Em tempos de crise, juros exorbitantes e reajustes nos itens básicos de sobrevivência, ter controle financeiro já é difícil para as famílias de classe média. Imagine então como é para quem ganha pouco ou quase nada? Difícil sim, impossível não! É o que mostra o administrador, consultor, professor universitário e confrade Sinclair Mioto, de 53 anos. Além do trabalho de visita semanal às famílias assistidas pela Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), Sinclair as ensina a não entrarem no vermelho e, com planejamento, mostra que é possível até poupar.
O vicentino é membro da Conferência Santa Margarida Maria Alacoque, em São Paulo (SP). Ele era executivo de uma multinacional e, quando saiu da empresa, precisou readequar a vida para os novos padrões, porque a renda diminuiu consideravelmente. Como tinha experiência e havia poupado durante anos, não sentiu tanto a mudança. Foi então que começou a perceber que outras pessoas não tinham o mesmo preparo e a mesma consciência dele e se atolavam em dívidas ou não conseguiam realizar sonhos for falta de organização financeira.
A situação era ainda pior com as famílias carentes atendidas pela SSVP. A maioria delas sobrevivia com a venda de latinhas. Os integrantes do grupo familiar não anotavam o que ganhavam e, na maioria das vezes, gastavam a mais. Sem conhecerem outra saída, acabavam entrando no cheque especial, com taxas de juros de até 300% ao ano.
Sinclair percebeu que mais que a cesta básica, ele precisava doar tempo e conhecimento, ensinando àquelas famílias a terem uma organização financeira. O trabalho começou por meio de palestras e visitas.
Ele fez uma mobilização com 15 famílias, mostrando a elas que não podiam gastar tudo o que ganhavam. Se diminuíssem no cigarro, o plano de internet ou a quantidade de cafés, era possível fazer uma poupança para utilizar o dinheiro em outros fins mais importantes, a exemplo de uma viagem ou a aquisição de um bem mais caro.
Para desenvolver o trabalho com as famílias, o confrade diz ter se inspirado em São Vicente de Paulo, patrono da SSVP. “São Vicente era um administrador de primeira linha. Um visionário. Ele tinha a preocupação de fazer obras, mas elas eram totalmente planejadas para que dessem resultados”, explica.
RESULTADOS
Sinclair usou uma linguagem muito simples, conscientizando as famílias como deveriam aplicar a economia doméstica no dia a dia. Ele percebeu que muitas delas tinham vontade de abrir um negócio, no entanto, a falta de planejamento condenaria o empreendimento ao fracasso. “Se você não consegue organizar nem a sua vida financeira, como vai administrar um negócio? Seu sonho é vender coxinhas? Como você vai descartar o óleo? Onde encontrará fornecedores? Quem será seu público? São essas reflexões que a gente faz. O objetivo não é desestimulá-las, mas ensiná-las a trabalharem corretamente”.
O projeto já tem cerca de 2 anos e, nesse tempo, o confrade presenciou muitas histórias de famílias que conseguiram sucesso depois de ouvi-lo.
DICAS
O confrade Sinclair compartilha com os leitores do site SSVPBRASIL cinco dicas aplicadas com as famílias assistidas, mas que também servem na organização financeira dos vicentinos:
- Saiba qual é a renda disponível;
- Divida as responsabilidades com a família. Todos os membros que trabalham devem contribuir com as despesas;
- Identifique as principais fontes de renda e crie rendas extras, seja por meio da venda de uma quitanda ou artesanato. Não fique dependente de um salário baixo;
- Não gaste mais do que se ganha. Se possível, sempre tire um pouco para guardar;
- Não abra mão dos seus sonhos. Se planeje, organize financeiramente e corra atrás deles.
Fonte: Redação do SSVPBRASIL