A dona de casa Jéssica Paloma de Oliveira (23) foi morar em um bairro chamado Progresso na cidade de Iguatama (MG), área do Conselho Central de Arcos e Metropolitano de Formiga da Sociedade de São Vicente de Paulo. Mas progresso não se encontra facilmente no lugar. Quando se chega ao local, o cheiro do esgoto que corre a céu aberto e escoa pelas ruas é forte. Insetos atacam visitantes e moradores. Só tem água e energia por meio de “gatos”. As casas são pequenas, algumas sem portas e janelas, onde crianças dormem no chão, sem colchão. É neste lugar que Jéssica vive com marido e três filhos. A vida não é fácil. O esposo ganha um salário mínimo. Com o dinheiro precisa comprar comida, remédios, roupas e material escolar para as crianças que estão na escola. A prioridade é garantir que os filhos não passem fome, no entanto, pequenos desejos deles, a exemplo de sorvete ou sanduíche, praticamente nunca são possíveis de se realizar.
E é neste cenário que vem uma lição de defesa da vida. Com todas as dificuldades que enfrenta, ela conta que nunca pensou em interromper a gestação dos filhos. “A vida é muito difícil, não vou mentir. Só que não sou uma assassina. Se engravidei, tenho que arcar com todas as consequências e não é matando uma criança que farei isso. Meus filhos são tudo o que tenho. A gente passa dificuldades, mas juntos, e dinheiro não é tudo. Somos muito felizes”.
Jéssica e outras sete gestantes da comunidade receberam apoio do Conselho Particular Santo Agostinho, incentivando que elas não praticassem o aborto e garantindo que as mesmas tivessem condições dignas durante a gestação e parto. De acordo com a consócia Vanessa Reis, membro da Conferência São José, os vicentinos acompanharam as mulheres; encaminharam-nas para atendimento médico, além de fornecerem um kit maternidade, com enxoval para os bebês. “Hoje, vendo que estas gestantes já estão com os filhos nos braços (exceto uma, que perdeu o bebê de causa natural), nós temos um sentimento de muita gratidão. Essas mulheres se apoiaram em nós e acreditaram que ter o filho era o caminho certo”.
O presidente do CP, confrade Ricardo Fonseca, explica que a doação e o acompanhamento às gestantes não têm o intuito de incentivar novas gravidezes, e sim, fazer com que se cumpra o mandamento de Deus: ‘Não matarás’. “Não é porque os vicentinos estão ajudando, que elas vão achar que é fácil ter filho. Nossa contribuição é muito pequena diante de todas as dificuldades que elas sabem que vão ter que enfrentar. Nosso papel é apenas de ajudá-las a entenderem que o aborto não é correto”.
Jéssica, que foi uma das gestantes acompanhada pela SSVP, tem orgulho do filho Luan, de 4 meses, e faz planos para ele e os irmãos (de 9 e 3 anos). “Eu só quero agora que eles cresçam, trabalhem e sejam pessoas de bem. Que consigam melhorar de vida, sem prejudicarem outras pessoas”.
Perigo e tentativas de legalização do aborto no Brasil
No fim de novembro, a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu precedentes para descriminalizar o aborto até o terceiro mês de gestação, quando concedeu habeas corpus para revogar a prisão preventiva de cinco pessoas que trabalhavam em uma clínica clandestina de aborto em Duque de Caxias (RJ). A decisão é sobre um fato específico, no entanto, abre precedentes para a legalização do aborto.
Está também pronta para julgamento pelo STF uma ação que pede a liberação do aborto em grávidas que tenham contraído o vírus Zika.
Rejeitando essas iniciativas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em nota, mostrou a posição da Igreja de ‘defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural’. Os bispos pediram ainda que todas as comunidades rezem e se manifestem publicamente contra o aborto.
Fonte: Redação do SSVPBRASIL