Os braços estendidos e as mãos abertas de Maria

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Celebramos no dia 27 de novembro o dia de Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa. Para a Família Vicentina é mais do que uma memória litúrgica ou uma festa, mas sim uma verdadeira solenidade.

A Mãe das Graças abraçou a todos nós quando, em sua aparição a Santa Catarina Labouré, pediu para cunhar uma medalha que atrairia todas as graças para quem a usasse com fé. Grandes são os testemunhos de quem alcançou diversas graças por intercessão de Nossa Senhora, não apenas no século 19 quando foi cunhada a medalha, mas até os nossos dias. A Medalha Milagrosa, assim popularmente conhecida, deve ser um sinal que volte o nosso olhar para a pessoa de Jesus Cristo e para os mais pobres. Nossa Senhora sempre aponta para Jesus. Ela é um caminho que nos leva até seu Filho.

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Muitas vezes podemos nos enganar e pensar que Maria foi uma mulher frágil e passiva diante dos acontecimentos da história da Salvação. Poucas são as imagens que temos de Nossa Senhora que demonstram a sua fortaleza ou a sua seriedade frente aos desafios do seu tempo e da sua missão. Nunca nos esqueçamos que ela é a mulher do Magnificat, canto que expressa a ação poderosa de Deus na história dos mais pobres (cf. Lc 4, 46-55) e é também a mulher do Apocalipse, que pisa na cabeça da serpente que representa o mal que oprime os pequeninos do Reino (Ap 12, 1-18).

Quando olhamos para a imagem de Nossa Senhora das Graças podemos observar muitas coisas. Primeiramente vemos uma mulher com feições tranquilas e traços maternais. Em seu rosto não há sinal de tristeza e nem um outro traço que não seja a acolhida e o amor de mãe. É assim que Maria se apresenta, como mãe que está disposta a nos receber em seu abraço. Também notamos em sua imagem os seus braços estendidos e as suas mãos abertas. E é nesse gesto que iremos refletir sobre a importância do serviço aos mais pobres.

No quarto dia da Novena de Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa lemos o seguinte tema: “Os braços estendidos e as mãos abertas de Maria”. Esta postura de Maria revela aquilo que ela é: uma mulher sempre a serviço dos outros. Após a anunciação do Anjo, a jovem Maria não se enche de vaidade com a notícia de que seria mãe, mas parte apressadamente para servir a sua parenta Isabel que estava prestes a dar à luz (cf. Lc 1, 39-45). É Maria que se antecipa e sempre está atenta às necessidades daqueles que se encontram em dificuldade como fez nas bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-11). É ela também que sente com amor de mãe as dores de tantos pobres e fica ao lado daqueles que são condenados à cruz das dificuldades e dos sofrimentos diários (cf. Jo 19, 25).

Maria estende os braços para os pobres e nos ensina a também abrir os nossos braços para acolher os nossos Mestres e Senhores. O serviço vicentino deve ser marcado pela acolhida sincera e generosa daqueles que estão à procura de um pequeno gesto de conforto e amor. Os Pobres que se aproximam de um vicentino esperam, por vezes, muito mais que um frio atendimento, mas uma calorosa e profunda atenção que podemos dar a eles. São Vicente de Paulo nos pede: “Virai a Medalha e vereis, pelas luzes da fé, que o Filho de Deus, que quis ser pobre, nos é representado por esses pobres”. Virar a medalha é um gesto de conversão aos mais pobres. É olhar com outros olhos aqueles que estão diante de nós estendendo os seus braços esperando uma resposta nossa.

Na Medalha Milagrosa vemos também Maria com as mãos abertas. As mãos de Maria derramam abundantes graças a todos os seus filhos e filhas. As nossas mãos devem estar abertas para o serviço ao outro, para ajudar a levantar aquele que está caído, para acolher aqueles que nos estendem as mãos a espera de algum trocado ou alimento e para com gesto de afeto enxugar as lágrimas dos que perderam o sentido da vida.

Que a Solenidade de Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa renove em nós o compromisso vicentino de servir com dedicação aos mais pobres. Que o exemplo de Maria, a servidora por excelência, nos tire do nosso comodismo e assim como ela é a senhora da visitação, que sejamos também nós homens e mulheres dispostos a sair de nosso conforto e partir, apressadamente, para socorrer e promover os Pobres.

Padre Allan Júnio Ferreira

Assessor Espiritual do CNB

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