Exemplos que Arrastam: o valor de um sonho!

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Conferência São Francisco de Assis

Sabe quando parece que tudo conspira contra? Quando parece que tudo parece dar errado e todos parecem não acreditar nos seus sonhos? Pois nem sempre as coisas são como parecem! Nosso exemplo que arrasta deste mês viveu isso por alguns anos, mas ao contrário de muitos, que se perdem no caminho e desistem, manteve seu propósito sempre em mente e no coração.

A jovem Maria Luiza Bezerra Braga, de 18 anos, é da cidade de Porto Velho, capital de Rondônia. Criada na igreja católica, viu ainda adolescente um sonho despertar no seu coração: em uma sociedade totalmente tradicional, onde os jovens quase não tinham lugar de fala, muito menos de ação, queria formar um grupo de jovens para ajudar os mais necessitados!

Ela frequetava a Paróquia Nossa Senhora do Amparo, e dela faz parte uma comunidade muito pobre da cidade, a São Francisco, carente de infraestrutura, com chão de terra, que vira lama com a chuva, e onde a energia elétrica pública chegou há pouco tempo. “Ninguém gostava de ir lá, mesmo de carro. Eu e minha avó Maria Helena vamos. Lá faço parte da liturgia, da catequese e da música”, conta.

Mesmo antes de conhecer os vicentinos, a Malu, como é carinhosamente chamada, já era uma consócia sem saber. Duvida? “O bairro é muito pobre e eu comecei, em 2022, a ter a ideia de criar um grupo de jovens e cada jovem ajudar uma família. Mas não sabia com fazer. A realidade na comunidade é muito difícil. Me doía no coração ver as crianças se mudando para o interior porque os pais não conseguiam alimentos e partiam para pescar. Dividi esse sonho com minha avó, mas toda vez deixava para depois por achar que as pessoas não levariam a sério a ideia”, lembra.

Até que em 2023, uma visita do CNB mudou tudo. “Recebemos aqui, em Rondônia, representantes do CNB e um padre lazarista, que vieram falar da SSVP. E não é que os vicentinos faziam exatamente o que eu queria? Foi como um recado de Deus. Foi transformar meu sonho em realidade. Meu coração voltou a se alegrar. Conheci a Bia (Beatriz Cristino Viana, então coordenadora da CCA para a região e hoje de jovens) e lembro de sentar com ela, entendendo que as crianças e os jovens participavam da SSVP, mostrando fotos dos nossos jovens, que são muitos na comunidade”.

Enfim, a SSVP se instalou no Estado e em sua cidade. “Daí senti o peso mais uma vez de ser jovem. Minha primeira Conferência era formada só por pessoas mais velhas, que se reuniam durante o dia, quando eu estudava. Não consegui acompanhar. Foi uma frustração. Falei com o padre Geraldo Siqueira de Almeida e ele me disse para criar uma Conferência com os jovens de São Francisco”, lembra.

Mas até a Conferência de jovens ser formada, Malu não abandonou o sonho, agora vicentino. “Ganhamos do CNB a viagem para a Romaria de 2023. Eu nunca tinha visto tantos católicos juntos, tantos jovens. Lá, com sugestão da Mirlene (Mirlene Silva Reis, do Departamento Missionário) comprei livros sobre Missão, a SSVP e pedi ao Departamento Missionário autorização para fazer aulas aqui para que a motivação das pessoas não parasse. E assim fiz. A gente se encontrava depois do terço e eu, mesmo sem ser vicentina, com as minhas folhas de resumo aprovadas pelo Departamento, ensinava. Participei depois da Missão para Itapuã, onde fizemos a formação. Anotava tudo num caderninho que tenho até hoje. Aprendi muito”, detalha.

Malu conta que várias foram as dificuldades: sua idade, seu sonho, a comunidade pobre e afastada que não conseguia pessoas para trabalhar nela e o fato da cidade ter aproximadamente 70% de evangélicos e os católicos terem restrições. “Por exemplo, quando tem evento, a gente não pode fechar a rua, só usa metade em uma procissão ou no Corpus Christi”, enumera.

Mas, os caminhos de Malu só estavam difíceis, não impossíveis. E em 18/11/23, um dia antes de seu aniversário de maioridade, foi fundada sua Conferência: a São Francisco de Assis, composta por adultos e adolescentes. Para esse dia, estiveram na comunidade o Presidente do CNB, confrade Márcio José da Silva, o Vice-presidente, confrade Willian Alves e o Coordenador Nacional da Comissão de Jovens, confrade Geyson Tôrres de Lima. “Nem acreditei quando vi o Márcio na minha comunidade enlameada. Ele entendeu a nossa dificuldade com a faixa-etária, pois nossa Conferência reúne o que seriam membros de CCA e CJ, mas não queríamos nos separar. Queríamos crescer juntos e ele deixou. Márcio ainda nos fez um desafio de fazer o Natal Solidário. O CNB entraria com o dinheiro e a gente com a ideia e a execução. Fizemos uma manhã de brincadeiras. Eu, que nem sabia o que era um ofício, me juntei com os outros seis membros e demos vida ao evento em duas semanas.Fizemos do nosso jeitinho o esboço, a lista de compras, o que teríamos de atividades. Compramos 150 brinquedos, teve sobra e o que sobrou levamos para uma comunidade ainda mais pobre”.

Sobre o sonho inicial de ter um jovem ajudando uma família, ela conta da emoção que é a visita. “A primeira foi emocionante, mas teve uma há poucos dias atrás, que vi o carinho que a família teve para nos receber. Que eles se prepararam, colocaram o ventilador virado para nós. Eu sempre ouvia nas formações e encontros, que as famílias esperavam com café, essas coisas. Ali não teve, mas teve algo melhor: eles prepararam sua casa, desligaram a TV, se arrumaram para conversar com a gente”, conta emocionada.

Sobre o sonho ter virado realidade? Ela não se deu por satisfeita: “Agora meu maior sonho é que os jovens tenham mais visibilidade na sociedade em geral”. E alguém duvida que ela vai realizar esse sonho também?

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