Mais um ano começa e com ele as expectativas de um presente e futuro melhores, cheios de realizações pessoais, profissionais e para nossa amada SSVP. Pensando nesse clima de otimismo, que surge a cada início de novo ciclo, resolvemos trazer para o site os textos da coluna Exemplos que arrastam, lançada no ano passado no Boletim Brasileiro e que tantos nos inspira. Vamos contar, a cada texto a história de vicentinos que de maneiras simples transformam a vida de seus assistidos ou da comunidade. Nosso objetivo não é enaltecer pessoas, mas sim propagar ações e, pelo exemplo, incentivar e arrastar vicentinos do país inteiro em direção dos que mais precisam!
:: Vicentinos: A Vocação de Servir e Transformar Vidas
A nossa primeira história é a que originou a ideia da coluna. Em um bate-papo com a Vice-presidente da Região II, consócia Maria Margarete Santos, a Margô, ela contou a história de um senhorzinho lá do interior das Minas Gerais, que caminha por horas para fazer suas visitas. Pronto! Foi encantamento na hora, e ela ainda disparou: “São exemplos assim que arrastam! Por que não contarmos essas histórias no Boletim Brasileiro?”.
Ideia dada, ideia acatada pela equipe do Decom. Apresentamos a você, o confrade Raimundo Sabino Gomes, de 86 anos, do Vilarejo de Gama, da Conferência São Joaquim (CP Santo Antônio, CC Rio Doce e CM Governador Valadares).
Os cabelos brancos e as mãos enrugadas de seu Raimundo enganam quem, ao primeiro olhar, pensa em se tratar de um senhorzinho de idade, acomodado, como seus anos de vida e trabalho pesado na roça lhe permitiram ser! Nada poderia estar mais longe da realidade. Altivo, disposto e apaixonado pela SSVP, principalmente por suas famílias assistidas, seu Raimundo há 10 anos encontrou seu propósito de servir ao Pobre. E faz isso de uma maneira muito peculiar: caminhando por horas, nas estradas de terra do distrito.
Hoje as caminhadas se tornaram mais espaças, devido a um problema na perna e a um derrame sofrido em novembro do ano passado. Mas nem assim ele desanima e anda 40 quilômetros, em baixo de chuva e de sol, para visitar suas cinco famílias assistidas.

São cinco horas da manhã, o sol nem nasceu, e seu Raimundo já sai de casa para começar sua jornada. Vai a pé onde ninguém quer ir, pela distância, nem se fosse de carro. Calça social, camisa, cinto, chapéu de palha, óculos escuros, cantil de água, outro de café e uma merenda preparada pela esposa. Pergunto a ele se ele vai só. “Sozinho? Não, vou conversando com Deus! Ele está comigo todo o tempo!” A volta para casa se dá por volta das 20, 21 horas, noite adentro.
Às vezes, uma parada debaixo de uma árvore para esticar as pernas, tomar água, um café e merendar. Na marmita, farinha e carne de porco, a única que ele gosta! No começo das caminhadas, há 10 anos, não existia a pausa da merenda. Ele gostava de fazer o percurso com o propósito: visitar os assistidos em jejum! Mas uma assistida disse que isso era perigoso, dada a sua idade. Onde já se viu caminhar por horas em jejum? E ela lhe serviu o almoço. “Eu ia lá para cuidar deles e eles cuidaram de mim”, conta ele, que ainda faz as refeições com os assistidos, mas agora também leva sua merenda.
A longa viagem “só para conversar com as famílias” já seria um exemplo enorme para cada um de nós, mas ele vai além em seus ensinamentos. “Eu marco as visitas mais longe. É preciso que alguém faça. Eu faço! Assim também faço exercício, é bom pro sangue e pro coração. Me sinto muito feliz em ser vicentino, é uma honra. Antes não gostava de nada, nem da Igreja, mas os vicentinos foram na minha casa e me convidaram, agora amo participar. A obrigação do vicentino é visitar. Então, eu visito. Eu fico feliz e eles ficam felizes, estão até perguntando de mim, porque no ano passado tive que diminuir o ritmo por conta da queda que sofri e do derrame”, diz.
Exemplo que arrasta na prática. O vice-presidente do Conselho Particular Santo Antônio, confrade Ademir de Sena Moreira, confirma: “O seu Raimundo passa algo muito importante para nós. Com a idade que ele tem, ele vai fora da comunidade visitar os assistidos. É uma motivação e tanto. Precisamos de muitos Raimundos na SSVP. Ele assume de fato seu trabalho na Conferência, contagia a gente. E não é só na visita, quando ele visita a gente em casa, ele diz: estou indo embora, mas antes vamos fazer a oração? Ele nos mostra que a idade não é o empecilho, mas a boa vontade, e isso, ele tem de sobra”.
