Entre as principais atividades dos vicentinos semanalmente estão frequentar a Santa Missa, participar da reunião da Conferência e visitar as famílias assistidas. Nas visitas, confrades e consócias têm a oportunidade de conhecer as mazelas sociais enfrentadas pelos socorridos e, juntos deles, buscar caminhos para a promoção humana.
O site SSVPBRASIL perguntou ao autor do livro “A mística da visita aos Pobres”, confrade Carlos Henrique David (Kaike), o que é importante ser realizado durante as visitas. Abaixo suas sugestões:
– Se você não tem firme propósito de que está indo visitar o próprio Cristo, não imagine que está fazendo uma visita vicentina. Enxergar e sentir o Cristo na pessoa que irá receber sua visita é o primeiro passo para que ela seja uma verdadeira oração e comunhão com o Cristo na pessoa dos Pobres;
– Rezar antes da visita é um importante passo para atingir nossos objetivos de uma verdadeira visita a Cristo na pessoa dos Pobres. A Regra da SSVP nos oferece um modelo de oração de muita espiritualidade que em seu conteúdo nos ensina: “… Ponde a persuasão em meus lábios, a verdade em minhas palavras, a prudência em meus conselhos e PACIÊNCIA EM MINHA EXPECTATIVA.”;
– Os vicentinos e vicentinas visitam SEMANALMENTE os assistidos. Não podemos desejar que em uma semana saibamos tudo sobre a família ou sobre a pessoa visitada e que possamos numa primeira visita resolver todos os problemas. Paciência para que não queimemos etapas e consigamos construir com o tempo uma relação de amizade e fidelidade, passo essencial para encontrarmos juntos soluções para seus problemas;
– Não podemos deixar que a necessidade de conhecer a realidade e condições de uma família ou pessoa assistida se transforme em uma prática de “investigação policial”. Não temos o direito de arrancar informações dessas pessoas, sem nos preocuparmos se estamos sendo invasivos ou até mesmo agressivos. Paciência para que consigamos estabelecer uma relação cordial com eles para que seja criada relação de amizade e confiança, ficando bem mais fácil então obter as informações necessárias para uma boa ajuda e promoção da família;
– Na condição de católicos e vicentinos, devemos aprofundar nosso conhecimento sobre a Doutrina Social da Igreja Católica. Em muitos casos, nossos assistidos estão desamparados pelo que lhes é de direito. Resgatar isso a eles é sinal de Justiça. A caridade muitas vezes vem pela falta de justiça com os Pobres. Conhecer os direitos sociais dos Pobres e conscientizá-los sobre os mesmos é um dever do vicentino para que possa ser divulgado e explicado aos assistidos durante nossas visitas;
– A oração durante as visitas também é prática comum aos vicentinos em todo o Brasil. É sempre uma oportunidade de viver com eles a fé e a esperança por meio da caridade. Mas nunca nossas orações devem contrariar a fé ou religião dos assistidos. Nossa ajuda ou assistência visa aqueles que precisam, independentemente de sua fé ou religiosidade. Estamos em sua casa e o respeito a sua fé é característica essencial para o visitador;
– Os vicentinos visitam os Pobres em sua residência onde quer que seja ela para os Pobres. Visitar famílias em suas casas, doentes nos hospitais, idosos em casas de longa permanência (asilos), crianças em creches, presos em presídios e cadeias, cidadãos de ruas … Todas elas são formas de visitar os Pobres em sua casa e são formas de visita semanal aos Pobres;
– Nunca devemos esquecer que nós estamos indo à CASA DOS POBRES visitá-los, portanto, devemos respeitar algumas regras para não tornarmos invasivos em nossas visitas. Respeitar horários convencionais e principalmente respeitar a rotina da família. Cuidar para que a visita não seja muito breve, mas que não seja demorada, atrapalhando a família em seus afazeres. Fazer a visita sempre que possível em companhia de outra pessoa. São orientações básicas, mas de grande valia para nossas visitas;
– Dar atenção a todas as pessoas da família e observar a rotina da mesma possibilitará um bom relato de sua visita na reunião da Conferência. Importante estar atento em ser cordial (sem ser demagogo) com todos os membros da família e, principalmente, saber ESCUTÁ-LOS, exercício essencial para conhecer a família e não nos deixar cair no erro de pensar que somos melhores que Eles.
– Encerrando, volto a falar da importância de enxergar nos Pobres visitados a Pessoa do próprio Cristo. Enxergamos Nele o Sacrário Vivo e, para confirmar isso, não devemos nunca nos enxergar como superiores aos Pobres. Seguindo o confrade Ozanam, devemos olhar Eles não como iguais, mas como superiores, visito que suportam o que talvez nós não aguentaríamos e visto que estão entre nós como um enviado, para provar nossa justiça e nossa caridade, e salvar-nos por nossas obras.
Fonte: Redação do SSVPBRASIL