No mês passado, iniciamos aqui no site a publicação da coluna do Boletim Brasileiro “Exemplos que arrastam”, criada para trazer exemplos de vicentinos espalhados pelo Brasil que se doam, de alguma maneira diferenciada, para a Sociedade de São Vicente de Paulo. A ideia aqui não é enaltecer a pessoa retratada, mas inspirar você, leitor (a), na sua caminhada!
:: Zelo Apostólico: O Cuidado pelos Pobres de Deus
Hoje, vamos contar a história de José Reis Araújo, de 80 anos, lá do interior de Tobias Barreto, em Sergipe. Em 1978, ele ia com integrantes da paróquia rezar o terço na casa das pessoas e um dia foi convidado por um amigo a participar de uma reunião dos vicentinos na Conferência Nossa Senhora Imperatriz dos Campos. Foi e nunca mais saiu. “Ingressei também em outros movimentos, mas nunca deixei a vida vicentina. Passei por todos, mas foi na SSVP que me encontrei. O amanhã pertence a Deus, mas é aqui que quero ficar”, lembra.
Em 1988, a Conferência foi desmembrada e se criou a Conferência São Francisco de Assis e mais tarde, surgiram as Conferências Nossa Senhora da Conceição e São Cristóvão. Em 1992, o Conselho Particular Tobias Barreto foi criado. Hoje, confrade José está como presidente interino da Unidade. “Depois de fundada a Nossa Senhora da Conceição, comecei a orientar, mas sem deixar de ir à Conferência Nossa Senhora Imperatriz dos Campos, que frequento até hoje. É função dos mais antigos ajudar as Conferências mais novas. E é isso que fiz e ainda faço”, conta José.
Ele se recorda que teve um período que tentaram acabar com a primeira Conferência, porque havia poucos membros. “Eu briguei para ela continuar, convenci até um dos confrades mais antigos, que estava afastado. Ele quem me ensinou a fazer as atas e a secretariar. A gente tem que ‘brigar’ para manter nossas Unidades. Se não tem gente, temos que buscar”, define.
José também foi presidente e integrante da diretoria do Abrigo Vicentino Marquinhas Barreto por 15 anos. Hoje não integra mais a diretoria, mas costuma ir visitar os residentes. “Visito porque é minha obrigação. Não estou mais na diretoria, mas sou vicentino. Vou lá, rezo o terço com eles. Não interfiro na diretoria, mas visito. Na minha época de diretoria reformamos a capela por duas vezes e agora vamos reformar de novo. Vai ser a terceira reforma, iluminados por Nossa Senhora”.
E José tem um jeito diferente de pensar: cuidar das Unidades Vicentinas é cuidar também dos Pobres. Ele busca incentivar as Conferências da cidade e enaltecê-las. Na sede do Conselho Particular ele fez uma homenagem para cada uma delas. “São oito birôs padronizados, com nome da Conferência, data da fundação e a flâmula com a foto dos patronos. E quando nós vamos abrir as reuniões estão lá todos os santos e santas”, diz.
O patrimônio também tem atenção especial. “Temos uma Marajó 87, que adquirimos em 1990 e ela nos acompanha. Vendemos ela três vezes, uma foi devolvida, na outra não pagaram e assim foi. Ela não é um carro velho. É cuidada, reformada. Temos Conferências longe, tem que ir como, de ônibus, de carro emprestado, a pé? Não, a gente cuida e vai com ela. Eu não sou dono de nada, não sou senhor da razão, mas cuido das coisas da Sociedade, tento passar o que sei para os novos. Cuidar da sede, do asilo, do carro, de tudo, é cuidar de quem ajudamos”.
Hoje ele visita regularmente seis Conferências, sendo duas no interior. “Eu não deixo a minha Conferência, mas vou às outras ajudar, tem ocasião que faço até as atas”, relata.
José não consegue colocar em palavras a importância da SSVP para ele. “Eu fiz supletivo e o que aprendi foi com a vida religiosa, o meu carisma é vicentino. Também foi a SSVP que me deu a minha casa, por exemplo. A gente construía casa para os Pobres e, em 1993, com base na Campanha da Fraternidade, uma freira sugeriu construir uma para uma família de vicentinos. Eu ajudei sem saber e no final, ganhei a casa que eu mesmo participei da construção. Os vicentinos são tudo para mim, ajudar os Pobres e a SSVP é tudo para mim. Nesses 45 anos, nunca trabalhei tanto. Mas cuido de tudo com amor. Tenho muito o que agradecer o que Deus fez na minha vida e retribuo com a SSVP”, finaliza.


