Não é uma data de celebração, mas para refletir, debater e agir. Amanhã, 15 de junho, é o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, instituído em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Pessoa Idosa.
A data se torna muito importante – embora o cuidado com o idoso seja uma pauta diária – diante dos expressivos números que revelam os maus-tratos vividos pela população da terceira idade no Brasil.
Segundo o Governo Federal, o Disque 100 (canal de denúncias) recebeu 37.454 denúncias de violações contra a pessoa idosa em 2018. Os números representam um aumento de 13% em relação ao ano anterior. Em média, foram 102 casos por dia.
Balanço divulgado pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos mostra que em 2018, 52,9% dos casos de violação contra pessoas idosas foram cometidos pelos filhos, seguidos de netos (com 7,8%). A casa da vítima é o local com maior evidência de violação, 85,6%.
As pessoas mais violadas são mulheres, com 62,6% dos casos, e homens, com 32%. A faixa etária de 71 a 80 anos acumula 33% dos casos e de 61 a 70 anos tem 29%.
As violações mais constatadas são negligências (38%), violência psicológica (humilhação, hostilização, xingamentos) com 26,5%, seguido de abuso financeiro e econômico/violência patrimonial que envolve, por exemplo, retenção de salário e destruição de bens com 19,9% das situações. “Este tem sido um problema que temos presenciado em nossas Instituições de Longa Permanência (ILPIs). Muitos idosos encaminhados a nossos asilos chegam com muitos empréstimos feitos em nome deles, feitos por filhos ou conhecidos”, destaca a consócia e assistente social Ana Paula Moura de Melo Silva. Ela também é diretora administrativa da Obra Casa do Pobre Santo Antônio, em União dos Palmares, Alagoas
A quarta maior recorrência se refere à violência física, 12,6%. Importante frisar que, na maioria, as denúncias são tipificadas com mais de um tipo de violação, ou seja, uma mesma vítima pode sofrer várias dessas violações apresentadas.
EXCLUSÃO
Outro fator a causar sofrimento nas vidas dos idosos é a exclusão, acrescenta a assistente social Ana Paula. “A população idosa ainda é muito discriminada por não ter força de produção. Eles já contribuíram muito, mas hoje precisam descansar. E era agora que mais precisavam ter todo o conhecimento por tudo o que fazem e fizeram na sociedade”.
Ana Paula observa que, na maioria dos casos, os idosos vivem calados a violência. “Os idosos de hoje, na maioria, sofreram com a ditadura. Eles aprenderam a não falar. A não denunciar e têm dificuldades de expressar: de chegar a uma Delegacia e dizer que o filho roubou o cartão dele, que o filho o está abandonando…”.
ATUAÇÃO VICENTINA
Para a assistente social alagoana, a melhor forma dos vicentinos fazerem valer os direitos das pessoas idosas é dando boas condições de vida aos membros da terceira idade que estão nas ILPIs da SSVP, bem como denunciando qualquer tipo de maltrato que detectarem durante as visitas semanais às famílias assistidas pela entidade.
Fonte: Redação do SSVPBRASIL