A pouco mais de um ano de comemorarmos os 150 anos de existência da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) no Brasil, convidamos você, confrade e consócia a conhecer um pouco mais da nossa história. Afinal, você sabe como a SSVP chegou às terras brasileiras?
Essa história começa lá em Portugal, com uma figura essencial chamada Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, um brasileiro, que morava em terras portuguesas e era funcionário da Coroa e servia ao Império do Brasil, desempenhando inúmeras funções, encargos e missões.
Dentro da vida vicentina, Francisco Coutinho foi um dos fundadores e o primeiro Vice-presidente da Conferência “São Luís Rei de França”, da Igreja de São Luís dos Franceses, em Lisboa (Portugal), fundada em 31 de outubro de 1859, ao lado do padre Joaquim José Sena de Freitas (CM), padre Emílio Eugênio Miel (CM), Conde de Samodães e outros vicentinos. Ele também colaborou com o confrade francês M. Thiberge na fundação da Conferência “São Pedro”, a segunda em terras portuguesas, no Funchal (Madeira), em 1875. Francisco foi vice-presidente do Conselho Superior de Portugal, tendo ação de grande relevância.
Depois da morte de Dom Pedro II, regressou ao Brasil e foi viver em Petrópolis. Naquela época, o confrade Francisco detinha o título de Visconde de Aljezur.
Em 19 de julho de 1872, após as cerimônias religiosas em louvor a São Vicente de Paulo, celebradas na Capela da Santa Casa de Misericórdia no Rio de Janeiro, alguns leigos foram convidados pelos padres Lazaristas para jantar no Seminário Diocesano de São José.
Naquele jantar se encontravam, entre outros, o conceituado médico Dr. Pedro Fortes Marcordes Jobim, o ilustre advogado Dr. Antônio Socioso Moreira de Sá e o Dr. Francisco Lemos Farias Coutinho, o Visconde de Aljezur.
Depois do jantar, um dos presentes, motivado, talvez, pelas celebrações em louvor ao ‘Pai da Caridade’, referiu-se às maravilhosas obras que, em diversos países, a Sociedade de São Vicente de Paulo vinha desenvolvendo em favor dos Pobres, e acrescentou que estava realmente surpreso em saber que não existia, ainda, uma Conferência Vicentina instalada no Brasil.
Diante de tais ponderações e movidos por inspiração divina, o Visconde de Aljezur, o fundador da primeira Conferência em Portugal, e os confrades Pedro Jobim e Antônio Secioso, que já haviam frequentado Conferências na Europa, decidiram, então, fundar uma Conferência em terras brasileiras.
E no dia 4 de agosto de 1872, foi fundada, no Seminário Diocesano do Rio de Janeiro, a Conferência São José, a primeira do Brasil. O confrade Visconde Aljezur foi eleito o primeiro presidente, que nomeou os confrades Pedro Jobim, para secretário, e Antônio Secioso, para tesoureiro.
A Conferência de São José foi agregada em 16 de novembro de 1872, embora algumas publicações considerem 16 de dezembro de 1872 como a data de agregação.
E de lá para cá, quase 150 anos de história se passaram, com plena dedicação ao Pobre, formando uma ampla rede de caridade. Conversar com os confrades e consócias mais antigos é sempre um aprendizado sobre a vida.
O confrade mineiro Hélio Pinheiro da Cunha explica o quanto a Sociedade São Vicente de Paulo preenche sua vida: “Quando ingressei, na Conferência de São Sebastião, em Barbacena, dia 26 de fevereiro de 1958, por livre e espontânea pressão de papai, imaginava me safar bem depressa dessa ‘amolação’. Em bom mineiro, caí do cavalo e apeado estou, participando de três Conferências – a Santo Antônio, São Lucas e Nossa Senhora da Penha. As vantagens de ser vicentino são muitas, mas a principal é poder estar junto a um maior número de pessoas Pobres. Assim como foi importante a fundação da Sociedade, no meu caso particular ela proporciona condições de buscar a virtude da humildade com seus ensinamentos . Coisa importantíssima , também é o círculo de amizade que se formou ao meu redor,de tal maneira de ainda hoje, me emocionar ao receber de longe, de outro rincão do Brasil, a mensagem de um amigo, saudando-me com o tradicional Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, avalia.
Quando questionado sobre como ele vê a importância da SSVP no Brasil, o confrade é direto. “Seria enfadonho e cansativo discorrermos sobre as vantagens e benefícios da fundação da Sociedade no mundo e no Brasil. Assim concluímos com um pensamento do confrade Pierre Chouard, Presidente Geral de 1954 a 1969. ‘Em qualquer lugar onde o vicentino encontre uma Conferência, encontra uma família,a mesma família, apesar da extrema diversidade diversidade das ocupações e das particularidades’”, finaliza.