Explorados e sem voz, menores refugiados enfrentam violência e abusos

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Crianças refugiadas (L'Osservatore Romano)

São, sobretudo, as crianças que pagam “os custos da imigração, provocada quase sempre pela violência, pela miséria e pelas condições ambientais”. É o que denuncia o Papa Francisco na mensagem para a próxima jornada mundial do migrante e do refugiado, que se celebrará em 15 de janeiro de 2017, com o tema “Migrantes menores, vulneráveis e sem voz”.

O fenômeno atinge uma em 200 crianças do mundo. Segundo dados recentes, quase uma entre três crianças que vivem fora de seu país de nascimento é refugiada. De 2005 a 2015, o número de crianças refugiadas dobrou.

Publicada em 13 de outubro, a mensagem papal se baseia no ensinamento de Jesus no Evangelho  – “Quem receber um destes meninos em meu nome é a Mim que recebe” – para sublinhar  a repreensão endereçada aqueles que escandalizam os pequenos ou os que exploram as crianças na prostituição, na pornografia, trabalho infantil, no uso delas como soldados, no envolvimento com a tráfico de drogas e outras formas de delinquência, forçadas à fuga dos conflitos e das perseguições.

Centrando-se no fenômeno migratório, o Papa nota como são os menores que pagam os custos onerosos da imigração, tornando-se privados de seus direitos declarados nas convenções internacionais. “A idade infantil tem necessidades únicas e irrenunciáveis. Em primeiro lugar, o direito a um ambiente familiar saudável e protegido, onde possam crescer sob a guia e o exemplo dum pai e duma mãe; em seguida, o direito-dever de receber uma educação adequada, principalmente na família e também na escola, onde as crianças possam crescer como pessoas e protagonistas do seu futuro próprio e da respectiva nação. De fato, em muitas partes do mundo, ler, escrever e fazer os cálculos mais elementares ainda é um privilégio de poucos. Além disso, todos os menores têm direito de brincar e fazer atividades recreativas; em suma, têm direito a ser criança”, diz o Papa.

Os menores migrantes também sofrem também com a falta de documentos e ficam escondidos aos olhos do mundo. Acabam facilmente nos níveis mais baixos de degradação humana, onde a ilegalidade e a violência queima, numa única chama o futuro deles. E a rede de abuso dos menores é difícil de romper.

O Papa Francisco propõe enfrentar essa situação com quatro medidas:

1) reconhecer que o fenômeno migratório é parte da história da salvação «amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito» (Dt 10, 19).;

2) proteger as crianças migrantes do tráfico de pessoas e da exploração, evitando que fiquem na indigência e, ao mesmo tempo, intervir com mais rigor sobre quem as explora;

3) em vez de dedicar esforços para impedir a entrada das crianças ou mandá-las de volta para seus países de origem, incluí-las socialmente, principalmente as que estão em centros de detenção;

4) enfrentar, nos países de origem, as causas que provocam as migrações, entre elas as guerras.

*Com informações do Osservatore Romano

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