Padre Emanoel enfatiza as reflexões que devemos fazer nessa época do Natal

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Quando menos se espera já é de novo Natal… Tempo de recordar que nosso cotidiano deve ser como o de José e Maria: encharcado de Deus, cheio de Deus, invadido pela graça renovadora do Senhor que deseja fazer morada entre nós. Por isso, celebrar o Natal do Senhor é preciso, ou seja, além de oportuno, é necessário. Precisamos disso! Se no ano passado, 2020, duvidamos se celebraríamos o Natal do Senhor, em 2021 temos a certeza, ou melhor, o desejo incontido de celebrar, festejar, reunir a família para, juntos, dizer que Deus veio visitar seu povo, armar sua tenda entre nós, veio morar conosco, viver com a gente e nos mostrar que a vida é encanto e partilha. 

Celebrar o natal do Senhor é antes de tudo celebrar o mistério da encarnação de Deus em nossa vida e em nossa história. É um mistério que nos convida a renovar a esperança e fazer-nos perceber a presença renovadora em nosso cotidiano, no tempo fragmentado, isto é, como diz o pensador, não precisamos esperar “tempos inteiros”, completos, perfeitos, preparados e planejados para perceber a presença de Deus em nós e na vida. 

Lembremos que, mesmo Deus esperando para nascer, quando Maria deu à luz não havia nada preparado para recebê-Lo. Foi no inesperado e improvável estábulo que Ele nasceu, onde a luz brilhou, tendo como testemunhas apenas alguns animais. Portanto, não esperemos que a vida esteja “perfeita” para perceber a presença de Deus. Ele pode ser encontrado nas surpresas inesperadas da vida: na viagem não planejada, na visita inesperada, na reunião cancelada, no dia de greve dos transportes, na notícia indesejada… enfim, na vida que acontece todo dia.

Dessa forma, como nos alerta a Sagrada Escritura, não sejamos apanhados de surpresa; estejamos atentos e preparados para perceber que “é a voz do meu amado! É ele que vem saltando pelos montes, transpondo as colinas” (Ct 2,8). Mesmo que 2021 não tenha sido fácil cultivemos no coração as palavras acalentadoras do Papa Francisco de que “Deus cura nossas feridas com as suas mãos, e para ter mãos se fez humano”. Ao celebrar o natal não deixemos que os presentes, a música alta e a ceia farta germinem em nós a indiferença aos sofrimentos de tantos pobres afetados pelos efeitos da pandemia, das atitudes irresponsáveis das autoridades governamentais e de uma economia desarrumada. 

Tenhamos sempre presentes a ressoar em nossas celebrações as palavras de São Vicente: “Nada temos de novo, a não ser o mistério que se aproxima e que nos fará ver o Salvador do mundo como que reduzido à forma de uma criança. E espero que nos encontremos juntos aos pés do presépio, a fim de pedir-lhe que nos atraia para junto de si em seu despojamento”… “Somente Nosso Senhor foi tão apaixonado de amor pelas criaturas a ponto de deixar o trono de seu Pai para vir tomar um corpo sujeito às enfermidades. E por quê? Para estabelecer entre nós, por seu exemplo e sua palavra, a caridade para com o próximo”. Pois, ele é “a eterna criança, o Deus que faltava”, aquele que nos amou primeiro e que sempre estará conosco.

Feliz e abençoado Natal a todos!

Pe. Emanoel Bedê, C.M.

20/12/2021

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