Dando sequências às publicações da coluna Exemplos que Arrastam do nosso Boletim Brasileiro, hoje vamos trazer a matéria publicada na edição de julho e agosto de 2024: a história do casal de empresários Adriana Aparecida Barbosa do Nascimento, de 38 anos, e Orlando Aragão do Nascimento, de 42 anos, de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Vicentinos há pouco mais de dois anos, o casal em pouco tempo já conseguiu transformar a rotina da Conferência Santo Antônio de Pádua e está mudando a vida de crianças e adolescentes de uma comunidade carente da cidade, no bairro Santo Antônio. Tudo através do amor!
Adriana tem uma história de vida sofrida, cresceu nessa mesma comunidade e conhece de perto as angústias e problemas que as crianças e jovens enfrentam, pois viveu eles na pele. Ela tinha tudo para desistir. O cenário era propício dentro e fora de casa, até por abusos ela passou. Filha de pai dependente químico e mãe que sofria agressões, perdeu os pais ainda pequena e saltou de orfanato em orfanato, até conhecer o esposo, na época com 17 anos, e ir morar com sua família. A mudança radical em sua vida foi quando conheceu no Conselho Tutelar, Marisa, hoje sua madrinha de batismo, crisma e casamento. “Ela me ensinou o amor, o amor de Deus, a religião. Me deu coisas que nunca tive. E desde pequena pedia a Deus uma família diferente da minha, uma realidade melhor. E ele me deu”, conta.
O amor entre Adriana e Orlando foi nascendo e crescendo. Eles tiveram o primeiro filho, Giovanni, hoje com 17 anos, e tempos depois, Pietro, com 11 anos. Fizeram questão de casar na Igreja, apesar de não terem dinheiro para o vestido de noiva e decoração. “Queríamos o sacramento, estar casados perante Deus”, lembra.
O tempo passou, os desafios de casados os levaram a um Encontro de Casais e de lá para cá a vida deles mudou completamente, tanto em propósito quanto em vivência. Há dois anos, a família mudou-se para um bairro perto da comunidade de Santo Antônio e passou a frequentar a paróquia, que tem uma capela na comunidade. Lá, o casal conheceu a SSVP, se tornou vicentino e seguiu em sua atividade de catequista, mas Adriana sentiu um chamado maior. “O padre já realizava uma missa a cada 15 dias com os vicentinos e senti no meu coração uma vontade de trabalhar com aquelas crianças e jovens independente da catequese. Queria mostrar para eles que é possível ter uma vida digna, longe das coisas erradas, construir uma família estruturada, apesar deles muitas vezes não terem. Ensinar e passar o amor que eu não recebi e que muitos não conhecem. Falar de Deus e de vida”, lembra.
E assim nasceu o Encontrinho. Aos sábados, alternando as semanas das missas vicentinas, Adriana e o Orlando começaram a se reunir com as crianças e adolescentes para falar do amor de Deus, escutá-los, discutir problemas que vivem, como violência, abuso, drogas e prostituição. “Vivi lá quando ainda era favela, conheço a realidade. Então, é fácil entender como muitos são ariscos, como demoram para confiar. Mas com amor e escuta, estamos mudando essa situação e plantando sonhos na vida deles. Assim como minha madrinha fez comigo, fazemos com eles. Às vezes só precisamos de anjos de Deus na nossa vida”, afirma.
O trabalho do casal chegou à Conferência, que vestiu a camisa e hoje participa ativamente dos encontrinhos. “Eles ajudam com os lanches que servimos, na organização, nas brincadeiras. Outro casal da Conferência, o Vicícius de Azevedo Souza e a Dayane Teixeira Meireles, cuida dos pequenos, a partir dos 4 anos, pintando, contando histórias, enquanto eu e meu marido ficamos com o pessoal de sete a 15 anos”, explica. Hoje são cerca de 20 crianças e adolescentes que participam do Encontrinho.
A missão de Adriana e seu marido em transformar a realidade dura dessas crianças e adolescentes virou o sonho da Conferência. Através de seu exemplo, que viveu a situação deles e se superou, ela arrastou não só a Conferência Santo Antônio de Pádua, mas com certeza arrastará seus pupilos rumo a uma vida melhor!


