“Foi-nos dado um Filho” (Is 9, 5)

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Queridos Confrades e Consócias, louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! É com o sentimento de grande alegria que dirijo a vocês essa mensagem de natal. Deus se fez pequeno, se fez carne e quis habitar no meio de nós. 

O natal de Jesus Cristo é para nós a renovação da esperança de dias melhores. “O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz” (Is 9, 1). A escuridão do pecado e da morte, a falta de esperança e as angústias do dia a dia se dissipam ante ao clarão da luz daquele que nasce e continua nascendo a cada dia no coração dos homens e mulheres de boa vontade, dispostos a acolher a sua mensagem. “Quando o anjo foi saudar a Santíssima Virgem, começou reconhecendo que ela era cheia de graças do céu: Ave, cheia de graça. […] E depois, que lhe faz? Dá-lhe esse belo presente da segunda pessoa da Santíssima Trindade (Jesus)” (SV, XII, 213). A sua encarnação é o mistério que nos faz participar da humanidade de Jesus e sermos cada vez mais parecidos com ele. Esse deve ser o objetivo de todo cristão, assumir em nossa vida as virtudes de Jesus Cristo.

Celebrar o natal é também celebrar a humildade de um Deus que desce do céu e assume as nossas misérias e pobrezas. Diante do presépio nós nos deparamos com uma cena comum a todos nós vicentinos, quando visitamos nossos Mestres e Senhores, os Pobres. Vemos uma família pobre, sem recursos para uma hospedaria, em um ambiente impróprio para o nascimento de uma criança e tendo como únicas companhias os animais que ajudavam a aquecer o lugar do nascimento do menino Jesus. O presépio não deve ser para nós apenas um artigo de decoração natalina em nossas casas, mas deve nos fazer crer que Deus escolheu ser pobre como os pobres.

As festas que estamos vivenciando marcam para nós a alegria de um povo que esperava com ansiedade a vinda daquele que iria salvar a humanidade do poder que a oprimia. Com o nascimento de Jesus a alegria está novamente presente e a felicidade reina em todos os lares. “Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade” (Is 9, 2). É essa a alegria que deve reinar em nossos lares e famílias nesse tempo do natal. Devemos nos contagiar com a alegria da encarnação do Verbo e espalhar essa alegria a todos que ainda vivem na escuridão das trevas da morte e perderam o sentido da vida.

“Não havia lugar para eles na hospedaria (Lc 2, 7). O Evangelho narra que Maria deu à luz, enfaixou o menino e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. Não houve uma verdadeira acolhida à família de Nazaré. Por mais que as hospedarias estivessem lotadas por causa do recenseamento realizado naquela época, faltou uma sensibilidade para com aquele casal que estava prestes a ter um filho. A falta de acolhida é um grave pecado que devemos sempre observar para não cometê-lo. No contato com os mais pobres a acolhida é fundamental. Os Pobres nos ensinam como ser realmente acolhedores. Recordemos das visitas aos assistidos e de como eles nos evangelizam. A acolhida dos mais pobres é a mais verdadeira, pois eles nos dão tudo o que de melhor podem oferecer. Os detalhes mais simples da visita demostram o carinho e a acolhida daqueles que nos evangelizam.

“Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria” (Lc 2, 10). O anúncio do natal e a alegria desse grande mistério faz com que se dissipe todo medo. Quais são os nossos medos? O que ainda nos impede de nos tornarmos pessoas melhores? Quais são minhas limitações e fraquezas como vicentino? O medo paralisa e não nos deixa avançar no serviço da caridade. O beato Antônio Frederico Ozanam e São Vicente de Paulo não deixaram que o medo os desanimasse, pelo contrário, foram movidos por uma grande alegria de poder estar no meio dos mais pobres assim como o pobre menino Jesus. “Não tenhais medo!” Esta exortação do anjo aos pastores é dirigida a cada um de nós, que, por vezes, nos deixamos dominar pelos medos e não conseguimos ver a alegria da missão e daqueles que estão diante de nós. “Não pode haver tristeza quando nasce a vida: dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa de eternidade. Ninguém está excluído da participação nesta felicidade” (São Leão Magno).

“Nasceu para vós um Salvador! (Lc 2, 11). A noite de natal, mais do que uma festa social e ocasião de trocar presentes é uma verdade de fé. Jesus nasceu, ele é o Cristo, Salvador de todos nós. E do que ele nos salva? Dos nossos pecados e das consequências que eles causam. Jesus é salvador e redentor da humanidade. Uma humanidade que muitas vezes perdeu o sentido do natal. Nós enquanto vicentinos devemos ajudar as pessoas a compreender o verdadeiro sentido do natal que é a descida de Deus das alturas, para elevar as criaturas, ou seja, Deus escolheu fazer parte da humanidade para resgatar a cada um de nós. Ele assumiu em tudo a condição humana, menos o pecado. Viveu as nossas alegrias, experimentou as nossas angústias, provou das nossas dores e passou pela realidade mais dura do ser humano que é a morte. E para que tudo isso? Para nos apresentar um caminho de salvação.

Que nesse natal, cada vicentino e vicentina experimente o amor de Deus. Que seja uma oportunidade de crescimento espiritual e humano para que, renovados por essa grande alegria e pelo amor que Deus tem por cada um de nós, continuemos a fazer aquilo que o próprio Jesus fez, evangelizar os Pobres. Desejo que a alegria do natal esteja presente no lar e na vida de cada um. Que esse mistério seja vivido na simplicidade e na humildade, virtudes que São Vicente tanto amava. “Rogo a Nosso Senhor vos dê a graça de progredir muito no amor e na prática das virtudes que brilharam em seu santo nascimento. Que ele seja, para todo sempre, a vida de vossa vida e o laço unitivo de vossa pequena comunidade, a qual eu abraço ternamente.” (SV, IV, 1435).

Que São Vicente de Paulo e o Beato Antônio Frederico Ozanam abençoe a todos! Um feliz e santo natal!

Pe. Allan Júnio Ferreira, CM

Assessor Espiritual do CNB

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