Nesta terça-feira, 27 de agosto, comemoramos o Dia do Psicólogo, um momento para refletirmos sobre o papel crucial desses profissionais na promoção da saúde mental, especialmente entre os idosos. A socialização, que é uma das bases para um envelhecimento saudável, ganha ainda mais relevância quando observada sob a ótica da psicologia, como apontam as especialistas Ênia Campos Miranda e Flávia Alves de Souza Teixeira.
A Socialização como Ponto Central para um Envelhecimento Ativo
Segundo Ênia Campos Miranda, psicóloga clínica e hospitalar especializada em saúde do idoso, a socialização é essencial para a manutenção da saúde mental e física dos idosos. “Somos seres sociais e nos constituímos como pessoa a partir da interação com o outro. Na terceira idade, a socialização é um dos aspectos preconizados pela OMS para um envelhecimento ativo, que visa uma vida com mais qualidade pela otimização das oportunidades de saúde, participação social e segurança”, afirma Ênia.
A psicóloga explica que, durante o envelhecimento, fatores como aposentadoria e perda de amigos e familiares podem influenciar negativamente o bem-estar dos idosos. No entanto, o engajamento em atividades sociais pode atuar como fator de proteção contra o estresse, isolamento, depressão e ansiedade, prevenindo até mesmo quadros mais graves, como o suicídio. “Pessoas idosas com vida social ativa tendem a ter um estilo de vida que favorece a realização de atividades físicas, o que contribui para o fortalecimento dos músculos, maior flexibilidade e equilíbrio, além da melhora do humor e do bem-estar geral”, complementa.
O Papel do Psicólogo na Promoção da Socialização
Para Flávia Alves de Souza Teixeira, que atuou como psicóloga em um Lar Vicentino de Idosos, o processo de socialização pode transformar a vida dos idosos. Durante o tempo em que trabalhou no Lar de Idosas Padre Leopoldo Mertens, em Belo Horizonte/MG, Flávia percebeu como atividades simples, como rodas de conversa, caminhadas pelo jardim e brincadeiras, impactavam positivamente a rotina das idosas. “No início, percebi que as idosas eram quietas, desmotivadas e recolhidas em seus aposentos. Com o tempo, ao iniciarmos atividades de socialização, vi uma mudança significativa: elas passaram a se sentir mais confiantes, desejando participar e interagir”, relembra Flávia.
Ênia ressalta que o psicólogo tem um papel fundamental na identificação de idosos que necessitam de maior socialização. Através de uma escuta ativa e observação cuidadosa, é possível perceber sinais de isolamento e sofrimento psíquico. “As estratégias de intervenção devem ser personalizadas, considerando a história de vida e as preferências de cada idoso”, destaca. A psicoterapia, tanto individual quanto em grupo, e a realização de oficinas terapêuticas são algumas das formas de intervenção que podem promover a socialização e melhorar a qualidade de vida dos idosos.
Família, Cuidadores e Comunidade: Parceiros Essenciais
Além do trabalho do psicólogo, Ênia e Flávia concordam que a família, os cuidadores e a comunidade desempenham um papel crucial no processo de socialização dos idosos. “Um relacionamento saudável e de qualidade com familiares e cuidadores transmite segurança, proteção e confiança ao idoso, contribuindo para sua autoestima e motivação”, afirma Ênia.
A comunidade, por sua vez, pode contribuir com gestos simples de atenção e carinho, além de incluir os idosos em atividades sociais e criar políticas públicas que garantam seus direitos. “A convivência positiva com pessoas queridas e a inclusão em atividades comunitárias são fundamentais para o envelhecimento ativo e digno”, conclui.
Neste Dia do Psicólogo, reconhecemos a importância desses profissionais na promoção da saúde mental dos idosos, e reforçamos a necessidade de valorizar a socialização como um meio de garantir uma vida mais saudável e feliz para essa parcela da população.
