O Conselho Nacional Brasileiro contou com formato inédito na Festa Regulamentar em homenagem à Nossa Senhora da Imaculada Conceição, no último sábado (5 de dezembro). Pela primeira vez, a Festa foi realizada virtualmente, com transmissão ao vivo diretamente do Santuário de Aparecida, em função da pandemia de coronavírus, que pede distanciamento social.
A distância física, entretanto, não distanciou os corações. Muito pelo contrário! Com a celebração, todos os vicentinos tiveram a oportunidade de refletir sobre as missões vicentinas e revigorar seu SIM no serviço aos pobres, missão que Deus nos confiou. E foram cerca de 6 mil pessoas conectadas no Youtube e Facebook acompanhando a celebração!
Em uma linda mensagem, a Irmã Carolina compartilhou uma reflexão de São Vicente de Paulo e Santa Luisa de Marillac sobre a presença de Maria no carisma vicentino e no serviço aos pobres, que você pode conferir a seguir, ou por meio de vídeo no canal da SSVP no Youtube, que tem a Festa Regulamentar na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=8ZpTQc_0vTA
A reflexão nos mostra como Maria se reafirma constantemente como serva de Deus, assumindo com humildade as missões que lhe são confiadas, e nos lembra sobre nossos próprios compromissos com as missões de Deus, nas visitas aos pobres: realizá-las com mansidão, amor e caridade, com os olhos de Deus.
Mensagem da Irmã Carolina:
“Nesta Festa Regulamentar, em homenagem à Nossa Senhora da Imaculada Conceição, mãe de Jesus, estamos reunidos de maneira inédita, virtualmente, para continuarmos refletindo juntos e servindo os pobres, missão que Deus nos confiou.
Em tempo de advento, no qual Maria é uma das figuras principais, venho hoje compartilhar uma reflexão relativa à Ela, a Mãe de Jesus.
Por meio de duas cenas descritas no Evangelho, vamos refletir sobre como podemos, com Maria, revigorar nosso servir. Vamos refletir sobre a presença de Maria no carisma vicentino e à serviço aos pobres.
A primeira cena à qual nos debruçaremos é a anunciação, quando o anjo de dirige a Maria para anunciar que ela foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador.
Sobre esse fato, tanto Vicente de Paulo quanto Luisa de Marillac destacam que Maria, após a anunciação, não assume a posição de prestígio, mas de serva, assumindo uma missão que lhe foi confiada.
Para Luisa da Marillac, significa que Maria, no que é considerado um ato de humildade, tinha consciência da verdade sobre ela mesma, sobre quem ela era diante de Deus.
E aqui podemos trazer a reflexão aos nossos dias: nós mesmos temos que saber e reconhecer quem somos perante Deus, com nossas limitações e características (não quem os outros pensam de nós ou o que nós queremos, mas o que Deus deseja).
Essa passagem é inspiradora para nossos mentores.
Pois nela se firma as Filhas da Caridade: a serviço do senhor, como instrumento para atuar junto aos pobres.
A segunda cena do Evangelho que abordaremos é a visitação: Maria, consciente da gravidez de Isabel e já grávida do filho de Deus, se dirige à casa de Isabel.
Vicente de Paulo falou sobre a visitação: “Como fez a Santíssima Virgem em sua visita à Isabel, ao visitar alguém devemos fazê-lo somente com os olhos de Deus. Isso é: com mansidão, amor e caridade. Em sua visita, Maria não repreendeu ninguém. Pelo seu exemplo, instruiu Santa Isabel e sua família, em seus deveres”.
Sobre as visitas, ele complementou ainda: “Sobretudo, levai olhos e ouvidos, mas não levai língua”.
Nessa passagem vemos, novamente, inspirações nas condutas de Maria na visita, no modo como ela se colocou a serviço de Isabel, com a mesma atitude de serva mostrada anteriormente.
São Vicente nos mostra em sua fala, que quem visita tem que ter atitude de servo.
E quem é visitado, como Isabel, deve ter alegria e gratidão.
Essa é uma dinâmica importante para a reflexão sobre como fazemos nossas visitas e nos dirigimos aos pobres. Nossa forma de chegar até eles, para que não causemos mais problemas.
É importante prestarmos atenção às nossas atitudes e aproximação da realidade dos pobres: com a humildade de quem se reconhece servo, a serviço de Deus e do próximo.
A missão não é nossa: somos instrumentos na vida dos pobres. Estamos a serviço dos pobres porque Deus nos confiou a missão, mediante o carisma.
Não vamos determinar o que eles devem fazer, diante do que achamos ser um problema. Vamos mostrar atitude de serviço pelo que eles sentem de necessidade. Os assistidos é que nos indicam onde podemos servir. É preciso escutar o que eles precisam.
