na cidade. Aos 14 anos, meu pai conseguiu um emprego e nos mudamos para a cidade. Era uma obra e quando ela acabou, meu pai ficou desempregado e passamos algumas necessidades. Éramos em sete filhos e me lembro de algumas pessoas que iam nos levar mantimentos, roupas e brinquedos no Natal”, lembra a professora.
Passaram-se dois anos e a família voltou para a roça e a consocia Vera só voltou para a cidade com a família aos 20 anos. “Comecei um curso chamado Movimento de Emaús, que levava jovens para a Igreja e lá fiz um amigo que me levou para conhecer a SSVP. E minha maior surpresa foi reencontrar anos depois aquelas pessoas que iam me ajudar quando passamos necessidades na primeira vez que moramos na cidade”, conta emocionada.
A Conferência a que foi apresentada foi a Nossa Senhora do Carmo. “Lá fui conhecendo os jovens, vi que todos estudavam, cursavam até faculdade e isso me incentivou junto com um grupo a voltar a estudar. Entrei no Fundamental, comecei a trabalhar no Sesi Minas como auxiliar de professora. Comecei a gostar muito de História graças a uma professora, Dona Pauliceia, e decidi ser professora graças a ela. Fiz Magistério e depois estagiei em uma escola, com crianças pequenas. Vi que minha vocação não era aquela, porque envolvia muita arte e não tinha habilidades.” Hoje a consocia atua na Conferência Beata Nhá Chica.
Para poder lecionar História no Ensino Médio, a consocia Vera foi para a faculdade por dois anos. Ela começou a lecionar e acabou dando aulas de Geografia, pois a concorrência em História era muito grande. “Com isso, voltei para a faculdade, por incentivo do meu marido e grávida, por mais dois anos”, lembra.
A professora Vera então passou em concurso para dar aulas no Estado, onde já se aposentou, trabalhou em escola particular e hoje leciona Geografia na rede municipal de Varginha. “Trabalho em uma escola de periferia, com alunos muito carentes e esse olhar vicentino me ajuda muito no trabalho, nos faz ver a criança e suas necessidades de forma diferente. Nesta pandemia mesmo, minha diretora, que também é vicentina, e outros professores formamos um grupo para arrecadar alimentos e doação para os alunos e suas famílias. A Conferência também tem ajudado”, conta.
Ao longo dos seus mais de 30 anos de Magistério e no Dia dos Professores, a consocia Vera chega a uma conclusão: “É muito gratificante ser professora e só fica na profissão, quem tem a vocação. O que nos move é o amor pelo outro, doar algo seu para o outro, o que casa perfeitamente com o espírito vicentino, de se colocar no lugar do outro”, finaliza.
Casal dedicado à Educação e aos vicentinos
O casal de professores de Goianésia, em Goiás, formado pelo confrade Victor Paulo Batista de Sá e pela consocia Fabiana de Souza Costa é outro bom exemplo de como o Magistério e a vida vicentina andam juntos. Ele participa da Conferência Nossa Senhora Aparecida e ela, da São Cristóvão.
O confrade Victor dá aulas de Química e Biologia há 14 anos. “O que me levou a ser professor foi a questão de gostar de ensinar, sempre fui muito falante e sempre gostei muito de estar no meio de gente, de pessoas. Me realizei no curso de Ciências Biológicas e hoje passar esse conhecimento aos meus alunos do Ensino Médio é muito bom”, explica.
Questionado da ligação entre ser professor e ser vicentino, o confrade é preciso: “Ser professor é uma vocação, assim como ser vicentino. Eu sempre digo em Conferências, a gente pode recrutar e colocar 40, 50 pessoas em uma Conferência, mas se essas pessoas não tiverem a vocação vicentina da Caridade, não adianta. É a mesma coisa com o professor. Você pode se formar professor na faculdade, mas se você não gostar de estar na sala de aula, você não executa a função. Por ser vicentino a gente olha o aluno de modo diferenciado. Quando vemos a tristeza neles, ficamos preocupados. Às vezes temos até alunos assistidos. Na escola mesmo, quando alguém precisa de assistência, eu e minha esposa somos procurados”.
A consocia Fabiana dá aula no mesmo local que o confrade, o Colégio Estadual Jalles Machado. Professora há 14 anos, atua na área de Ciências Biológicas, na qual é graduada e pós-graduada. “ O que motivou na escolha desta profissão foi experimentar na prática a sala de aula e ver que tem pessoas que ainda se interessam em aprender e fazer a diferença nessa Terra. Ser professor e vicentino é trabalhar em prol do próximo, com amor, fé e caridade, com um olhar diferenciado para os que mais precisam, seja, no aprender, seja, no realizar”, afirma a consocia.