Quando os vicentinos viram família

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Ouvir que os vicentinos levam a cesta básica e buscam a promoção dos Pobres é comum! Saber que o trabalho vicentino leva muito mais do que acalanto material aos assistidos também é normal! Mas, e quando o assistido passa a ter nos vicentinos uma família? Isso é comum de ser vivenciado nos lares, onde muitos dos idosos residentes não têm mais parentes ou foram abandonados. Para comemorar o Dia da Família, preparamos uma história diferente: uma assistida que vê nos vicentinos que a atendem seus filhos, netos, ou seja, sua família de coração.

Entre os anos de 2000 e 2001, chegou na Conferência São Brás, de São Paulo/SP, uma senhora com problemas de vista: era a trabalhadora de produção de fábrica Maria Teresinha dos Santos, então com 54 anos! Ela tinha recém-perdido a mãe, só tinha um irmão que tem deficiência intelectual que pouco pode ajudar e precisava de remédios, colírios e alimentos, que eram muito caros. “Por volta de 2003, eu e outra vicentina, a Raquel, levamos ela em um hospital para uma consulta e foi constatado que o problema de visão dela estava muito avançado e não tinha o que fazer. Ela foi perdendo a visão. Seguimos, então na assistência de Teresinha, com alimentos e com os cuidados médicos. Como a gente visitada toda a semana, às vezes até mais de uma vez, fomos nos apegando a ela e ela a nós”, conta Maria Cristina Paixão, que acompanha dona Teresinha desde aquela época.

A intimidade foi crescendo, os laços se estreitando. Tirando o rádio emprestado, os vicentinos são a única companhia rotineira na vida de Teresinha. “Ela adora ouvir música, aprendeu a cantar em italiano de tanto ouvir e sempre canta para nós. Com ela, ficamos horas conversando, ela nos conta história e sempre para rezar oração para Nossa Senhora Aparecida de quem é muito devota”, diz.

Dona Teresinha mora em um local muito pequeno, de um cômodo só que acomoda banheiro, quarto e cozinha, sem janela e, ao perder a visão, passou a ter síndrome do pânico. “Para tentar ajudar, até tentamos levar ela para um Lar Vicentino, mas ela não quis de jeito algum. Então, levamos até uma psicóloga para atender ela em casa. Até faxina chegamos a fazer na casa, mas hoje ela não deixa mais”, lembra Maria Cristina.

A perda da visão realmente não foi fácil para Dona Teresinha. “Eu cheguei até pensar em fazer besteira, mas a gente se apega com Deus e tudo vai melhorando. A fé me fortalece muito. Eu pedi a Nossa Senhora Aparecida para me mandar alguém para ajudar. Tinha dia que não tinha o que comer. Se não fossem os vicentinos, não sei o que seria de mim”, conta a idosa, que costuma chamar os confrades e as consócias de filhos e os mais jovens, de netos.

Hoje a dona Teresinha é atendida por outra Conferência, a Nossa Senhora de Fátima, mas nem por isso, a família da São Brás deixou de visitá-la. E ela faz questão de recebê-los feliz no portão e de saber quem são os novos visitantes, quando chega alguém novo por ali. “Ela está sempre ali, com todos os problemas que tem, pronta a dar amor para a gente. Nos reconhece pela voz. Hoje ela é uma idosa, com 76 anos, tem a saúde debilitada e tem sempre uma palavra de incentivo. Assim, como uma mãe, ela nos ensina a ser forte. Pergunta sempre como estamos, quer saber da nossa família. Um amor genuíno mesmo, de todas as partes. É gratificante fazer parte da família dela”, conta emocionada a consócia Andreza Ferreira, da Conferência São Brás, que a visita há 12 anos.

E alguém consegue, depois de uma história como esta, duvidar que Deus nos dá uma família biológica, mas também nos permite ser família por amor? Feliz Dia da Família!

Dona Teresinha com seus “filhos e netos” durante as visitas ao longo dos anos (na segunda foto, com Maria Cristina)

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