ESPECIAL DIA DO IDOSO – 01/10 Futuridade: ultrapassar os 100 anos, com qualidade de vida, não é novidade nos Lares dos Vicentinos

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Vó Marrininha, de 101 anos, é uma das assistidas pela SSVP

As mãos calejadas, as marcas no rosto e as limitações do corpo mostram que o tempo chega para todos. E cuidar dos nossos idosos espalhados pelos quatro cantos do país é uma das missões da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Ao todo são cerca de 600 Lares pelo Brasil, atendendo 19 mil idosos como residência. Pautados pelo amor e caridade, 11 mil funcionários cuidam dos Lares, que têm uma característica em comum: o alto número de idosos beirando o centenário ou com mais de 100 anos.

A visão vicentina do amor é uma das explicações dadas para a longevidade desses idosos. “É difícil saber o que leva os nossos idosos a viverem tanto, mas podemos dizer que todo o atendimento multidisciplinar no próprio Lar, a tranquilidade de saber que está sendo cuidado e tem um teto, a segurança e o apoio emocional e espiritual que damos a eles podem justificar tranquilamente”, explica o diretor voluntário José Antônio Siscari, diretor voluntário do Lar de Jundiaí.

Ele explica que os lares dispõem aos assistidos médicos, fisioterapeuta, nutricionista, professores de Educação Física, terapeuta ocupacional, assistente social, psicólogo, entre outros profissionais que cuidam da parte física e emocional dos idosos. “A preocupação dos vicentinos com os idosos é a mesma que eu tenho com meus pais, que moram em casa. Os internos assistidos nos lares se sentem em casa, parte da família vicentina. E muitos só têm mesmo a companhia dos outros idosos e dos nossos profissionais e voluntários, não têm familiares”, conta.

Em todos os cerca de 600 lares, os idosos que chegam vão sendo tratados como da família e assim permanecem. É o caso de Maria Alves Viana, que tem 101 anos, mora no Lar de Paracatu, em Minas Gerais, e é chamada por todos, internos e funcionários de vó Mariinha. “Dia e noite, noite e dia, que a vida seja mais sadia, com Deus e Nossa Senhora” é assim que ela começa as bênçãos que dá a qualquer um que chegue perto e peça. Devota, ela tem imagens de Nossa Senhora da Abadia, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Graças em seu quarto, e faz diariamente, por várias vezes, suas orações.

Outra paixão da idosa é passar tempo com os animais. Toda manhã ela pega pedacinhos de pão para alimentar os pássaros.  Mas engana-se quem pensa que a idade preocupa a vó Mariinha. “Eu estou bem, não tenho problema não. Sou sadia e ainda vou durar muitos anos”, prevê a idosa, antes de começar a cantar um arrastapé antigo, que sabe decor e ritmado.

Além de vó Mariinha o Lar de Paracatu ainda tem Higinio do Espírito Santo, com 107 anos. Mineiro matuto, ele é avesso à entrevista, mas integra o time de centenários assistidos pela SSPV.

Higino, com 107 anos, é outro centenário da SSVP

Outra centenária, que mora em no Lar Vicentino de Pato de Minas é dona Cipriana Maria de Andrade, com 105 anos. Veio da roça e trabalhou a vida inteira na lida diária para ajudar seu pai a criar os irmãos. Apesar da idade, continua muito vaidosa, gosta de pintar os cabelos e as unhas. Outra característa de dona Cipriana é a religiosidade, antes da pandemia, ia sempre à capela para suas orações. É uma pessoa muito querida na instituição, onde mora desde 2011. “Faz quase 10 anos que moro aqui, meu pai faleceu, não casei. Fiquei sozinha, pois não casei e vim para cá”, conta toda altiva.

Dona Cipriana veio da roça e ainda é cheia de vaidade – 105 anos

Morando em Jundiaí, no Estado de São Paulo, dona Ida de Oliveira, vive seus 96 anos a pleno vapor. Mãe de dois filhos, avó de quatro netos e bisavó de três bisnetos, ela é ativa, comunicativa e, literalmente, ama viver. “Faço 100 anos daqui a quatro anos e vou viver assim, em oração, com o coração limpo até quando Deus quiser”, conta animada. A idosa explica que o Lar Vicentino realmente virou sua casa e que entre seus afazeres favoritos está a costura, à mão, apensar da idade. “Aprendi a costurar sozinha, por vontade própria. Adoro ficar na minha casinha, costurando e as arrumando as minhas coisinhas. Também faço minhas orações para todos, para minha família, amigos. Em primeiro lugar vem Deus, depois seu Filho Jesus e depois meus santos, que são vários. Adoro morar aqui, a gente tem amizade. É realmente meu lar”, finaliza.

Dona Ida, aos 96 anos, aprendeu sozinha a costurar, hábito que mantém até hoje, beirando o centenário.

Os idosos da SSVP são tratados sem distinção de idade ou condição física. O mais velho dos Lares é seu Vicente Barbosa da Silva, com 111 anos. Ele chegou ao lar de João Pinheiro, em Minas Gerais no final do ano passado, com problemas de saúde, o que mostra que a necessidade dos internos fala mais alto do que qualquer dificuldade operacional que isso possa acarretar.

Para ajudar os idosos do Lares e conhecer mais do seu trabalho, basta acessar: https://rededecaridadessvp.com.br/. A Sociedade de São Vicente de Paulo depende da ajuda de doadores para manter as obras de caridade que desempenha. Todo tipo de ajuda é bem-vindo: móveis, roupas e sapatos em bom estado; alimentos; auxílio em dinheiro para obras como lares de idosos. Também é possível entrar em contato diretamente com o Lar da sua cidade ou o mais próximo.

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