Um local cercado de prevenção e amor. É assim que o Lar São Vicente de Paulo de Alfenas, como outros lares da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), está enfrentando a pandemia mundial do COVID-19 e conseguindo recuperar os contaminados. Ao todo foram 93 curados entre os 110 residentes contaminados. Somam-se a esse número os 27 colaboradores que pegaram a doença e já estão reestabelecidos. A princípio os números assustam, contudo, 80 casos entre os idosos foram de assintomáticos. Prevenção e cuidados especiais foram adotados pela administração do Lar, que logo no início da pandemia seguiu as orientações sanitárias, se aparelhou e cancelou as visitas.
“Trabalhamos diretamente com o grupo de risco, idosos que saem da instituição para tratamentos médicos, tratamento oncológico, alguns fazem sessões de hemodiálise. Não sabemos como o primeiro caso chegou, mas sabemos como controlamos os números: cuidados e fé”, conta o presidente do Lar São Vicente de Paulo de Alfenas, o confrade Júnio Cesar Miranda.
A testagem para o COVID-19 foi feita em massa ao longo desses quase seis meses de pandemia. “Foram três testagens em massa nos residentes e várias individuais. Isso nos fez conseguir agir e ter um panorama real da situação. Tivemos que ampliar nosso quadro técnico com médicos e enfermeiros. A psicóloga tem desempenhado um papel fundamental com os residentes, pois agora que as visitas estão proibidas, eles se sentem sozinhos. A ajuda da profissional também envolveu a equipe que trabalha no Lar”, conta Flávia Correa, diretora do Lar.
O confrade Júnio lembra que entre as ações tomadas pela administração, foi feito dentro do próprio Lar uma área de isolamento para os residentes positivados. “Conforme as testagens aconteciam, a gente colocava eles numa área isolada, específica. Contudo, depois fizemos uma parceria com a entidade Vida Viva, que nos cedeu um alojamento para levarmos os idosos até que eles se curassem”, explica.
A cada retorno de idoso para o Lar, fosse do alojamento, fosse do hospital, era uma verdadeira festa. “A gente os enche de amor e os mimam. Alguns deles perderam o paladar e nós tivemos que nos reinventar para eles comerem. Perguntamos o que eles tinham vontade de comer para incentivá-los e tivemos noites de pastel e pizza. Eles se apegaram a esses atos de carinho e a Deus durante esses momentos mais difíceis. Apesar de não estarmos recebendo visitas espirituais, matemos a chama da fé acesa”, conta a diretora Flávia.
A fé realmente só tem aumentado nos tempos de pandemia no Lar de Alfenas. Entre um dos curados, está o senhor João dos Santos, que reside na instituição desde novembro de 2004. Paciente oncológico, após pegar COVID, ficou internado no CTI (Centro de Terapia Intensiva por 29 dias, precisou usar ventilação mecânica e chegou a fazer uma traqueostomia. Voltou para o Lar com sonda gástrica, oxigênio e de traqueostomia. Hoje está sem oxigênio, sem traqueostomia e alimentando pela boca. Ao ser perguntado se teve medo durante a internação, ele é incisivo: “Não, tinha fé em Deus e em Nossa Senhora Aparecida”, conta o idoso.
Outra idosa que deu uma lição de força e de vida foi Aparecida Rosana. Cadeirante e com déficit cognitivo, ela passou por 23 dias de internação, chegando a ser entubada, e hoje comemora a volta ao Lar.
Esse retorno para casa, com saúde, tanto dos idosos quanto dos colaboradores curados, é explicado pelo confrade Júnio de uma maneira bem simples: “Foi programação, ação, muita fé e oração. Sabíamos que São Vicente de Paulo e Frederico Ozanam não iriam nos abandonar jamais.”