Por Renato Lima de Oliveira , 16º Presidente geral
Todos os confrades e consócias do mundo inteiro sabem que, graças ao Bom Deus, os documentos a respeito de um suposto novo milagre atribuído ao bem-aventurado Antônio-Frederico Ozanam já se encontram em mãos da Congregação para a Causa dos Santos, órgão da Santa Sé responsável pela beatificação e canonização de futuros santos católicos. Mas muitos vicentinos não sabem dos detalhes que envolveram a entrega de tais documentos em Roma. Vou aqui apresentá-los.
Primeiramente, o Tribunal Eclesiástico da cidade de Mariana (Brasil) foi extremamente célere, ao terminar as análises e os estudos em 11 meses de trabalho, após reunir os testemunhos e informes médicos apontando a existência de uma possível cura extraordinária, pela intercessão de Ozanam, de um bebê, ainda em gestação, com 13 semanas de vida,
desenganado pela medicina.
Vale, aqui, relembrar que o suposto milagre aconteceu em 2014, e a mãe da criança havia tentado divulgar o ocorrido, sem sucesso àquela altura. Mas
ela não perdeu as esperanças! A senhora entrou em contato comigo em setembro de 2016, por meio de um longo e-mail relatando todo o caso
com riqueza de detalhes, o que me motivou a abrir uma comissão especial para investigar a veracidade dos fatos. Graças a Deus, a comissão deu parecer positivo, e assim o Conselho Geral entrou em contato com a Arquidiocese de Mariana para iniciar o processo de investigação local.
Este processo foi encerrado recentemente, em setembro do ano passado, em plena pandemia mundial. Tive a alegria de ter sido designado, por Dom Airton José dos Santos (arcebispo de Mariana), como “portador oficial”, encarregado de levar, pessoalmente, uma caixa de 12 quilos, contendo cerca de 1.000 páginas, à sede da Congregação para a Causa dos Santos, em
Roma. Mas, como eu poderia cumprir com essa missão, estando as fronteiras dos países fechadas devido à crise sanitária? Como isso seria possível? Aqui Deus começa a operar “outros milagres”.
Comprei a passagem e comecei a escrever para as embaixadas e consulados dos países envolvidos para obter as devidas autorizações, tentando encaixar o meu caso em alguma das exceções da legislação. O voo teria
início em Brasília, passando por Lisboa e Paris, e só depois chegaria a Roma. Ou seja, eram três nações que teriam que ser consultadas sobre a possibilidade de um brasileiro poder deslocar-se para a Europa em plena época de fronteiras fechadas. Até mesmo a Nunciatura Apostólica em Brasília foi acionada para me ajudar.
Muitas pessoas me alertaram que seria muito difícil, senão impossível, a viagem a Roma, numa fase da pandemia em que vários países decretaram lockdown, fortes quarentenas e toque de recolher. Muitos vicentinos com quem eu falava, de diversos países, apesar da alegria da notícia do possível segundo milagre, não conseguiam esconder uma espécie de “otimismo disfarçado”. Mas eu jamais perdi as esperanças. E pedi a Ozanam que me
protegesse e me conduzisse a Roma, sem que nada pudesse me impedir, atrasar ou atrapalhar (Atos 12, 1-19).
E as minhas orações foram ouvidas! Consegui entrar em todos os voos planejados. Eu estava portando os documentos e as autorizações legais, além de um visto temporário português. Não fui abordado por nenhuma autoridade aeroportuária ou do setor de imigração. Adentrei em território italiano sem nenhum tipo de impedimento. Nenhuma pergunta foi-me feita. Portando exames negativos de Covid-19, meu passaporte foi devidamente carimbado, e muita emoção invadiu o meu coração quando entrei no primeiro táxi, em Roma, em direção à Casa Mãe dos Religiosos de São
Vicente de Paulo, para hospedagem. Foram vários milagres que aconteceram simultaneamente. Posso também dizer que nunca havia rezado tanto dentro de um avião…
Se for reconhecido por Roma, esse segundo milagre será o elemento que faltava para a declaração da santidade de Ozanam. Os caminhos de Deus são maravilhosos, pois tanto o primeiro milagre (criança de 18 meses de idade, em 1926) quanto o segundo (bebê com 13 semanas de gestação, em 2014) demonstram a força intercessora poderosa de Ozanam junto às
grávidas, aos fetos, aos bebês, às crianças, ou seja, na defesa da vida e contra o aborto. Mais um “milagre” dentro de outros milagres.
Quero, antes de encerrar, agradecer a algumas pessoas que foram fundamentais para que o processo do provável segundo milagre pudesse ter tido o desfecho favorável que obteve: padre Vinícius Teixeira, padre
Getúlio Grossi, padre Luiz Botelho, monsenhor Natali Starlino, Dom Airton dos Santos e toda a Comissão de Canonização do Conselho Geral, nas pessoas do padre Giuseppe Guerra e dos confrades Antonio Gianfico e Sebastián Gramajo.
Um destaque especial ao excelente trabalho do 11º Presidente-geral,
Amin Abouhamad de Tarrazi, que conquistou a beatificação em 1997,
sob as bênçãos do papa João Paulo II. Sem o trabalho dedicado e eficiente desses colaboradores, nada teria acontecido agora.
A canonização de Ozanam é prioridade para o Conselho Geral Internacional. Há outros supostos milagres em estudo, mas esse último,
de Mariana, parece-nos muito forte. Vamos continuar rezando e esperando a decisão da Santa Igreja, com fé. Este Presidente-geral lhes garante que tudo está sendo feito para que a canonização de Ozanam seja uma realidade nos próximos meses. Aos meus irmãos vicentinos e às minhas irmãs vicentinas, eu digo: não parem suas orações pela canonização de Ozanam, pois ela está MUITO próxima! Muito mesmo!
O Conselho Geral roga a todos os confrades e consócias do mundo inteiro que INTENSIFIQUEM suas orações pela canonização de Ozanam, sejam mais DEVOTOS de Ozanam e enviem ao Conselho Geral qualquer NOVO CASO de intervenção extraordinária.
Fonte: Ozanam Network