A SSVP e a liberdade de expressão

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Um dos temas trabalhados durante o 12º Encom, realizado em outubro, foi a liberdade de expressão. Entendemos que tal conteúdo não deveria ficar restrito aos vicentinos ligados aos Departamentos de Comunicação, dada sua importância global dentro da nossa Organização. Para isso, trazemos uma compilação da palestra dada pelo 2º Vice-presidente do CNB, Jean de Morais Araújo,  “Liberdade de expressão – Os cuidados que um vicentino deve ter”. 

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Ele destacou aspectos importantes, como a diferença entre liberdade de expressão e difamação, calúnia, violação de privacidade, discurso de ódio e ataques à Organização. “A democracia e a liberdade de expressão são características imutáveis dentro da SSVP. É preciso ter cuidados no comportamento pessoal para que não se perca a empatia, a comunicação afetiva e o respeito à dignidade”, ressaltou o 2º Vice-presidente.

Jean falou sobre a democracia exercida na própria estrutura da SSVP, destacando que as decisões são tomadas o mais perto possível do local de ação para assegurar que se respeitem seu ambiente e as circunstâncias culturais, sociais, políticas, etc. “Assim, a Sociedade desenvolve iniciativas locais adequadas ao seu espírito. Esta liberdade de ação das Conferências e dos Conselhos, que foi observada fielmente desde as origens da Sociedade, permite-lhes ajudar os Pobres, espontaneamente e de modo mais eficaz, porque estão livres de uma burocracia excessiva. Todas as decisões são tomadas por consenso, a seguir à oração, reflexão e consulta necessárias, O espírito democrático prevalece no seio da Sociedade a todos os níveis e, se necessário for, pode-se recorrer ao voto”.

O 2º Vice-presidente trouxe aos presentes uma reflexão importante sobre os limites da liberdade de expressão: é aquilo que mais caracteriza a democracia dentro da SSVP, valendo para manifestação de ideias e opiniões por qualquer meio, porém, ao contrário do que pensam alguns, tem limites. Ela não é infindável. “Este limite vai ser exatamente em relação às outras Pessoas (vicentinas ou não) e organizações. Agir fora disso é se afastar do espírito de fraternidade que deve ser uma marca de todo vicentino”, afirmou.

Dentro da questão mais profunda dos limites da liberdade de expressão, Jean lembrou que nem tudo pode ser dito, muito menos de qualquer maneira, destacando as questões legais que a comunicação errada pode acarretar. Entre elas, destacam-se:

– Difamação e calúnia: falar mentiras, inventar coisas e comportamentos e atribuir aos outros, questionar a honra.

– Violação da privacidade: informações pessoais de terceiros sem autorização.

– Ataques à Organização: críticas respeitosas, observações legais, discordâncias em relação à SSVP são bem-vindas. Mas ataques aos seus princípios não podem ser tolerados.

– Discurso de ódio: A SSVP repudia qualquer tipo de discurso de ódio, seja ele baseado em raça, religião, gênero ou qualquer outra característica.

Ele ainda deu algumas dicas práticas que cabem a qualquer vicentino dentro da sua comunicação, partindo do princípio da liberdade de expressão aliada ao respeito, seja ela dentro da SSVP, com os assistidos ou com outras Organizações:

– Reuniões: participação ativa; respeito às diferentes opiniões; foco no diálogo; decisões consensuais (ao máximo possível).

– Redes sociais: uso responsável; respeito à privacidade; linguagem adequada; não prejudicar a imagem da SSVP.

– Documentos internos: devem registrar a verdade; que sigam as normas.

– Empatia e escuta ativa: interesse pelas histórias de vida dos Pobres. Ouvir sobre suas necessidades, preocupações e sonhos.

– Respeito à dignidade: às vezes, tudo o que falta é exatamente isso. Então, devemos julgar ninguém por suas origens ou condições sociais.

– Confidencialidade: o máximo respeito pelas informações pessoais dos Pobres.Diálogo aberto: buscar parcerias e colaborar para o bem comum.

– Respeito às diferenças: reconhecer pontos em comum para fortalecer o trabalho em rede.

– Diálogo aberto: buscar parcerias e colaborar para o bem comum.

– Respeito às diferenças: reconhecer pontos em comum para fortalecer o trabalho em rede.

Outro ponto destacado que vale a pena ser relembrado é as formas de desrespeito à liberdade de expressão. Jean citou e explicou algumas: censura (impedir que membros expressem suas opiniões ou críticas), intimidação (criar um ambiente de medo e hostilidade para silenciar aqueles que discordam), rotulação (rotular as pessoas com base em suas opiniões, limitando o diálogo e a compreensão mútua), hierarquização excessiva (impossibilidade de questionar decisões tomadas pelos líderes, mesmo quando há divergências) e falta de escuta (não dar a devida atenção às opiniões dos outros, demonstrando desinteresse ou desrespeito).

Jean ainda ressaltou o que esse desrespeito pode trazer dentro da Sociedade. “Temos diversas consequências quando não se tem o respeito à liberdade de expressão. Entre eles, a fraqueza dos laços fraternos, pois a confiança entre os membros é abalada, e os laços fraternos se enfraquecem; os conflitos com valores cristã, que é a contradição entre o discurso e prática e afeta diretamente a coerência da missão vicentina; a diminuição da participação vicentina, pois se os membros não se sentirem seguros para expressar suas opiniões, eles podem se tornar passivos e deixar de participar ativamente das atividades da SSVP; a criação de um ambiente tóxico, caracterizado por medo, desconfiança e hostilidade; a perda de credibilidade e confiança (prejuízo à imagem) externa e internamente, com a diminuição e ausência de transparência e participação democrática, e a dificuldade em tomar decisões, pois elas tendem ser tomadas de forma autoritária, sem levar em consideração as diferentes perspectivas. Isso são só algumas consequências para refletirmos, mas com certeza, podemos ter outras em vários âmbitos”, afirma.

Para finalizar, o 2º Vice-presidente ainda deu algumas “dicas” de como promover a liberdade de expressão dentro das Unidades Vicentinas: “Podemos adotar no dia a dia atitudes práticas e fáceis que proporcionarão um local democrático, com liberdade de expressão e respeito, como toda Unidade Vicentina deve ser. São algumas delas – criar um ambiente seguro, onde todos se sintam à vontade para expressar suas opiniões sem medo de represálias; promover o diálogo aberto e respeitoso entre os membros, valorizando a diversidade de opiniões, escutar ativamente, demonstrando interesse pelas opiniões dos outros, mesmo quando não se concorda com elas, respeitar as diferenças, aceitando que as pessoas tenham opiniões diferentes e buscando pontos em comum, incentivar a participação, estimulando a participação de todos nas decisões e formar líderes, pessoas capazes de promover o diálogo e a participação democrática”, concluiu Jean.

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