Na cidade de Contagem-MG, o projeto Haitibraz desempenha um papel fundamental na assistência a imigrantes haitianos. Coordenado pelo confrade José Andalécio De Maesqui, a iniciativa busca superar desafios significativos para integrar e apoiar uma comunidade muitas vezes marginalizada.
Origem do Haitibraz
O projeto iniciou em 2012, quando o coordenador, José Andalécio, inspirado pelo terremoto devastador no Haiti em 2010, decidiu agir. A ideia inicial ganhou força quando haitianos começaram a chegar em Contagem/MG, e desde então, o projeto desempenha um papel crucial na vida desses imigrantes.
Um dos maiores desafios enfrentados pelo projeto Haitibraz é o desinteresse político devido às diferenças culturais. “A barreira linguística também se mostrou uma dificuldade, com muitos haitianos falando crioulo haitiano, uma língua desafiadora para muitos profissionais de saúde e empregadores locais.”, comenta confrade.
Andalécio destaca que a falta de qualificação profissional dos imigrantes é outro obstáculo significativo. “Muitos haitianos chegam ao Brasil sem habilidades específicas para o mercado de trabalho, tornando-se uma barreira adicional para sua integração”, reforça o responsável pelo projeto.
Atividades do Projeto
Apesar dos desafios, o Haitibraz realiza uma variedade de atividades em prol dos imigrantes. Isso inclui assistência médica, suporte no sistema de saúde, aulas de crioulo haitiano para português e esforços para ajudar na busca de emprego. O projeto também busca criar uma escola profissionalizante para proporcionar um futuro melhor para a comunidade haitiana.
“Em 2012, uma senhora no bairro Petrolândia acolheu um grupo de haitianos, e eu prontamente me ofereci para ajudá-la. A partir desse momento, minha jornada com a comunidade haitiana começou. Naquele período, descobri que a maioria deles não falava francês, o idioma predominante no Haiti. Diante desse desafio, decidi dedicar-me ao estudo do crioulo haitiano. Em apenas três meses, com a ajuda desses incríveis indivíduos, eu já possuía um pequeno domínio do Crioulo Haitiano. Hoje, ministro aulas dessa língua tão significativa para eles. À medida que mais haitianos chegavam em grande quantidade, percebi que eu era o principal elo de comunicação para conseguir trabalho, garantir escolas para as crianças e proporcionar assistência a dezenas de doentes no sistema de saúde em Contagem.”, explica Andalécio.
Durante o período da pandemia, houve um aumento expressivo no número de haitianos chegando. Ao longo desse período, Andalécio se dedicou a dar suporte ao sistema de saúde local, inclusive à casa da gestante. Muitas delas buscavam ter os bebês no Brasil para garantir a cidadania brasileira aos seus filhos.
Dificuldades
No entanto, atualmente o Haitibraz enfrenta um futuro incerto devido à situação política no Haiti. A Associação está paralisada devido às dificuldades de lidar com o governo haitiano, que impõe altas taxas para saída do país.
Apesar das adversidades, Andalécio continua a lutar pelos imigrantes, buscando ajuda para trazer suas famílias e criar oportunidades para uma vida mais digna. “Uma prática comum entre os haitianos é trocar o dinheiro em dólar e enviá-lo para suas famílias no Haiti. Contudo, essa prática resulta em perdas consideráveis, uma vez que o dólar ganho aqui precisa ser convertido em Gourde, a moeda do país de origem’, explica o responsável pelo projeto.
Andalécio conduziu uma pesquisa sobre os preços dos alimentos no Haiti, revelando a disparidade significativa. “Um pacote de arroz que custa 23 reais aqui é vendido por 85 reais lá, e uma cesta básica de 80 reais aqui atinge a marca de 500 reais (ou 100 dólares) no Haiti”, detalha.
O confrade, mesmo diante dos desafios, mantêm a dedicação à causa: “essas experiências moldaram meu compromisso com o projeto Haitibraz, buscando proporcionar uma vida melhor para a comunidade haitiana aqui em Contagem e além.”, conclui o confrade.