Insegurança alimentar no Brasil: Sociedade de São Vicente de Paulo atende 74 mil famílias em situação de necessidade

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Comissão de Jovens do Conselho Central São Lucas

Voluntários da SSVP, em especial os mais jovens, trabalham durante a pandemia para garantir alimentação de famílias carentes em todo o Brasil

Em 16 de outubro é celebrado Dia Mundial da Alimentação. Neste ano, o foco da campanha que marca a data não poderia ser diferente: chama a atenção para a necessidade de esforços globais para que todos tenham acesso à alimentação segura, saudável e nutritiva em tempos da pandemia causada pelo coronavírus, fato que agravou os problemas econômicos em muitas populações carentes.

Atenta ao impacto da pandemia nas famílias brasileiras, a Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), atingiu a marca de 74 mil famílias assistidas em todo o Brasil, com oferecimento de alimentos e itens básicos de higiene, além da organização de mais de 600 lares de idosos. “Esse não é um Dia da Alimentação Comum, então precisamos de ações incomuns”, alerta o presidente da SSVP Brasil, confrade Cristian Reis da Luz.

De acordo com Cristian, a SSVP, que conta hoje com cerca de 153 mil voluntários no Brasil, se organizou para que, durante o período da pandemia, os vicentinos mais jovens pudessem realizar as visitas semanais às famílias em necessidade, a fim de manter e até reforçar sua atuação nesse período de crise. “Ao mesmo tempo em que nossa instituição trabalha para pensar soluções a longo prazo, que possam dar condições para que as famílias tenham oportunidade no futuro, temos uma linha de frente voltada para o enfrentamento do dia a dia, oferecendo alimento para quem não tem o que comer agora. É uma situação delicada em muitos lares, que precisam, de ajuda com urgência. Por isso, nossos membros mais jovens não pararam de visitá-los, a fim de levar ajuda”, conta.

Dados divulgados em setembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelaram que quatro em cada dez famílias brasileiras não têm acesso regular e permanente a uma quantidade e qualidade suficiente de comida. Isso significa que e4ssa parcela da população precisa limitar o tipo ou a porção de alimentos que vão à mesa, ou até mesmo passar fome.

A situação é pior em lares chefiados por mulheres e negros. Também é mais grave entre crianças e adolescentes, e locais mais afastados, como zona rural e Região Norte do país.

“A pandemia trouxe com ela também o problema da diminuição de renda, o que afetou diretamente a geladeira das famílias. O que nós, da Sociedade de São Vicente de Paulo, trabalhamos, é oferecer ajuda agora e pensar em planos para o futuro. Isso passa pela conscientização da sociedade para o problema que atinge muita gente”, relata o confrade Cristian, complementando que “Todos nós podemos fazer um pouco. Além das pequenas doações que, somadas, ajudam muito, podemos, por exemplo, evitar o desperdício de alimentos em casa. Esse é um ato que já ajuda em diversas esferas”. 

O confrade Sidney Batista França, da Conferência São Pedro, de Jacaraípe, ES, escreveu recentemente em artigo em nosso site: “Neste período de pandemia, a juventude tem sido provocada a estar na linha de frente e assumir grandes responsabilidades. Sabemos que boa parte dos membros da SSVP são pessoas que estão no grupo de risco e cabe a nós jovens vicentinos a missão de ir levar as cestas básicas e atender as inúmeras famílias que hoje precisam do nosso auxílio e nossas orientações”.

Proatividade dos Jovens em Belo Horizonte

A Comissão de Jovens do Conselho Central São Lucas, sensibilizada com a situação que vivem os moradores de rua da cidade de Belo Horizonte, MG, e querendo cumprir com suas funções de: recrutar e reavivar o carisma vicentino, aderiu à ideia da conferência de jovens São João Paulo II e desenvolveu a ação chamada “Vicentinar”. De acordo com o coordenador da comissão de jovens, confrade Müller, como eles não conseguiam de imediato garantir a promoção dos Mestres e Senhores em situação de rua, buscavam oferecer um pouco de cuidado, na tentativa de amenizar o impacto causado pelo descaso social. A ação intitulada “Vicentinar”, corresponde para estes Jovens Vicentinos, um verbo de ação somado com carisma vicentino, era preciso fazer alguma coisa, e eles foram lá e fizeram. No começo entregaram 70 refeições quentes às pessoas que vivem nas ruas. Até antes da pandemia, o número chegou à marca de 200 refeições entregues, uma vez por mês.

Confrade Müller nos conta que enxerga nesta ação uma possibilidade também de recrutar mais jovens para as conferências, pois muitos se sentem sensibilizados pela atitude dos vicentinos e querem conhecer mais de perto como tudo funciona. Além de integrar os jovens vicentinos com os demais vicentinos do Conselho Central, pois para a preparação das refeições conta com a ajuda dos demais vicentinos da área e também de outros ramos da Família Vicentina. Todo preparo dos alimentos é realizado nas casas de voluntários, bem como todas as doações são conseguidas por meio de arrecadações no bairro, nas igrejas e com muitos voluntários.

Com a chegada da pandemia do Covid-19, os jovens se viram num desafio ainda maior: manter a atividade, respeitar as normas sanitárias de higiene e o isolamento social, bem como as orientações das lideranças vicentinas. O que para muitos poderia ser motivo para suspender a ação, para estes jovens foi mais um impulso de fazer acontecer o Carisma Vicentino. Decidiram por continuar, pois sabiam que muito mais pessoas precisavam daquelas refeições e que a solidariedade de fato vencerá a pandemia. Por conta da pandemia, a ação passou a ser 1 vez por semana e não mais 1 vez por mês, ou seja, aumentaram a rotina de trabalho, em vez de 200 refeições, passaram para 550 refeições no mês. Contam com 50 vicentinos e voluntários, sendo a maior parte jovens. Tomando os devidos cuidados solicitados pelos órgãos públicos de saúde e orientações dos dirigentes vicentinos, eles saem pelas ruas da cidade com máscaras de proteção, luvas e produtos de higiene para entregar as refeições quentes, minimizando assim, os efeitos da pandemia com os moradores de rua.

Atualmente, a Comissão de Jovens é formada por 5 jovens membros, cada um com uma responsabilidade. E é esta comissão a responsável por integrar as demais conferências juvenis do Conselho nas atividades que realizam. “A caridade é o samaritano que derrama o azeite sobre as feridas do caminhante que foi atacado”, a juventude vicentina encontra Deus na pessoa do Pobre com ações concretas, e guiados por São Vicente de Paulo que nos pede para “amar a Deus com o suor do rosto e com a força do braço”, e são com estas convicções que a Comissão de Jovens do Conselho Central São Lucas, vem compartilhando Caridade e Esperança e respondendo efetiva e concretamente para combater os efeitos da pandemia.

Emília Zampieri, da redação do DECOM

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