Além disso, São Vicente lembra de realizarmos as visitas com os olhos em Deus: em comunhão, para recebermos a graça necessária para realizá-la com mansidão, amor e caridade.
Por fim, é importante destacar como essas duas cenas são importantes para reflexão nesse momento, quando nos aproximamos do final do ano, celebrando a Festa Regulamentar da Imaculada Conceição.
Temos muito a pensar, olhando para a figura de Maria.
Esse ano nos desafiou em todos os sentidos. Por um momento, não ficamos todos em choque, pensando como realizar as missões sem poder chegar até os pobres?
É difícil servir sem proximidade. A tecnologia facilita os encontros, mas não substituem o presencial. E a proximidade é muito importante para nosso serviço.
Mas o distanciamento social não era um obstáculo para nossa prestação de serviços.
O que reforça a afirmação da S. Vicente de Paulo: “O amor é inventivo até o infinito”.
Foi incrível descobrir maneiras incríveis para servir. Se nem sempre foi possível manter a proximidade, mantivemos o que era mais necessário: comida, remédio, máscaras, entre outros.
Olhemos para Maria nesse tempo de conclusão, nesse tempo de espera e renovação, preparação.
Vamos agradecer a Deus pelo bem que nós conseguimos fazer aos pobres, apesar da pandemia. Todos nós precisamos agradecer, pois foram muitas as mobilizações.
Principalmente nas casas de longa duração, que enfrentaram muitos desafios.
Vamos revigorar nosso sim ao servir, com entusiasmo, como Maria, que soube esperar e teve a lucidez de saber qual era sua parte no plano da contribuição, em Deus.
Temos a oportunidade de terminar o ano sobre a benção da Imaculada Conceição, que como mulher pobre, apareceu aos pobres pescadores e se revelou a eles. Essa Imaculada Conceição pobre, que cuida e olha pela nossa missão deve ser, nesse momento, um sinal de consolo e esperança.
Ela, como Mãe, sabe das lutas, das frustrações, das nossas tentativas nem sempre bem-sucedidas, conhece as incompreensões pelas quais passamos, a solidão que enfrentamos na missão que nos é confiada. Ela sabe, como ninguém, o que é sacrificar o que ela mais amava, por quem não sabia o valor. Ela sacrificou o filho, por pessoas que não o valorizavam.
Que a gente se sinta abraçado por essa mãe. Sintamos sua presença. Que caminhou conosco. Que conhece nossas dificuldades. Que nos sintamos compreendidos e consolados. Olhemos para Maria como sinal de esperança.
Não podemos desistir. Na realidade de Maria, quando todo mundo tinha desistido, ela permaneceu fiel, no silêncio e na solidão do sábado, quando não sabia o que ia acontecer, Maria permaneceu fiel. E aguardou. E por isso ela viu grandes coisas.
Esse é meu convite: a fé é o trilho da esperança.
Se cultivarmos a nossa fé, nós podemos ter esperança. Porque Deus caminha conosco. Para ver grandes coisas, é preciso de colocar como Maria, como serva, à disposição do senhor, que nos orienta e nos envia.
Vamos estar no meio dos pobres, conhecendo suas lutas e suas dores. Comprometidos com a luta dos direitos dos pobres.
Grávidos de Jesus. Todos nós, portadores dessa boa nova. Carregarmos em nós a boa nova, de que Deus amou tanto o mundo, que enviou seu filho por meio de uma mulher pobre e simples.
Deus amou tanto os pobres, que criou o carisma vicentino, e nos enviou a eles, na companhia de Maria.
Deus pode realizar grandes coisas por meio de nós”.
Para nossa vice presidente Elisabete Maria Castro, “Estar na casa da nossa Mãe e celebrar a Festa Regulamentar em homenagem à Nossa Senhora da Imaculada Conceição foi uma alegria. Mesmo com a distância física necessária, nos sentimos próximos dos corações de todos os vicentinos do Brasil. A celebração nos trouxe, principalmente, esperança de dias melhores, nos quais estaremos todos perto novamente”.
O confrade Cristian Reis da Luz, nosso presidente, também comentou sobre a celebração. “A Festa Regulamentar foi muito interessante. Estar na casa da Mães Aparecida e poder fazer essa transmissão dedicada a todos os vicentinos do Brasil foi muito especial. Esperamos ter tocado o coração de cada um, para levar motivação e alegria a todas as casas, mesmo de forma virtual. Sintam-se representados e acolhidos, pois o CNB preparou tudo com muito carinho, para fecharmos o ano com chave de outro. A presença do Padre Emanuel foi muito importante. A assessoria espiritual tem feito muito bem a todos nós”.